DISCO : Som instrumental no fim de era da cidade velha
Nas plataformas digitais, o álbum que reúne Yuri Marimon e Cleber Vaz
Por Carlos Cogoy
Mesmo sol, Outro tempo, Fim de Era, Cidade Velha, Noite Quieta, Luz Branda e Rua Vazia. Sete faixas do álbum instrumental que reúne os talentos de Yuri Marimon (guitarra e violão de doze cordas), e Cleber Vaz (teclado, percussão e arranjos). A parceria foi gravada a distância, durante dois meses, e o resultado é primorosa paisagem sonora. Conforme o duo, houve sincronicidade no processo. “Já faz tempo que venho me interessando em trabalhar com um solista, para abrir os arranjos de meus temas com um parceiro, de modo a criar um efeito, que é impossível ao gravar e arranjar tudo sozinho”, explica Vaz. Como duo, é o primeiro trabalho autoral dos instrumentistas pelotenses. Mas, na trajetória, eles tocaram juntos na banda Mato Cerrado, e com Serginho da Vassoura e Ilusionismo Sonoro. Em festivais, mencionam, tocaram em diferentes projetos, Yuri com a Mato Cerrado, e Vaz nas bandas Tronco e Van Zullath. Neste ano, além do álbum instrumental, eles também começaram a gravação do EP da banda Matudari.
SINTONIA – “Fim de Era” é solo de Cleber Vaz. E a belíssima “Noite Quieta” é solo de Yuri. Mas, como destacam, foram sete faixas colaborativas. A afinidade musical, desde influências como Focus, Pink Floyd, até Santana, Delvon Lamarr Organ Trio, também está na sintonia para a produção, com Yuri no Laranjal, e Vaz “atrás do cemitério” no Fragata. “Juntamos diversas influências. Mas buscamos trazer nossa personalidade e energia, para temperar e criar o som, e a atmosfera do disco. O Cleber possui um trabalho solo com grande força nas teclas, e eu me dedico muito à guitarra. Ele elaborou os arranjos, gravava bateria e teclas, e me passava. Então, eu adicionava a guitarra. Na sequência, o processo de edição e mixagem ficou a seu critério, e gostei muito, pois temos um entendimento musical em sintonia”, diz Yuri. Na técnica, Vaz é Zac Belver, que também já havia gravado o primeiro registro ao vivo da Mato Cerrado em 2010, bem como três trabalhos de estúdio em 2015,17 e 19.
IMAGENS de autoria de Jocarlos Goulart Alberton, escolhidas por Vaz, formam o mosaico da capa do disco. Sobre as referências, como os títulos das músicas que, embora de imediato possam evocar alusão ao período pandêmico, não surgiram com essa intenção. Para Vaz: “Conversamos sobre um sentimento, uma ideia de reflexão sobre um sentir. A partir disso então, o Yuri escreveu um ótimo e vasto material do qual escolhemos os títulos. Não se trata de um álbum sobre a pandemia. É um registro sobre a dupla e nosso momento e contexto que, inevitavelmente, inclui 2020. Os temas evocam, sim, algo semelhante pois foram compostos sob o mesmo clima e quase ao mesmo tempo. O fato de todas compartilharem a atmosfera só explicita a sintonia da dupla”. Como perspectiva, a possibilidade de continuidade à parceria do duo.