Educação patrimonial da Catedral incentiva crianças a salvaguardar a memória
O cuidado pelo patrimônio é transmitido através das gerações, despertando um sentimento de identidade e continuidade. Com esse viés aconteceu a mais recente atividade de Educação Patrimonial (EP) dentro do restauro da nave central da Catedral São Francisco de Paula, em Pelotas. A ideia foi fazer um intercâmbio de olhares entre os alunos do Colégio Gonzaga e Instituto São Benedito, separados por cerca de cem metros de distância, na mesma quadra onde está a igreja. Desde que começaram as atividades a antropóloga Liza Bilhalva e a arqueóloga Marta Bonow tinham como objetivo uma interação entre os núcleos dos dois educandários. “Estamos falando de duas escolas que além de centenários tem vasta riqueza histórica, como o período em que os italianos Emilio Sessa e Aldo Locatelli estiveram pintando a Catedral”, avaliou Liza. Segundo ela, as pessoas e as experiencias que nascem destes momentos também são um patrimônio.
A primeira visita aconteceu na semana passada, quando cerca de 30 alunas do São Benedito receberam o grupo do Gonzaga na capela do Instituto. As anfitriãs mostraram com orgulho as paredes da capela, onde as pinturas do italiano Emílio Sessa retratam uma parte pouco conhecida da biografia do artista na sua passagem por Pelotas. Olhos atentos para as cores e atenção às informações, em especial a curiosidade de que foi lá que Emílio Sessa se hospedou na década de 50, enquanto pintava a Catedral.
As palavras da diretora Ingrid Santos, demonstraram a gratidão pelo momento. “É uma oportunidade única na vida das meninas e também parte dessa história, em que os caminhos de vocês se cruzam através da Catedral, esse patrimônio de todos”, observou. A ideia do intercâmbio de visitas surgiu para que além da integração entre vizinhos, cada anfitrião pudesse compartilhar as informações históricas aprendidas com a EP. Para Marta a participação das crianças é de grande importância, já que estão formando o pensamento crítico. “A partir dessa imersão na história eles conseguem perceber que fazem parte desse patrimônio, levando informações às suas famílias, comunidade e sendo verdadeiros multiplicadores”, destacou.
Na última segunda-feira (27) foi a vez de alunos da 6ª série do Colégio Gonzaga retribuírem a cordialidade. Depois dos relatos da professora Clori Pinto Schafer foi a vez dos alunos assumirem o microfone e compartilharem dados das belezas da capela. Além do fato de Aldo Locatelli frequentar o local e até tirar a sesta por lá, os bancos torneados em madeira datados do século XIX, chamaram a atenção.
Curiosidades como as imagens religiosas, os vitrais e até o forro em estuque surgiram no bate-papo que correu naturalmente entre os grupos. A coordenadora pedagógica, Carla Santo ressaltou a importância do projeto, que segundo ela permite que observem a importância histórica do local onde todos estão inseridos. “Faz a gente se sentir parte da história e perceber que também somos patrimônio destes lugares”, complementou. A atividade terminou com os alunos do Gonzaga oferecendo barras de chocolate às meninas visitantes. As doces memórias desse dia ficarão marcadas para estudante do São Benedito, Vitória Oliveira Cabedo, de 8 anos. “Adorei os vidros coloridos da capela, os detalhes do forro e também achei muito legal que nos deram barras de chocolate, mostra que eles têm muito bom coração”, resumiu. A obra de restauro finaliza em maio e é financiada via Pró-cultura – Lei Estadual de Incentivo à Cultura (LIC), com o patrocínio da Josapar, apoio de Biscoitos Zezé, Puro Grão e Arrozeira Pelotas e produzido pela Perene Patrimônio Cultural.