Cultura do Morango agrega renda ao produtor
1º Dia de Campo do Morango apresenta cultivares, produção orgânica e um sistema de manejo inovador
Comumente realizado junto ao Simpósio do Morango, o dia de campo da cultura este ano terá sua primeira edição oficial. O encontro é destinado a produtores rurais, pesquisadores e técnicos e traz novas cultivares, formas de produção orgânica e um sistema de manejo inovador, o Sistema de Produção de Morangos Fora do Solo.
O 1º Dia de Campo do Morango, organizado pela Embrapa Clima Temperado, em Pelotas/RS, a Emater/RS, a Universidade Federal de Pelotas, a Associação de Produtores de Morango de Turuçu e a Prefeitura Municipal de Turuçu/RS, espera a presença de 150 interessados, superando a expectativa inicial de 50 participantes.
O evento reúne palestras de pesquisadores das três instituições envolvidas e depoimentos de produtores rurais. O pesquisador Luís Eduardo Antunes, juntamente com a professora da UFPel, Roberta Peil, vão apresentar as técnicas de Manejo de Produção de Morangos Fora do Solo, método de cultivo que antecipa o plantio do fruto e sua colheita. O tema da Produção Orgânica será abordado pelo pesquisador José Ernani Schwengber. A técnica utiliza a cobertura do solo com produtos orgânicos como barreira, evitando o contato da planta com o solo, diminuindo a incidência de doenças e, consequentemente, a utilização de agrotóxicos.
Durante o evento, também serão apresentadas as novas cultivares de morangos. Com destaque para a Albion, Monterey, Camarosa, Palomar e San Andreas. E, para encerrar as palestras, Rodrigo Prestas, da Emater de Turuçu, debaterá as políticas públicas para Irrigação. Os produtores Alvacir Neuschrank, das localidades de Santa Silvana, e Marciano Behling, de Picada Flor, darão depoimentos sobre suas técnicas de produção e níveis de produtividade.
O evento terá início às 13h30min, no Salão da Comunidade de Picada Flor, em Turuçu/RS.
Produção Fora do Solo
Devido a sua rentabilidade econômica em comparação com outras culturas, o cultivo do morango é uma alternativa agrícola atraente entre os produtores gaúchos, principalmente os que têm a base familiar como característica principal da produção. Seu cultivo, entretanto, depende do uso de mudas vindas da Argentina e do Chile, o que retarda significativamente o plantio e priva o agricultor de ter frutos em época de entressafra, quando o produto alcança maior valor no mercado.
Através do sistema hidropônico de produção é possível também obter frutos justamente na época de maior carência dos frutos no mercado. A técnica utiliza uma calha com casca de arroz carbonizada, onde os morangos são plantados sobre um filme de plástico branco que separa as plantas da casca umedecida. As plantas são irrigadas, através de um sistema de gotejamento com uma mistura de água com nutrientes, e todo líquido não aproveitado pela planta (drenado) é enviado para um tanque, para depois ser novamente utilizado como solução de irrigação e repetir-se o ciclo, reduzindo desta maneira, o desperdício de água e nutrientes.
Além de ambientalmente correto, o Sistema de Produção Fora do Solo tem outros benefícios como Melhorar a imagem negativa no mercado devido ao intenso uso de agrotóxicos. Isso se dá porque a planta é muito sensível a doenças no sistema de cultivo no solo. Porém, quando cultivada em ambiente protegido a maior distância do solo e a cobertura por um túnel plástico, a infestação é reduzida, o que facilita o controle de uma grande quantidade de patógenos. É importante salientar também que mesmo nestes ambientes a ocorrência de pragas e doenças, principalmente a fungos e ácaros, ocorre e o monitoramento e o controle se fazem necessários.
Outro benefício desse sistema é o aproveitamento da água. Ao contrário do cultivo normal, onde a irrigação é um fator importante e complicado, por ser difícil de se economizar água, no sistema hidropônico pode-se economizar toda a água e nutrientes que são drenados e perdidos no solo, podendo, o sistema, ser até nove vezes mais econômico dependendo das condições climáticas. Outra vantagem dos Sistemas de Cultivo Fora do Solo é que não há necessidade de rotação de culturas, ou seja, pode-se cultivar todos os anos na mesma área trocando-se somente as mudas e o substrato a base de casca de arroz carbonizada.
Morangos de Dias Curtos
São cultivares que iniciam florescimento em condições de fotoperíodo curto, usualmente menor do que 12 horas, e temperatura baixa, geralmente no outono. Dentre as espécies de cultivares de dias curtos que serão exibidas, temos como destaque a Camarosa, que tem folhas grandes e ciclo precoce, com elevada multiplicação em viveiros. Esta planta é indicada para o consumo in natura, entretanto pode ser usada para industrialização, e, também, tem uma boa adaptação ao sistema orgânico de produção.
Outras cultivares de dias curtos que serão exibidas são a Benicia, que apresenta moderada resistência as principais doenças do morango, Camino Real, indicada para sistemas de produção protegidos, Festival, que apresenta frutas de excelente sabor e polpa firme e a cultivar Oso Grande, com polpa grande e textura firme.
Dias Neutros
O morango é uma cultivar de sucesso no Rio Grande do Sul. A cultura independe do comprimento do dia para iniciar a floração, que ocorre, inclusive, no verão. Várias de suas cultivares são vistas como destaque, dentre elas a Montrey, a Albion e a San Adreass, todas para consumo in natura. Elas são indicadas para sistemas de produção protegidos e com bons resultados em Sistemas de Produção Fora do Solo.
Além delas, ainda há a espécie Aromas, com frutas de tamanho médio e tem elevada produção durante o segundo ano. A cultivar ainda apresenta uma grande resistência a maioria das doenças que atacam o morango.