Duda Luizelli – A história do Futebol Feminino no RS
Por: Henrique König
A história de Duda Luizelli se confunde com o futebol feminino no estado. A ex-jogadora que atuava como meia direita se tornou diretora, coordenadora e segue tecendo caminhos vitoriosos na modalidade. No último sábado, veio a Pelotas para visitar o projeto do Pelotas/Lobas, coordenado por Marcos Planela.
Na infância, foi vizinha do histórico atacante Valdomiro, ídolo colorado. Ali começava sua caminhada para dentro do Beira-Rio. Veio a paixão pelo esporte e pelo Internacional.
“Desde meus primeiros passos já acompanhava a bola e ia ao estádio com meu pai. Jogava em gramado suplementar com eles. Com 14 anos eu joguei meu primeiro Brasileiro de futebol. Não existia categoria de base”, conta Duda, que fez um gol marcante, do meio campo, naquele campeonato.
Além do Inter, ela jogou pela seleção gaúcha, pelo Milan e pelo Verona na Itália. Foram oito anos entre a primeira e a última convocação pela seleção brasileira. No fim, foi atleta e gestora com as escolinhas e equipes femininas. No final de 2017 voltou ao Beira-Rio e participou do forte retorno das Gurias Coloradas, maiores campeãs gaúchas no Futebol Feminino.
Antes disso, liderou a equipe Duda, que foi sediada em Alvorada e Canoas. De 25 finais de Estadual Feminino, Duda aponta que em 23 ela teve alguma participação – de atleta à gestora.
Como vê o futebol feminino hoje? “A mudança passa pelo profissionalismo. A obrigatoriedade de clubes de A e B ter futebol feminino. O engajamento dos próprios clubes para serem maiores. Com torcidas e patrocínios vindo, o crescimento é muito grande. Falta pouco para conseguir realmente com que os clubes se sintam à vontade, que o futebol feminino não seja visto como um gasto, mas um investimento, zerando a conta dentro dos clubes. Os diretores vão ficar mais felizes com o futebol feminino. Virão contratos longos para gerar dinheiro e caixa.”
Duda quer um crescimento mais nivelado da modalidade, não somente com as potências como Inter, Corinthians, Palmeiras e Grêmio crescendo.
“Queremos inverter um pouco a pirâmide no futebol brasileiro. Como estão os menores clubes? Como é o Pelotas, como é o Rio Grande? Fortalecer os pequenos também, dando oportunidades e capacidade para que esses clubes cresçam com a modalidade. Esta também é uma tarefa nossa.”
Luizelli ficou um ano e meio na CBF como gestora. Procurando equidade entre as seleções masculina e feminina. “A gente conseguiu grandes resultados. Infelizmente não conseguimos a medalha olímpica. Mas a gente colhe frutos. A seleção sub-20 conseguiu o terceiro lugar no Mundial. Em outubro vem a seleção sub-17 em outro Mundial. Foi um grande trabalho. O presidente Rogério Caboclo apoiou o futebol feminino no Brasil. Mas não podemos parar. É uma realidade no RS, no Brasil e no mundo.”
E a visita em Pelotas, em sábado especial na companhia das Lobas: “Reconhecemos quem realmente trabalha no futebol feminino. O Marcos Planela é um deles. A gente reconhece, tem o mesmo objetivo e a bandeira da modalidade. Foi muito bom conversar com as meninas, mostrar que elas precisam ser cada vez mais profissionais, desde as escolinhas. Dentro do possível cuidar de sono, da alimentação, da parte física. O futebol é técnica, tática, física e mental. Fomos conversar isso com as meninas”, elaborou.
Como recado final, Duda, que segue trabalhando pela modalidade e tenta se inserir na política brasileira, mandou a mensagem: “Estamos na batalha e queremos transformar a vida das pessoas através do esporte, tirando pessoas da criminalidade, dando capacitação a professores e profissionais, para termos cada vez mais crianças, jovens, adultos e idosos dentro do esporte. Queremos gerar mais histórias de vida de sucesso”.