DO CACHIMBO AO MICROFONE : Rapper Jota Will divulga documentário e “vaquinha” para turnê
Por Carlos Cogoy
Aos nove anos, ele assistiu show que mudaria sua vida. No Loteamento Dunas, o menino Josemar acompanhou apresentação de grupo de Rap. No palco, performance do “Consciência Negra”, grupo que se tornou referência da segunda geração do Hip Hop pelotense. Atualmente, “Jota Will” como se identifica, está com 29 anos e já escreveu cerca de oitenta letras. Com quinze anos dedicados ao Rap, ele já lançou sete discos. Conforme afirma, em contato direto com o público, 3.700 unidades foram comercializadas. Também doou cerca de duas mil cópias. Mas, além das gravações, Jota Will mantém agenda de apresentações e “batalhas” de Freestyle – rimas improvisadas. E os desafios já o levaram para eventos em Santa Catarina e Rio de Janeiro. Neste início de ano, divulga dois projetos. Um deles é o documentário, cuja produção já começou. E o outro é campanha, através de “vaquinha eletrônica”, para financiar turnês em comunidades da região. Contatos: (53) 98405.8964. Email: [email protected]
DOCUMENTÁRIO – Oriundo da Cohab Fragata, Jota Will vivenciou a infância no Loteamento Dunas. Na adolescência, residiu no bairro Getúlio Vargas (BGV). Atualmente, é morador no balneário dos Prazeres. Na trajetória, inúmeros obstáculos da vida na periferia. Para narrar algumas das experiências e aprendizados, ele optou pela produção de documentário. E “Do cachimbo ao microfone”, estará enfocando diferentes etapas do rapper que já se identificou como “MC Will”, “Crazy Will” e “J. Will”. Entre as fases, diz Jota Will, esteve à frente de programas em rádios comunitárias, bem como as participações em grupos como “Resgate” e “Unidos pelo Rap” (UPR). Neste, as presenças de Glauco e Preta G.
VAQUINHA – A ideia é viabilizar turnê por comunidades da região sul. Além das apresentações, o rapper Jota Will também propõe “aulas de rima”. Ele explica: “’Turnê pelas Quebradas’ é algo que já faço há cinco anos, com o apoio das pessoas que curtem nosso trabalho. Antes, íamos a qualquer evento cantar, e eu pagava os custos com a venda dos CDs. Hoje em dia as pessoas já nem têm mais CD player. Mas somos resistência”. Com a vaquinha, diz Will, serão realizados dez shows e gravado videoclipe. Contribuições no endereço: vakinha.com.br/vaquinha/junto-com-jota-will-turne-pelas-quebradas
IDEIAS – Will reflete sobre juventude, violência e racismo: “A juventude tem ambições, mas estamos numa fase de possíveis retrocessos nas políticas do País, transformando o jovem em mão de obra barata. Em relação à violência, é consequência do descaso e falta de cuidado com questões essenciais. Então, tende a aumentar. Mas a arte, cultura e esporte, são armas contra a violência. Cabe aos gestores públicos saber usá-los. Já o racismo, não considero como a mesma coisa que o preconceito, pois pode haver por parte de um negro. Mas o racismo é um sistema no qual o povo de origem africana e indígena, sofre com a desigualdade e escravidão intelectual, cultural e social. Então sistema que nos tirou das senzalas, e jogou nos guetos”.