Comércio permanece fechado até dia 23 de abril
A partir desta data, vai começar o isolamento controlado. Regras serão definidas à retomada gradual de algumas atividades econômicas
A prefeita Paula Mascarenhas anunciou, nesta quinta-feira (16), em coletiva de imprensa, as definições e projeções para Pelotas relacionadas à retomada das atividades comerciais e preparação da estrutura de saúde para enfrentar o novo coronavírus. O posicionamento foi tomado considerando a decisão do governo estadual de deixar, sob responsabilidade dos prefeitos, a reabertura do comércio no interior, ou seja, deliberá-la ou não.
Entre as principais providências informadas pela prefeita, está a manutenção de todas as medidas de isolamento e distanciamento social, incluindo o fechamento dos estabelecimentos não essenciais, até a próxima quinta, dia 23 de abril.
A partir de então, vai se iniciar na cidade o chamado isolamento controlado, ou seja, a retomada de determinadas atividades econômicas, seguindo regramentos específicos de funcionamento e dando continuidade aos protocolos de higienização, à disponibilização de equipamentos de proteção, ao distanciamento entre clientes e à adoção de horários e equipes reduzidas.
Decisão baseada na ciência
Paula destacou que a decisão foi tomada junto ao Comitê de Crise de Pelotas, levando-se em conta a opinião de especialistas, incluindo a do reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Curi Hallal, doutor em Epidemiologia. A pesquisa liderada pela instituição, que visa nortear o enfrentamento da doença no Estado, avaliando a velocidade de expansão da infecção, também colaborou para embasar a definição. Segundo o estudo, das 500 pessoas testadas para Covid-19 no município, uma apresentou resultado positivo.
“Não podemos permitir que aconteça um pico da doença nem agora, nem daqui um tempo, fazendo com que o sistema não tenha capacidade de atender a todos. O que precisamos é ter tempo de prepará-lo da melhor forma para oferecer respostas efetivas a quem precisar”, disse, lembrando que Pelotas é referência em saúde para cerca de 850 mil pessoas da Zona Sul.
“Precisamos seguir ampliando e qualificando a nossa rede – como já estamos fazendo com a abertura de novos leitos e compra de respiradores – e assumir o controle calculado do avanço da doença na cidade”, acrescentou.
Em breve, a cidade contará com mais 30 leitos de enfermaria e de UTI no Centro de Atendimento a Síndromes Gripais e outros 159 de enfermaria no Hospital de Campanha, construído no ginásio do Sesi. Desta forma, serão 22 leitos de UTI distribuídos entre o Centro, o Hospital-Escola/UFPel e a Santa Casa. Também há a expectativa pela chegada dos 20 respiradores prometidos pelo Ministério da Saúde, o que ampliaria ainda mais o número de leitos de terapia intensiva.
340 mil contra um
A prefeita voltou a pedir a união da população neste momento, reforçando que, mais do que nunca, será necessária a colaboração da sociedade para enfrentar a crise. Também frisou que a flexibilização das atividades comerciais não implica o relaxamento de medidas adotadas em relação a aglomerações.
“Esta próxima semana será crucial, possibilitando que tenhamos reflexos bastante positivos no futuro. Mas isso também dependerá de como a comunidade se comportará frente ao novo cenário”, afirmou Paula, que não descarta rever as definições e endurecer as medidas, dependendo do desdobramento das ocorrências e da progressão da enfermidade.
A gestora assinalou que até a próxima semana serão determinadas regras específicas a cada segmento comercial e de serviços, pontuadas em diálogo com os setores e especialistas, e que o monitoramento da retomada gradual das atividades econômicas será diário.
“Não temos dois espaços concorrentes – saúde de um lado e economia de outro; temos um problema crítico a ser enfrentado no momento, que é a pandemia. Somos 340 mil pelotenses contra um, por isso não podemos nos desunir agora. Preservar vidas é a nossa prioridade”, declarou.
Sociedade preserva vidas
Paula ponderou que a retomada de algumas atividades econômicas, de forma lenta e gradual, pode acarretar mais engajamento da população na tomada dos cuidados necessários, referentes à etiqueta respiratória, ao distanciamento social, à higiene pessoal e ao uso de máscaras. Considerando o debate com especialistas no assunto, a prefeita acredita que manter medidas rígidas de contenção por muito tempo, estressando psicológica e economicamente as pessoas, pode, igualmente, refletir em uma curva acentuada da patologia, ultrapassando a capacidade do sistema de saúde.
“Estamos pensando em desestressar a sociedade, preservando minimamente a economia, enquanto seguimos estruturando a rede de saúde. Mas, para isso, precisamos contar com a ajuda dos cidadãos para que respeitem as recomendações. Quem puder ficar em casa, fique! Isso também ajudará a conter a propagação do coronavírus na cidade”, pediu.
Em relação às aulas na rede municipal, Paula declarou que elas seguem suspensas até maio e que um novo decreto, com vistas a oficializar o período, será divulgado em breve.