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Cresce em 45% número de ciclistas atropelados no Brasil, apontam médicos de tráfego

Cresce em 45% número de ciclistas atropelados no Brasil, apontam médicos de tráfego
10 janeiro
16:43 2020

Quase dez mil internações hospitalares causadas por atropelamento de ciclistas foram registradas no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2012

Segundo dados oficiais analisados pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), mais de R$ 115 milhões foram gastos para tratar ciclista traumatizados em colisão com motocicletas, automóveis, ônibus, caminhões e outros veículos de transporte. Além disso, na última década 8.550 ciclistas morreram no trânsito após se envolverem em algum acidente desse tipo.

“Infelizmente, esses dados comprovam que não houve avanços em relação à década passada quando o número de acidentes com ciclistas começou a chamar a atenção”, pontuou o diretor científico da Abramet, Ricardo Hegele. “Temos acompanhado esse tema e alertado para a necessidade de políticas públicas e ações que melhorem as condições de uso da bicicleta e conscientizem seus usuários sobre questões de segurança no trânsito”, acrescenta.

De acordo com a Abramet, os dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) e do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), ambos do Ministério da Saúde, mostram a urgência de ações que levem ao uso seguro desse meio de transporte. No período analisado, o número de atendimentos hospitalares desse tipo de acidente aumentou 45%, passando de 1.064, em 2012, para 1.545, em 2018. Só neste ano, até outubro, pelo menos 1.356 internações foram registradas no SUS.

Segundo o levantamento, 84% dos ciclistas internados eram do sexo masculino e metade dos ciclistas internados tinham entre 20 e 49 anos de idade. Houve aumento acentuado no número de internações nos estados de Rondônia (1.400%), Sergipe e Mato Grosso, ambos com alta de 1.200% entre 2012 e 2018. Apenas cinco unidades da federação apresentaram queda no período: Piauí (-86%), Pará (-28%), Alagoas (-9%), Bahia (-4%) e Paraná (-2%).

FATALIDADE – Para a Abramet, a falta de infraestrutura adequada nas cidades, combinada à falta de campanhas educativas e de prevenção voltadas ao ciclista são o principal motivo do crescimento dos indicadores de vítimas fatais. “É preciso reconhecer que ao longo dos últimos anos houve melhorias na estrutura de algumas cidades, sobretudo em grandes capitais como Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. No entanto, essas mudanças não acompanharam a crescente demanda de pessoas que utilizam as bicicletas como meio de transporte, esporte ou lazer”, complementa o Antônio Meira Júnior, diretor de Relações com Federadas.

Para ele, são necessários espaços físicos diferenciados, mais sinalização e ações educativas que alertem para o fato de que todos fazem parte do trânsito e devem ser respeitados. “Sem isso, esses indicadores continuarão subindo. É preciso uma mobilização do poder público, com o apoio das entidades médicas, para criar ações conjuntas e efetivas para combater este cenário”, acrescenta, frisando que a Abramet pode colaborar nesse esforço.

Os dados mapeados pela entidade indicam que, em média, 855 ciclistas morrem todos os anos por envolvimento em acidente de trânsito. Cerca de 60% das mortes foram registradas nas regiões Sul e Sudeste.

CENÁRIO ECONÔMICO – Segundo avaliam os especialistas da medicina de tráfego, o uso de bicicletas no Brasil, antes associado ao lazer e à prática de exercícios, passou a ser adotado para atividades profissionais, especialmente serviços de entrega, aumentando a população de ciclistas no trânsito. Diversos fatores estimularam essa migração, como o excesso de congestionamento nos grandes centros, o preço do combustível e o custo módico do veículo. Por isso, a bicicleta, assim como a motocicleta, tornou-se opção competitiva de transporte.

O Brasil já é o quarto maior mercado de bicicletas no mundo e tem registrado expansão continuada a cada ano. A Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e similares (Abraciclo) projeta crescimento próximo de 11% na produção de bicicletas em 2019. A entidade contabiliza 70 milhões de ciclistas pedalando pelo país, o equivalente a um terço da população do país.

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