ELEIÇÃO 2020 : Coligação “Pelotas tem Jeito” com PSB e PCdoB
O candidato a prefeito Tony Sechi, e o vice Renato Abreu, propõem tarifa de R$2,00 no transporte coletivo
Por Carlos Cogoy
O alinhamento ideológico e a convergência de propostas, como divulgam os candidatos Tony Sechi e Renato Abreu à Prefeitura, contribuíram para definir a campanha que reúne o Partido Socialista Brasileiro (PSB), e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Concorrendo com o número 40, a coligação “Pelotas tem Jeito”, apresenta propostas como: construir o Centro Administrativo Municipal; Alvará Expresso; diminuir, em pelo menos 50%, os cargos comissionados; criação do Conselho da Cidade, o “Conselhão”, com duzentos integrantes; adotar o modelo de Orçamento Participativo; Programa de Crédito Popular; concessão direta de até R$ 30 mil reais para micro e pequenas empresas, para a geração de novos empregos e renda; Criação do 14º salário para os professores; construir através do diálogo e participação, o Plano de Carreira para servidores, magistério, Guarda Municipal; regulamentação dos serviços de aplicativo; Pelotas – Polo de tecnologia e inovação; construir novas UPAs nos distritos sanitários – uma no Fragata e outra na zona norte; postos de saúde 24h; Farmácia Popular Itinerante; criar o programa “Ilumina Pelotas”; programa de “alistamento civil” de jovens em situação de vulnerabilidade social que receberão R$500,00 reais, com a obrigatoriedade de realização de um curso técnico, que serão responsáveis pelo monitoramento das praças e espaços públicos da cidade, sob a tutela dos guardas comunitários. A íntegra das propostas pode ser acessada no endereço: www.tonysechi.com.br
PREFEITO – Natural de Cristal, Tony de Siqueira Sechi (29 anos) está radicado em Pelotas desde os treze anos. A mudança foi para estudar no então CAVG, onde formou-se como técnico agrícola. E foi no Colégio Agrícola, que Tony começou a trajetória política. Ele presidiu o Grêmio Estudantil do CAVG. Já na UFPel, onde cursa gestão pública, presidiu por dois mandatos, o Diretório Central de Estudantes (DCE. No PSB, onde é dirigente nacional, iniciou ao lado de Beto Grill, ex-vice-governador. Na Câmara dos Deputados, foi assessor de Beto Albuquerque. E integrou a coordenação de Eduardo Campos (1965/2014) à Presidência, morto num acidente aéreo durante a campanha. Na Prefeitura, foi secretário municipal, e assessor técnico do conselho de desenvolvimento e inovação.
VICE – Renato Mendonça de Abreu (50 anos), é riograndino, mas há 38 anos reside em Pelotas. Na então Escola Técnica Federal de Pelotas (ETFPel), formou-se em eletrônica. Na UFPel, cursou Processos Gerenciais. Servidor do Sanep, passou a exercer função no movimento sindical. Porém, como menciona, pela falta de diálogo e atendimento das necessidades dos trabalhadores, migrou para a militância partidária, filiando-se ao PCdoB. Renato Abreu é presidente licenciado do Sindicato dos Servidores Municipais do Saneamento Básico de Pelotas (SIMSAPEL).
DM – Diante das dificuldades econômicas nas esferas municipal, estadual e federal, o que estimulou a participar da disputa pela Prefeitura?
TONY – Houve um chamado do partido, que entendeu ser necessário apresentar um projeto alternativo de governo para Pelotas. O entendimento é que não basta olhar para os próximos quatro anos, e sim um planejamento de, pelo menos, vinte a trinta anos para a cidade.
DM – A opção partidária, quais princípios da sigla que levaram à identificação e filiação? A coligação tem quais compromissos?
TONY – Os princípios adotados por Beto Grill, despertaram a preferência pelo PSB, o que se ratificou com as experiências vivenciadas com Beto Albuquerque, em gestões administrativas do partido no cenário nacional, e o conhecimento obtido junto da equipe que formulou o Plano de Governo de Eduardo Campos.
ABREU – Na opção partidária, encontrei princípios ideológicos que se aproximam da indignação do tratamento desigual com os menos favorecidos, especialmente os servidores públicos municipais. Essas trajetórias resultaram na formação da “Coligação Pelotas tem Jeito”.
DM – Qual a avaliação da atual gestão no executivo pelotense? Como a sua candidatura contrasta com o mandato 2017/2020?
TONY – A prefeita de Pelotas, muitas vezes se encastelou e deixou de ouvir as pessoas. É uma administração que encerrou o ciclo, pois há dezesseis anos permanece com as mesmas pessoas, sem renovação no perfil do secretariado. A composição não é mesclada com jovens lideranças, e assim ficou desatualizada da realidade. A atual gestão é voltada ao centro, sem atenção adequada aos bairros e vilas, com distanciamento das pessoas, e sempre prioriza criação de taxas e aumento de impostos.
DM – A saúde pública tem sido um dos temas mais questionados pela população, e neste ano de pandemia, tornou-se ainda mais crucial. Qual o projeto de saúde pública da candidatura? Como ampliar o acesso ao atendimento qualificado?
