Diário da Manhã

A coreografia inacabada

Por Carlos Cogoy

Em decorrência de complicações causadas pela Covid 19, foi sepultado ontem o coreógrafo, bailarino, produtor e professor Otávio Augusto Gomes Lima. Aos 63 anos, faleceu na quarta à noite em Rio Grande. Natural de Jaguarão, Otávio Augusto Lima era cidadão da dança. Assim, tanto lecionava no Espaço da Dança Marina Miranda na cidade natal, quanto foi homenageado, nas redes sociais, pela Escola de Belas Artes “Heitor de Lemos” de Rio Grande. Além disso, entre as inúmeras manifestações de pesar, e lembranças acerca do perfil insólito, Otávio Augusto Lima foi reverenciado pela produtora Maria Manoela de Albuquerque Jacques, que preside o Centro Coreográfico do Theatro Sete de Abril em Pelotas. No Centro Coreográfico, por ele idealizado, era o diretor artístico. Com atividades interrompidas durante período, o Centro Coreográfico foi retomado em 2019. E havia o projeto de montagem. No entanto, com o falecimento do diretor artístico, ficou inacabada.

Otávio no palco em apresentação de ballet

PÉRSEFONE – Baseado no mito grego de Pérsefone, Otávio Augusto Lima estava preparando a montagem que chegou a ser intitulada como “A romã”. Há dois anos houve audição para selecionar o elenco. E, para a montagem com música de Leonardo Oxley, houve a inscrição de 47 bailarinos da região e diferentes Estados. A seleção ocorreu na Bibliotheca Pública Pelotense, e definiu dezesseis integrantes, bem como seis estagiários. Como ocorreu nas montagens anteriores “Amálgama”, “A Flor do Sal” e “Alusão às Sombras”, o desafio do Centro Coreográfico era uma companhia profissional de dança, com bailarinos devidamente remunerados. De acordo com Manoela Jacques, esse era um anseio do coreógrafo, que procurava apoio e patrocinadores. Apesar do contexto adverso, algumas parcerias estavam sendo firmadas. Porém, foram interrompidas com a pandemia. Essa coreografia restou inacabada. Mas Manoela Jacques considera que, a seu tempo, possa ser concretizada como uma homenagem ao criativo e talentoso Otávio Augusto Lima.

JAGUARÃO – Gentil, divertido e criativo, Otávio é lembrado pelos amigos e alunos. Na cidade natal, Maria Fernanda Passos das Neves, ex-secretário municipal de cultura, professor Carlos José “Maninho”, e Magnum Patron Sória – preside o Conselho Municipal de Política Cultural de Jaguarão -, lamentam o falecimento, ressaltam o quanto Otávio esteve dedicado a iniciativas que consolidaram o Carnaval da cidade, e a restauração do Teatro Esperança. Além disso, também à frente de vários projetos e apresentações. Patrono do “Jaguararte”, receberá homenagem póstuma. Na trajetória de Otávio Augusto Lima, formação em ballet, temporadas no exterior e centro do país, bem como a graduação em dança na UNICAMP.

Otávio há dois anos durante audição para selecionar elenco na Bibliotheca Pública Pelotense