DUNAS RAP : Projeto irá para o Navegantes, Simões e BGV
Aprovado no edital do Programa Economia da Cultura e Diversidade da Secult, o “Dunas Rap” terá itinerância
Por Carlos Cogoy
Quatro edições num mês, começando a 28 de novembro. A ação coletiva “Dunas RAP”, que iniciou em 2011 no Loteamento Dunas, neste ano será levada ao Navegantes, Simões Lopes e bairro Getúlio Vargas (BGV). Aos sábados, edições oferecerão arte, lazer, cultura e entretenimento. A itinerância, viabilizada pela aprovação em edital do Programa Economia da Cultura e Diversidade da Secretaria Municipal de Cultura (SECULT), culminará com apresentação no Dunas.
Nos eventos, linguagens do Hip Hop – Rap (ritmo e poesia), DJ, grafite e dança -, oficinas de técnicas circenses e basquete de rua. Também a perspectiva solidária através da arrecadação de doações. A divulgação é de Luan Cunha, morador no Dunas e estudante de geografia na UFPel, que participa desde a primeira edição. No sábado à tarde ocorreu a quinta edição do DUNAS Rap. As atividades iniciaram em frente à sede do Comitê de Desenvolvimento do Loteamento Dunas (CDD).
Com a chuva, programação foi deslocada para o salão do CDD. Além de apresentações dos rappers Mano Rick, Tiago Vandal e “Muito Loko Rap”, houve oficina de malabares com integrantes do “ArtCidade” e basquete de rua. Em destaque a doação de roupas, arrecadadas por estudantes do curso técnico em vestuário do IFSul. No CDD, a presença das alunas Fernanda Collares, Gabrielle Fagundes e Giane Weiser.
DISCOS – Em dezembro acontecerá lançamento de disco com grupos de Rap da cidade. Trata-se do segundo volume da coletânea “Dunas RAP”. De acordo com Luan, a primeira foi lançada em 2012 e a gravação ocorreu no estúdio da Casa Brasil (CDD). Naquela coletânea, participações da Tropa FDG, Mano Rick, Alemonix e Cisco. As músicas e arte final do CD, podem ser baixadas no endereço: dunasrapvolume1outrosul.blogspot.com.br
CULTURA na periferia conforme Luan: “Acredito que são essas ações simples que nos permitem compartilhar um pouco do que conhecemos e vivenciamos. A cultura em si nos proporcionou muita coisa boa e, de fato, sinto como se fosse apenas o começo. Atividades culturais como essa, dentro das comunidades, além de propor o lazer e entretenimento, auxiliam na inclusão social e nos fazem ter outra perspectiva sobre de onde viemos, apesar da rotineira violência.
Entre as parcerias, o Levante Popular da Juventude está junto com a gente, construindo essa ideia desde o inicio. É uma das nossas parcerias mais fortes e o pessoal está sempre disposto a ajudar e propor atividades. No sábado tivemos a participação das meninas do ‘Artcidade’, e a oficina de malabares atraiu a criançada. Já as alunas do curso técnico em vestuário do IFSul, que não são moradoras do bairro, ao saberem do projeto, ofereceram as doações arrecadadas na semana acadêmica. E a maioria das roupas foram entregues durante o evento”.
VIOLÊNCIA no Dunas é avaliada por Luan: “Por morar na periferia tenho uma percepção diferente de quem nos vê de fora. O Dunas pode ser sim considerado um local de demasiada violência e tráfico de drogas. Mas existem muitos aspectos positivos em relação à comunidade e moradores. Há pessoas de bem que são capazes de transformar essa visão negativa, mesmo que ela esteja sempre presente na atmosfera de qualquer periferia. A cidade de Pelotas é que passa por um momento de bastante violência. Você tem muito mais chances de ser assaltado no centro da cidade do que se vier me visitar. Mas sem investimento em educação e condições justas, para viver dentro da periferia, alguém daqui é que poderá cometer esse delito”.
CEU – Luan acredita que o “Dunas RAP”, além da itinerância neste ano, também poderá ter periodicidade mais constante. Ele diz que, em geral, as edições surgem espontaneamente, e são divulgadas nas redes sociais. Porém, há estrutura para incrementar a frequência da iniciativa. Ele menciona sobre as perspectivas no Dunas: “Pelotas vive um momento de grande efervescência cultural, e a gente tenta trazer um pouco disso para dentro da periferia. Acredito que não só o poder público, como nós, os habitantes, devemos tomar parte dessas iniciativas. Assim, ajudaremos na construção de um bom lugar para todos. A exemplo disso, no nosso bairro estão sendo realizadas as obras do CEU, Centro de Artes e Esportes Unificados. A gestão reunirá a comunidade e o poder público. É um grande passo para a nossa periferia, e o local será inaugurado em 2016”.