TONY – Vamos ampliar as equipes do Programa Saúde da Família, integrar o atendimento entre UPA/UBAI e hospitais de referência. Implantaremos ainda em 2021, Postos de Saúde Regionalizados, com atendimento 24h. O programa Mãe Coruja, garantirá 100% da cobertura Pré-Natal, e com isso reduziremos a taxa de mortalidade infantil em Pelotas. Teremos a Farmácia Popular Itinerante. Implantaremos o SAMU Animal, fortaleceremos a retaguarda de atendimento com a ampliação do convênio com o Hospital Veterinário da UFPel. Retomaremos o Programa de Castração, desativado em Pelotas.
DM – Propostas para a educação no município, que tem uma rede com dezenas de escolas, e implica compromissos desde a distribuição de vagas, merenda e transporte, até grade curricular. A chapa compromete-se com o pagamento do piso salarial dos professores?
TONY – Assim que assumirmos, com a análise dos números, e com ações de enxugamento que faremos da máquina administrativa, e a primeira será o corte imediato de 50% dos CCs, vamos definir um cronograma, juntamente com o SIMP, para começarmos a pagar o mais imediato possível, o Piso Nacional para o Magistério. Iremos também criar o 14º salário para os professores da Rede Municipal.
DM – Compromissos e desafios, em relação à economia do município pós-pandemia?
TONY – Pelotas atualmente ocupa a 14ª posição em arrecadação de ICMS, dentre os vinte principais municípios gaúchos. Vamos fortalecer uma política de incentivos e isenções, e ofertar a cidade para novas empresas, pois precisamos gerar emprego. Para as que estão aqui, iremos liberar crédito de até R$30 mil para ampliação, e de até R$3 mil, para quem queira começar o seu próprio negócio. Terminaremos com o contrato de aluguéis de carros, e transferiremos o transporte de pessoal e documentos, para o serviço por aplicativo. Teremos menos custos para a Prefeitura, e distribuição de renda para os motoristas.
DM – Qual a política para os servidores municipais e a relação com o Sindicato dos Municipários?
TONY – O servidor não vai ser tratado com chicote, nem como inimigo. O diálogo será permanente com o SIMP, para buscar soluções mais rápidas, para aumentar a autoestima do servidor. Não existe atendimento público de qualidade, se quem está no acolhimento da população, está desvalorizado e desmotivado.
ABREU – O padrão salarial da Prefeitura de Pelotas é vergonhoso, para uma categoria que sempre lutou pela manutenção do serviço público de qualidade. Precisamos construir uma proposta conjunta com os sindicatos, terminando com o pagamento de complemento para chegar ao valor de um salário mínimo, o que é a realidade da maioria dos servidores.
DM – E sobre temas como a segurança pública, meio ambiente, patrimônio histórico e a valorização da economia da cultura?
TONY – Vamos ampliar a rede de videomonitoramento 24h, com prioridade para regiões de escolas, praças e comércios. Criaremos o Ilumina Pelotas, e faremos chegar iluminação pública em toda a cidade, com prioridade para o uso de Led. O Disque Luz, dará solução aos problemas em até 48h. Criaremos o Centro de Referência da Arte e Cultura em Pelotas, recuperaremos os equipamentos culturais de Pelotas, atualmente tratados com desleixo. Reconstruiremos a relação com os movimentos de expressão popular, dentre eles o Carnaval. Não usaremos a estratégia de definir cultura como supérfluo, e sim como um segmento de grande importância para geração de emprego e renda. Montaremos Grupos de Trabalhos para alicerçar decisões que contemplem a política ambiental, com a participação de ONGs e conselhos. E vamos captar recursos com projetos de recuperação do patrimônio mas, com celeridade, para acabar com as obras intermináveis de Pelotas. É compromisso, a reabertura do Theatro Sete de Abril, o mais importante aparelho cultural de Pelotas.
DM – Déficit habitacional, saneamento básico e mobilidade urbana.
TONY – Vamos revisar todo o Plano Municipal de Saneamento Básico, aprimorar a política de resíduos sólidos, definir um cronograma de execução de obras de ampliação da rede de esgoto, principalmente em bairros e vilas, e com isso garantir e aumentar a capacidade do tratamento de resíduos da cidade, em uma meta inicial de 70%. Captaremos recursos junto ao governo federal para o público Faixa 1, que concentra o maior déficit habitacional de Pelotas. Criaremos o portal Transparência no Cadastro Social, para acabar com questionamentos no processo de seleção, inclusive de privilégios para indicações políticas. O Pelotas Legal, irá garantir a ampliação da Regularização Fundiária, que é uma garantia da dignidade das famílias em situação de clandestinidade. Reduziremos a tarifa do transporte coletivo para R$ 2,00, que será sustentada pela criação de um subsídio no setor, experiência que já acontece em várias cidades brasileiras.
DM – Avaliação dos dois anos do governo Bolsonaro.
TONY – É um governo totalmente contrário ao que pensamos, não sabe se relacionar com respeito às minorias e, em temas como os investimentos em educação, e questões ambientais. É um governo autoritário, acreditamos na participação popular e na diminuição das desigualdades e aumento de oportunidades, é uma visão oposta à nossa.