DANÇA : Nos passos da liberdade através da arte
O professor de teatro, dança contemporânea e bailarino, Airton Marino tem recebido premiações no Estado
Por Carlos Cogoy
A mãe trabalhou como doméstica, e o pai – falecido em 2010 -, foi motorista de caminhão. Além da dedicação para evitar que a família passasse por necessidades, o casal também estimulou os filhos à perseverança nos estudos. Lembranças do bailarino e professor Airton Marino de Souza Junior que, há quase dez anos, está radicado em Pelotas. Natural de Triunfo, aos 23 anos ele veio à cidade, para participar de processo de seleção no Grupo Tholl. Aprovado, integrou a trupe por três anos. Na sequência, cursou a licenciatura em teatro na UFPel. Em atividade profissional na academia “Corpo&Dança” – rua Gonçalves Chaves 2.852 – ele também tem integrado montagens, e participado de festivais no Estado. E a trajetória de Airton Marino na dança, tem se destacado através de premiações. Além de Pelotas, ele tem se destacado em eventos realizados na capital gaúcha, bem como na região, em cidades como Bagé, Arroio Grande e Jaguarão.
ARTE – O bailarino e professor menciona: “Minha rotina é bem intensa. Faço aulas de jazz, Ballet, dança contemporânea e treinamento físico. Com a academia já participei de algumas montagens de espetáculos de finais de ano. Além disso, também tenho participado de festivais no sul do Estado. Assim, como coreógrafo, bailarino em dança contemporânea, e professor de teatro, pude ser agraciado com importantes premiações. Fora da academia, participo de workshops, festivais de dança e espetáculos”.
TEATRO – Morador no Fragata, onde reside com a esposa Jéssica Farias, e o filho Vicente Farias Marino, Airton conta que tem sido convidado para espetáculos. Em 2017, com o CTG União Gaúcha, participação no Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart). Neste ano, convite da Cia. de Dança Daniel Amaro. Ele explica a relação com a arte: “Comecei meu contato com a arte no período do ensino fundamental, participando de projetos de dança, música e teatro na escola. Porém, desde pequeno sempre manifestei uma espontaneidade mais artística. Adorava dançar, brincar de fazer novela, dublar cantores e cenas de filmes, imaginar tramas com meus brinquedos. Gostava de estar sob o olhar das pessoas. Os encontros de família, eram sempre momentos oportunos para brincar de artista. E foi brincando de ser artista, que descobri a profissão que queria para minha vida. E escolhi a licenciatura porque, além de ser apaixonado pelo teatro, e a dança como prática artística, também tenho paixão e prazer pela arte de ensinar. Quero seguir estudando, trilhar uma carreira acadêmica, ocupar espaços dentro da universidade, onde ainda somos (negros) minoria. Ter reconhecimento do meu trabalho, e ser representatividade onde eu queira, e deseje estar”.
TRAJETÓRIA – Airton observa sobre as adversidades e obstáculos: “Fui criado num bairro pobre e, como bem sabemos, a realidade não é nada fácil. Não tive privilégios. Filho de pais humildes, que trabalhavam duro para o sustento meu e dos irmãos. Com isso, prosseguimos nos estudos. Mas seguir estudando, também não é uma tarefa fácil. Pois, muitas vezes, a prioridade não é estudar e sim comer, sobreviver, ajudar a família, com as despesas da casa. No meu histórico familiar, poucos conseguiram terminar o ensino fundamental, outros, com muito esforço, o ensino médio e, com muito sacrifício, apenas três, concluíram o ensino superior, um professor de teatro, uma técnica em enfermagem e uma advogada”.
DIREITOS – O acesso à universidade pública, foi possível devido ao sistema de cotas. “Não me envergonho. Quando me perguntam sobre o assunto, sempre me coloco ‘a favor’. Não é uma questão confortável para nós negros, pois temos uma garantia de apenas 20%, enquanto somos mais de 50% da população brasileira. Contudo, este país, tem uma grande dívida histórica com o povo negro. Foram séculos de atos atrozes, perversos, e impunes. Todavia, penso que a política de cotas é uma ação afirmativa, que veio ‘estancar’ a sangria sociocultural cometida ao povo negro. Na intuição de garantir direitos e mais oportunidades. Mas ainda não é o suficiente. E não poderá continuar assim por muito tempo”, posiciona-se.
LIBERDADE – O bailarino, no entanto, mantém viva a esperança, e conclui: “Um dos meus maiores sonhos, é ter uma arte mais ‘democrática’, com qualidade, mais acessível a todos. Pois todo aquele que tem o privilégio do encontro com ela, tem a oportunidade de se encontrar e descobrir a liberdade”.
PRÊMIOS
- *Prêmio MOVIMENTO (2017) – Prêmio de reconhecimento como agente cultural, pela Prefeitura Municipal de Pelotas.
- *Prêmio de melhor esquete teatral (júri popular), Festival de Esquete Teatral e “stand up comed”, na cidade de Bagé (2011).
- *1º lugar – solo masculino e bailarino destaque, Festival Conexão Dance (Pelotas/2014).
- *Sul em Dança (POA) terceiro lugar – solo masculino (2018),
- *1º lugar – solo masculino, Jaguarão em Dança (2018), e segundo lugar (2019); primeiro lugar – duo masculino (2017); Bailarino destaque no mesmo festival nos anos 20017, 2018 e 2019.
- *1º lugar – solo masculino (Arroio Grande – 2018)
- *3º lugar – solo masculino e primeiro lugar – duo masculino (Dança Pelotas/2017).
- *1º lugar – solo masculino (2018 e 2019); prêmio de melhor bailarino da noite e prêmio de melhor bailarino do festival (2017). Em 2019, bailarino destaque no Festival de Dança de Bagé