CONSCIÊNCIA NEGRA : Marcha pela história e a ancestralidade
Nesta quarta-feira às 17h no Altar da Pátria, Marcha Mestra Griô Sirley Amaro
Por Carlos Cogoy
No dia que rememora o exemplo de luta do líder Zumbi dos Palmares (1655/1695), programação especial para homenagear uma referência da comunidade. No Dia Nacional da Consciência Negra, que evoca a data do assassinato de Zumbi, uma celebração à história de mulher negra que, aos 83 anos, deslocava-se da residência na zona norte e, tanto pode estar numa escola pública de Pelotas, quanto ir a Porto Alegre para compartilhar suas experiências e histórias. Presença em diferentes eventos, ela ministra oficinas, expõe seu artesanato, e narra reminiscências do Carnaval e a vida da população negra. A senhora Sirley Amaro, ou “Dona Sirley”, estará sendo homenageada com o tema da Marcha. “Pela nossa história e ancestralidade”, conforme divulgam organizadores, foi a abordagem escolhida para que leva o nome da mestra Griô. A concentração será às 17h no Altar da Pátria, à avenida Bento Gonçalves, e a comunidade está convidada a prestigiar a mobilização que repudia o racismo, e reivindica respeito, justiça e igualdade.
GRIÔ – A pelotense Sirley da Silva Amaro, filha de pai cozinheiro e mãe que conhecia o uso de ervas medicinais, desde cedo participou ativamente da cultura que envolvia a família. Assim, tanto acompanhou – e recorda – de Carnavais do passado, quanto desenvolveu habilidades manuais. Ela trabalhou em escola, tornou-se costureira e, entre as suas peças mais conhecidas, estão os “fuxicos”. Aproveitando as sobras de tecidos coloridos, também cria bonecas e adereços para uso doméstico. Dona Sirley já levou sua técnica de costura, para o espaço Casa de Meninas de Pelotas. Na trajetória, integrou o grupo Odara, e o coral Talentos da Maturidade. Sua história teve reconhecimento nacional, através do então Ministério da Cultura. Em 2006 surgiu o projeto Ação Griô e, no ano seguinte, ela foi reconhecida oficialmente como mestra. Em 2013, Sirley foi a ganhadora do Prêmio Culturas Populares, Edição 100 anos de Mazzaropi. O projeto nasceu em Lençóis (BA), no Ponto de Cultura Grãos de Luz e Griô, que existe desde 1993. A mestra desenvolve oficinas de contação de histórias na cidade e região, repassando por meio da oralidade sua vivência, histórias de vida e princípios. Carismática e afetuosa, é mãe do ator Eduardo “Mister Negrinho” Amaro.
PROGRAMAÇÃO – Precedendo a marcha, às 14h acontecerá o debate “Colonialismo e Movimentos de Esquerda no Brasil – Raça e Racismo em pauta”. Como local, sede da Asufpel-Sindicato, à rua 15 de Novembro 262. Após a marcha, que chegará no Largo do Mercado Público, haverá ato político-cultural no beco da Bibliotheca Pública Pelotense. Na organização: Juntos Negras e Negros; Canto de Conexão; ONG Odara; Academia do Samba; Negritude do PSol; NUAAD/UFPel; Conselho M. Povo de Terreiro; Coletivo Luis Gama; Coletivo Tim Lopes; COOPERARTE; Coletivo de Estudantes Quilombolas da UFPel; NEGRARQUEO; E’LÉÉKO; Coletivo Feminista Classista Ana Monte Negro/PCB; Comissão Racial Grêmio IFSUL; Coletivo ERA ESEF/UFPel; Alicerce; DCE/UFPel; Bloco Ldo Norte; Proedai.