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quarta, 15 de maio de 2024

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CRÔNICAS VISUAIS : Alegria e questionamento com a pintura “Naïf”

CRÔNICAS VISUAIS : Alegria e questionamento com a pintura “Naïf”
05 janeiro
09:11 2016

Por Carlos Cogoy

Personagens e cenas da obra literária do autor pelotense João Simões Lopes Neto (1865/1916), em pinturas com a técnica “naïf”. A ideia foi do também escritor Manoel Magalhães que, desde 2008, tem se dedicado à pintura. Em dez telas, o artista adaptou temas dos “Contos Gauchescos” e “Lendas do Sul”. Magalhães menciona que o propósito não foi a reprodução visual do texto de Simões. Nas pinturas houve licença “poético-visual”. A proposta repercutiu e as telas foram comercializadas. De acordo com o artista, somente duas telas ficaram em Pelotas. As outras seguiram para diferentes Estados, sendo que uma foi para a Itália e outra está na França. O artista tem outras séries, também aceita encomendas, e o trabalho pode ser conhecido no ateliê situado à rua Uruguai 1.078. Informações: 3222.9298; 9139.7303.

Tela “Operação resgate” narra a brutalidade com os refugiados

Tela “Operação resgate” narra a brutalidade com os refugiados

SIMÕES – Acerca da série simoniana ele menciona: “O trabalho sobre Simões nasceu de repente. Eu estava relendo alguns contos e parei, imaginando que aquilo daria boas telas. Trabalhos livres, enfatizo. Tem elementos dos contos, mas também figuras e situações imaginadas por mim. Eu diria que é um trabalho que sofre alguma influência, mas não se trata de uma ilustração tradicional, a  qual possui os elementos da narrativa. Bem, se isso me rotula, em diria que sou um simoniano, sim. Mas tenho minhas dúvidas, que se sustenta na minha falta de arroubo.  Não tenho ideia se existem artistas plásticos que tenham feito isso acerca de outros autores, locais ou de outros estados brasileiros. Certamente deve haver alguém que tenha tido a mesma ideia. Com relação à fortuna crítica do universo simoniano, considero-a ainda muito rala, sim. Eu diria que ainda está em formação.  Talvez meu trabalho venha agregar-se a ela. Ou não. Para mim é indiferente. Não pintei as telas com este propósito. Não pinto ou escrevo, com a intenção de atingir um fim, exceto o prazer. Isto me basta”.

DESCOBERTA da pintura como expressão, decorre da convivência com a artista Carmen Garrez. E Magalhães ressalta que ela o ajudou no início, em especial quanto ao planejamento e composição do trabalho. “Sou um artista intuitivo. Não tenho formação acadêmica, até porque este estilo de arte não se aprende num curso formal.  Mas observar a Carmen pintar esses anos todos ajudou e muito na construção, digamos assim, de minha paleta de cores, até porque, justiça seja feita, Carmen foi a primeira ‘naïf’ por essas bandas. Sua arte, como acontece com a expressão de qualquer artista inquieta, direcionou-se para outras direções, deixando um vácuo, que preenchi com minha criação, porque sempre fui um apaixonado pela arte primitiva, ingênua, enfim, pela arte naïf. Aliás, antes de conhecer a Carmem eu já me arriscava em alguma coisa. ‘Coisa’ que não foi à frente em função da literatura, que entrou e ocupou todos os espaços, os recantos, vamos dizer de minha caixa de imaginação”, acrescenta.

Fase “Leitora” homenageia mulheres que gostam de ler

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FASES de Magalhães na pintura, começou com a temática “saladeril”. Nas telas – já comercializadas -, o trabalho forçado dos negros nas charqueadas. “Eu diria que se trata de um resgate, posso dizer assim, da dignidade dos afro-descendentes, cujo suor e sangue ajudaram a erguer os palacetes de Pelotas”, frisa. Nas crônicas visuais, o artista também teve fases como a “Leitora”, que homenageia mulheres, “Pintando o arco-íris” e “Recantos de Pelotas”. Em geral, suas obras são logo comercializadas, daí a dificuldade para organizar mostra. Mas recorda de exposições no Corredor Arte do Hospital da FAU, e Espaço Chico Madrid na Sigmund Freud. Sua criatividade pode ser conferida no Facebook. Ele conclui: “Com relação ao trabalho em si, eu diria que é ganha-pão, sim. Não pinto por diletantismo, até porque o material, as tintas, pincéis e telas, têm um custo alto. Mas existe, claro, o prazer de pintar. Aliás, seguramente afirmo: tenho mais prazer pintando que escrevendo. Se me indagares se voltarei a escrever… Talvez sim, talvez não…”.

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