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segunda, 23 de dezembro de 2024

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Comitê Covid UFPel posiciona-se contra volta às aulas

Comitê Covid UFPel posiciona-se contra volta às aulas
29 abril
08:57 2021

O Comitê Interno para Acompanhamento da Evolução da Pandemia da Covid-19 da Universidade Federal de Pelotas emitiu uma nova nota técnica na noite desta terça-feira (27).  O grupo posiciona-se, no documento, de forma contrária ao retorno presencial das aulas da rede de ensino, em que pesem fatores como a saúde mental de crianças e adolescentes e o crescimento da violência doméstica e da insegurança alimentar motivados pelas atividades remotas

NOTA TÉCNICA

Alerta sobre a situação da pandemia e posicionamento sobre a volta às aulas em situação de descontrole da epidemia

O Comitê UFPel Covid-19, vem por meio de nota técnica, alertar que, depois de um período de redução nos casos, óbitos e internações, em final de março e início de abril, os números se estabilizaram em patamares muito elevados. Há 9 semanas temos em média mais de 130 casos por dia e há 7 semanas temos média de mais de 4 óbitos por dia. Estes dados devem ser examinados com cautela porque estão sujeitos a importante subnotificação e represamento. Desde 11 de março temos cerca de 90 internações em leitos clínicos e 60 internações em UTI. Depois de um período de franco colapso do sistema hospitalar, este segue operando com alta ocupação, ainda com fila de espera para leitos de UTI. Todas estas informações indicam que a epidemia está descontrolada no município. Isto ocorre por insuficiência das medidas de distanciamento físico que resultam na incapacidade de interromper a transmissão.

Ainda, o Comitê UFPel Covid-19 se manifesta contrário a retomada das aulas neste momento em que a epidemia permanece descontrolada no município e na região. Há consenso sobre o impacto negativo do distanciamento físico sobre os estudantes de diferentes faixas etárias, especialmente em relação a saúde mental. Estamos cientes do aumento da violência doméstica e da insegurança alimentar enfrentada por estudantes que dependem da merenda escolar. Além disso, a falta de acesso tem também privado estudantes, especialmente na escola pública de seu direito a educação. Consideramos a educação atividade primordial.

O direito a educação deveria ter sido garantido pelo poder público com a viabilização do ensino remoto durante o período de descontrole da epidemia, incluindo o acesso universal dos estudantes à internet e equipamentos e com o esforço de obter controle da epidemia através de medidas rígidas de distanciamento físico, como o lockdown, e com a ampliação das ações de vigilância epidemiológica, de forma a possibilitar a retomada de atividades de forma segura. Além disso, as escolas deveriam ter sido adequadas para viabilizar seu funcionamento em momento pandêmico. Num contexto de epidemia controlada, vigilância ampliada, escolas adequadas, comunidades escolares mobilizadas e participando da definição de seus planos de enfrentamento, seria possível retomar as aulas. Retomar as atividades escolares neste momento de descontrole da epidemia significa colocar em risco a vida de toda a comunidade escolar, professores, funcionários, estudantes e suas famílias. Além disso, qualquer flexibilização significa um aumento de circulação e de possibilidade de aumento na transmissão. Considerando a estabilização dos casos, óbitos e internações em patamares altíssimos, qualquer recrudescimento significará um novo (e sem precedentes) colapso no sistema de saúde.

Assim, o Comitê enfatiza que, em um cenário onde a vacinação ocorre lentamente, é necessário lockdown por 14 dias. Esta estratégia possibilita o controle da pandemia de forma mais rápida. É preciso reduzir o número de casos para ampliar e organizar a vigilância epidemiológica. Não é possível naturalizar uma média de 4 ou 5 óbitos por COVID-19 por dia em Pelotas.

Somente desta forma será possível retomar as atividades de forma segura e sustentada. Cientes do impacto econômico do lockdown, como temos enfatizado em notas anteriores, reforçamos que este precisa ser articulado às medidas de proteção social.

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