CULTURA NEGRA : Pelotas recebe projeto da Fundação Cultural Palmares
O projeto “Conhecendo nossa história: da África ao Brasil”, de autoria da Fundação Cultural Palmares, vinculada ao Ministério da Cultura, foi lançado em Pelotas, ontem, em solenidade no Salão Nobre da Prefeitura, lotado por professores e representantes de entidades e instituições afins à proposta de preservação e promoção da cultura negra e do combate ao racismo.
SECULT, Smed e Fundação implementam a proposta cultural e educativa
A secretária de Governo (SG), Clotilde Vitória, representando a prefeita Paula Mascarenhas, destacou o projeto como ferramenta para dotar a educação como meio de transformação social. “Na dinâmica de chegar e partir, acabamos esquecendo de certos acontecimentos. No entanto, o passado foi forte, cruel e desumano, e marcou o Brasil com vidas escravizadas. Depois, veia a discriminação. Em Pelotas, não foi diferente; houve tempos inclusive de impedimento de uso de espaços públicos por negros, assim o acesso a clubes, confeitarias, bares, teatros”, comentou ao destacar a importância do projeto, que traz o estudo da história e valoriza “um povo que ajudou a construção da cidade e do País, com sangue e suor”.
Para o presidente substituto da Fundação e coordenador geral do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC), Vanderlei Lourenço, Pelotas foi escolhida para receber o projeto porque é uma cidade que respira a cultura negra. “O próprio nome simboliza povos escravizados que aqui trabalharam. Além da afinidade, o Ministério da Cultura sugeriu a realização do trabalho aqui, pela abertura que encontramos e o respeito à diversidade”.
O representante do Ministério da Educação, John Carth, afirmou que o projeto é mais um passo para a retomada das condições de um país pluriétnico e multicultural. “Somos responsáveis por construir o que queremos no futuro, principalmente os professores”. O MEC incentiva o incremento da cultura afro-brasileira e africana nas escolas.
O secretário de Cultura, Giorgio Ronna, salientou que a Secult acolhe o projeto ‘Conhecendo nossa história: da África ao Brasil’. “É uma das mais bonitas iniciativas da Fundação e está perfeitamente afinado com as políticas públicas afirmativas. É uma honra recebê-lo”. Ronna conclamou os presentes à mobilização em torno do reconhecimento de Pelotas como Capital Negra do Estado.
VANDERLEI Lourenço
A solenidade contou com a presença de quatro vereadores negros: Ademar Ornel (DEM), Daiane Dias (PSB), Rafael Dutra – Barriga (PTB) e Reinaldo – Belezinha (PTB). Ornel falou por todos, destacando a história dos negros em Pelotas, as origens e a resistência que fez com que se mantivessem as tradições.
O secretário de Educação e Desporto (Smed), Artur Corrêa, destacou que o projeto, além de focar a relação profunda entre África e Brasil, é uma oportunidade ímpar para ampliar o trabalho realizado nas escolas. Em Pelotas, cem professores da rede municipal serão capacitados e 1,5 mil alunos receberão material didático sobre a história africana, as relações étnico-raciais e a cultura afro-brasileira.
A Fundação Cultural Palmares completará 29 anos no dia 22 deste mês. Trata-se do primeiro órgão federal criado para trabalhar políticas da cultura negra. Está mais presente nas capitais e trouxe o projeto para Pelotas como reconhecimento ao trabalho realizado quanto à preservação e promoção da cultura negra.
O secretário de Assistência Social (SAS), Luiz Eduardo Longaray, também prestigiou o evento. A programação continuou à tarde, no Clube Cultural Fica Aí, após almoço de confraternização. A saída da Prefeitura foi em cortejo até o Mercado Central, com música, liderado pelos mestres griô Dilermando Freitas e Sirlei Amaro.
