De onde vêm as asas?
Por: Vernihu Oswaldo
Editor do canal Allímpico
Existem algumas leis que são universais. Elas não precisam ser explicadas; elas só funcionam e pronto. Uma delas é a tal da hereditariedade. Ela determina que a genética do pai se some à da mãe e sejam “sorteados” os genes para formar os filhos. Esse processo é o responsável pela evolução de qualquer espécie. Um processo biológico. Agora, o que a biologia não explica é a hereditariedade social.
As Olimpíadas de Tóquio estão nos ensinando muitas coisas. O sorriso de Margielyn Didal, skatista de Filipinas, é uma lição simples e essencial para o mundo. Didal se machucou em uma de suas primeiras manobras, mas não desistiu, foi até o final. Sempre com o sorriso estampado e com suas dancinhas. A hereditariedade também está presente. Didal tem o dom do sorriso, Letícia Bufoni o de criar asas. As Olimpíadas propiciam que esses genes floresçam e se espalhem.
Letícia Bufoni é um dos maiores nomes do esporte brasileiro. Rayssa Leal tem treze anos, e, agora, tem uma medalha de prata também. Letícia ficou de fora da final, não se abateu, se posicionou na arquibancada e ajudou Rayssa. Desde pequena Rayssa admirou Leticia. Hoje, Letícia e o Brasil inteiro reverenciam à maranhense Rayssa. Hereditariedade só faz sentido quando o presente se encontra com o passado e, juntos, escrevem a história. E que grande história…
A hereditariedade se confirmou. O skate, pela primeira vez nos Jogos Olímpicos, testemunhou como se fossem genes invisíveis de Letícia passando para Rayssa. Testemunhou também Milena Titoneli, a fênix brasileira: aos 22 anos, só não levou a medalha de bronze por um detalhe. Mas em Paris 2024, o Brasil terá uma das maiores lutadoras do mundo. O Taekwondo sempre nos surpreende.
Seja a fadinha no skate, seja a fênix no tatame, hoje, o esporte brasileiro recebeu genes para criar asas. Em algum lugar, os deuses do esporte sorriram junto com Margielyn Didal e Rayssa Leal.
