Compra de leitos é alternativa para desafogar Pronto Socorro
A reunião promovida ontem pela Comissão de Saúde da Câmara Municipal para debater a superlotação do Pronto Socorro e a crise da Santa Casa resultou na elaboração de uma pauta com sete ações apontadas como essenciais para tentar solucionar a crise.
Entre os pontos mais efetivos estão a compra de leitos e a extensão dos horários de funcionamento das unidades básicas de saúde e UBAIs.
A diretora do PS, Rosana Van der Laan confirmou o aumento da procura pelo Pronto Socorro nas últimas semanas quando o frio se intensificou. De acordo com ela em junho a média no início de cada dia variava entre 20 e 30 pacientes em observação, atualmente são 60 a cada nova manhã. Por mês o PS atende 5,9 mil pessoas. A falta de leitos de retaguarda foi apontada pela diretora como outro fator que contribui para a superlotação.
Já o provedor da Santa Casa, Lauro Melo disse que o déficit do hospital chega a R$ 1,3 milhão e atribui parte do prejuízo à falta de reajuste da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), usada como referência para o pagamento de serviços médicos prestados ao sistema. “A tabela do SUS está congelada há mais de 14 anos, os custos estão congelados e isso traz dívidas aos hospitais filantrópicos. Quem consegue ter algum sucesso não é pelo SUS, mas sim pelos convênios particulares e convênios”, declarou. Conforme Melo o hospital busca não apenas fazer com que o Governo do Estado regularize seus repasses, atrasados desde maio, como também tenta uma linha de financiamento especial junto ao Banrisul para manter os custos de funcionamento do hospital.
CRÍTICAS – Os representantes do Conselho Municipal de Saúde, Conselho Tutelar, Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Conselho Regional de Odontologia e Sindicato Médico do RS (Simers) fizeram duras críticas a gestão do Pronto Socorro e cobraram respostas urgentes da direção da instituição. “Venho acompanhando nos dois últimos anos a situação de Pelotas e não há interesse da renovação do número de médicos de urgência e emergência e isso repercute no atendimento e quanto os médicos têm de estar na frente de uma família desesperada e não têm como ajudar”, disse a diretora do Simers, Gisele Lobato.
ALTERNATIVAS – Após quase três horas de debates o presidente da Comissão de Saúde, vereador Marcos Ferreira, o Marcola (PT) apresentou a proposta de uma pauta com as sete ações consideradas essenciais para tentar minimizar os problemas. A pauta, aprovada por todas as instituições representadas tem como primeiros e principais pontos: a realização de uma reunião de todas as entidades com a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) para apresentar as informações e observações levantadas na reunião, a compra emergencial de leitos na Santa Casa e o aumento do horário de funcionamento de postos de saúde e das UBAIs.
“Precisamos de ações concretas capazes de melhorar o atendimento, seja na ponta que é a rede básica ou na retaguarda que são os hospitais. A compra de 30 leitos já iria gerar um grande impacto na lotação do Pronto Socorro. Não se pode demorar muito para tomar atitudes quando o assunto é a vida das pessoas, por isso defendemos a urgência na tomada dessas ações e é isso que queremos levar à prefeita”, disse Marcola.