CONGRESSO : Racismo ainda está presente em Pelotas
Maior cidade negra do Rio Grande do Sul, Pelotas ainda convive, mesmo que de forma velada, com o preconceito racial. Para combatê-lo, é preciso discutir o assunto, como fizeram representantes do movimento negro no fim de semana, no plenário da Câmara de Vereadores.
O 1º Congresso de Negros e Negras de Pelotas mostrou que a discriminação precisa ser combatida, especialmente no que diz respeito às diferenças socioeconômicas. Para o presidente do Legislativo, Ademar Ornel, a Casa, que abriga todos os estratos sociais, precisa cumprir seu papel e tratar as questões da negritude, apoiando eventos e se posicionando a respeito.
“O negro ainda sente na pele o que é o preconceito e precisa lutar diariamente para ocupar seu espaço na sociedade”, afirmou o parlamentar.
Entre os vários temas debatidos estavam saúde, educação, habitação, as tradições africanas, trabalho e renda, a mulher negra e a segurança. Um documento final será entregue ao Legislativo e ao Executivo pedindo que a comunidade negra tenha vez e voz na sociedade pelotense.
O Congresso foi organizado pelo Núcleo de Educadoras e Educadores Negros, pela Frente Negra Pelotense, Fórum dos Conselhos Municipais de Pelotas, Conselho Municipal da Comunidade Negra, Movimento Hip Hop, Rasta Sul, Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana, Coletivo Giamarê e Ong Olojukan.
DISCRIMINAÇÃO CONTRA RELIGIÕES AFRO
Realizado na noite de sábado, o 1º encontro de quimbandeiros e quimbandeiras de Pelotas reuniu mais de 800 participantes na Associação Rural. Os anfitriões foram a Consulesa Yalorixá Patrícia de Oxum e o ministro Léo Maciel.
O encontro homenageou os alagbês, chamados de Mãos de Ouro, responsáveis por tocar os atabaques nos rituais afros. Além da confraternização, também foram homenageadas pessoas que têm trabalhado pelo crescimento e difusão da quimbanda.
Estiveram presentes a comitiva do Afroconesul, com o presidente Tony Régis, a delegação da cidades de Rio Grande, com o ministro afro Ivam Ribeiro, a embaixatriz Marlene de Iemanjá e a consulesa Maria de Xangô, e representantes de outras cidades.
O presidente da Câmara de Vereadores, Ademar Ornel, agradeceu a homenagem recebida e disse: “acompanhamos a dificuldade que as religiões afros sofrem em nossas casas, que são mais ostensivas ou mais veladas”.
Para Ornel, isso reforça nossa luta, “nossa consciência e tem que continuar. Pelotas é a cidade mais negra do Rio Grande do Sul e aqui a gente sente na pele a discriminação em nosso mandato em defesa das religiões afro”.
Em sua fala, o presidente do Afroconesul, Tony Régis, pediu a união de todas as religiões por um mundo melhor. “Tomara que ano que vem, no segundo encontro, espíritas, católicos, evangélicos, estejamos todos juntos, sem discriminação”.