DRAMA : Motorista de ônibus é vitima de erro médico e perde rim
Vítima de erro médico, cidadão perde um rim e corre atrás do prejuízo para tentar evitar a perda do outro
Considerando os avanços tecnológicos que, em tese, sugerem cada vez menos traumas pós cirúrgicos em procedimentos médicos de baixa ou média complexidade, o processo a que Joni Gladimir Caldeira, 47 anos, se submeteu há dois anos era para ser do tipo simples. Não o foi, mesmo amparado em considerável remuneração e técnica moderna, avançada: R$ 36 mil pagos pelo serviço realizado, via sistema laser.
A extração de um cálculo renal do rim direito transformou em pesadelo a vida do motorista da Empresa Conquistadora. O cálculo que incomodava o rim direito Joni foi extraído, mas a custa de muita dor e traumas que o acompanham e só aumentam.
Quando do procedimento, Joni teve seu rim perfurado, o que levou à sua extração. E não para por aí: o rim esquerdo que também abrigava um cálculo sofreu as consequências e precisou de reforço para seu funcionamento. Após um período de “recuperação” com apoio do INSS, Joni voltou às atividades laborais. Não deu. Aproximadamente um ano depois começava uma nova e penosa caminhada. Volta ao sistema de saúde para a colocação de um cateter no rim sobrevivente.
O problema se multiplicou, com gravidade. Mas a base é a mesma, a partir do erro médico. Joni agora tem apenas seu rim esquerdo, com um cateter mais a incômoda presença de um cálculo ureteral. Ou seja: de volta ao auxilio do INSS e caminhada na tentativa de estabilizar sua comprometida saúde.
A necessidade atual, documentada por laudos médicos, é a retirada do cateter e do cálculo, com urgência, sob risco de dano irreversível à saúde de Joni. A árdua caminhada prossegue: distâncias que se somadas se assemelham aos quilômetros percorridos em seus 15 anos como condutor de ônibus no transporte coletivo urbano de Pelotas.
Situação agravada
Mas como diz uma máxima de cunho negativo, “tudo que está ruim sempre pode piorar”. E Joni agora sabe disso. Além de não conseguir resolver o seu gravíssimo problema, ele viu “nascer” outro, de mesma intensidade. Mesmo amparado em laudos médicos que declaram a gravidade da sua situação, há uma semana ele teve interrompido por uma médica perita do INSS o seu benefício de seguir buscando recurso no sistema para evitar o dano irreversível. Ou seja: a médica o liberou para retornar às atividades de condutor de ônibus, mesmo sem um rim e com o outro extremamente comprometido, precisando urgentemtne da retirada de um cateter e de um cálculo renal.
A empresa na qual ele trabalha refuta o seu retorno às atividades haja vista a completa incapacidade de o mesmo as executá-las. É questão de bom senso, o qual não houve de parte da “perita” do INSS.
“Eu estou vítima de um problema que eu não criei, e que de fato surgiu a partir de um erro médico”, salienta o paciente, aliás, muito paciente.
NOVO RUMO – Acostumado a seguir itinerários, Joni terá de mudar o seu, completamente, e continuar procurando socorro à sua saúde física e agora financeira. Como não está mais em benefício do INSS não há remuneração de tal; sem exercer sua atividade laboral formal haja vista a comprovada incapacidade física, seu nome não constará na folha de pagamento da empresa na qual está ligado. Só resta a Joni o itinerário judicial.