ELEIÇÃO 2020 : MDB com a campanha “De volta para o futuro”
O empresário João Carlos “Cabedal” é o candidato a prefeito pelo MDB, e tem como vice o radialista Rui Jordão
Por Carlos Cogoy
Há 34 anos integrando o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) – durante 38 anos designado pela sigla PMDB -, partido com maior número de filiados no País, o empresário pelotense João Carlos “Cabedal” Pires da Rosa, está concorrendo à Prefeitura de Pelotas. Na chapa cujo número eleitoral é o 15, o vice é o comunicador Rui Jordão. Sobre a campanha ao Executivo municipal, Cabedal menciona: “A candidatura não é uma motivação de momento. Estou no partido desde 1986. Ser indicado como candidato também é um sinal de reconhecimento. Faz tempo que vemos a cidade parada no tempo. Apenas aceitei o desafio de representar um dos mais importantes partidos da democracia brasileira. Chegou a minha vez”.
PREFEITO – Aos 53 anos, Cabedal é pai de três filhos, e profissionalmente destaca-se na área de eventos culturais e artísticos. Conforme divulga, sua empresa desenvolve atividades em Pelotas e região, tanto com o setor público, quanto a área privada. Abrange desde a montagem de grades de contenção, pirâmides, até estruturas como os palcos das apresentações. A sua candidatura, divulga, é “prova de crença e fidelidade ao partido, e não uma aventura”.
VICE – O pelotense Rui Jordão (64 anos), reside no bairro Fragata, e há 36 anos está casado com a Bia. Há mais de trinta anos, Jordão é comunicador profissional, destacando-se em emissoras locais. Também já foi comerciante, e produtor de eventos. Sobre a candidatura pelo MDB, ele afirma que “reflete a crença de que é preciso melhorar, urgentemente, a relação do poder público com a sociedade pelotense, respeitando os princípios e valores democráticos”.
DM – Como avalia a atual gestão no executivo pelotense? Houve erros, acertos? Como a sua candidatura contrasta com o mandato 2017/2020?
CABEDAL – A atual gestão tem pontos positivos sim, mas não conseguiu tirar Pelotas do atraso. Também tem sido insensível ao comemorar, por exemplo, a realização de obras sem levar em consideração a necessidade e a vontade das pessoas. A população se sente abandonada, principalmente, a parcela que mais precisa dos serviços públicos. Vamos primeiro cuidar das pessoas.
DM – A saúde pública tem sido um dos temas mais questionados pela população, e neste ano de pandemia, tornou-se ainda mais crucial. Qual o projeto de saúde pública da candidatura? Como ampliar o acesso ao atendimento qualificado?
CABEDAL – Sou usuário do Sistema Único de Saúde (SUS), não tenho plano de saúde e sinto na pele a precariedade do serviço público. Em 2017, fui vítima de uma “pancreatite aguda”. Sem leito disponível, fiquei uma semana no corredor do Pronto Socorro Municipal. Os profissionais são excelentes, mas, a gestão é ineficiente. As Unidades Básicas de Saúde precisam ter mais investimento. Pelotas tem a gestão da saúde plena, no entanto, sem a devida transparência. Assim que assumirmos a Prefeitura teremos de fazer uma auditoria para sabermos o que tem sido feito com os recursos, tanto financeiros quanto de pessoal, e como estão funcionando as parcerias com as Universidades Federal e Católica. A meta é humanizar a relação com os profissionais e a população.
DM – Propostas para a educação no município, que tem uma rede com dezenas de escolas, e implica compromissos desde a distribuição de vagas, merenda e transporte, até grade curricular. O candidato compromete-se com o pagamento do piso salarial dos professores?
CABEDAL – Os desafios da educação serão resolvidos, ou bem administrados, se houver bom senso na aplicação dos recursos diretos, ou de repasses que o município recebe. Os professores e os demais profissionais do setor serão convocados para um debate amplo. Assumimos o compromisso de investir e de cumprir com tudo o que for determinado pela lei, inclusive o piso do magistério, desde que seja construída, coletivamente, uma proposta de viabilidade. Não temos dúvida de que os servidores sabem dos limites da lei e do orçamento.
DM – Na Prefeitura o que será feito para diminuir o desemprego, e consequentemente reduzir a pobreza e violência? E quais os compromissos e desafios, em relação à economia do município pós-pandemia?
CABEDAL – A Prefeitura não gera riqueza e não gera empregos, apenas administra os recursos financeiros, de pessoal e de material existentes. Eu não sei e ninguém sabe o que fazer pós-pandemia. Vamos trabalhar com urgência para fomentar a economia, atuando em parceria com o setor privado e com as mentes brilhantes das nossas Universidades. A partir do emprego ou de outras formas de trabalho, acreditamos na elaboração e aprovação de políticas públicas, que ajudarão a reduzir a violência e melhorar indicadores sociais e econômicos que hoje são negativos.
DM – Em Pelotas, 70% dos servidores recebem complementação salarial para chegar ao salário mínimo, e o Sindicato dos Municipários tem projeto de Plano de Carreira, que ainda não foi implementado. Qual a política para os servidores municipais, a relação com o SIMP, e a postura diante de uma reforma administrativa, em âmbito federal, que pretende desmantelar a função pública?
CABEDAL – O MDB em Pelotas não tem qualquer tipo de alinhamento com propostas do governo federal seja para o que for. Quanto ao funcionalismo municipal temos dito que somente o diálogo pode construir uma aliança saudável. Não sabemos por que a complementação salarial permanece. Se for o caso, teremos de corrigir essa distorção. Queremos o SIMP como aliado.
DM – E temas como a segurança pública, meio ambiente, patrimônio histórico e a valorização da economia da cultura?
CABEDAL – Na Segurança Pública vamos transformar a Guarda Municipal, numa autarquia comandada por servidor do próprio quadro, e agiremos como determina a lei. As questões do meio ambiente estarão na nossa pauta a partir do diálogo com especialistas do setor. Não vamos tratar com nenhuma visão política-ideológica, que ameace ou exclua o bem-estar da população. O patrimônio histórico material e imaterial está na agenda de diferentes esferas de governo. O nosso compromisso é cuidar desses elementos característicos da nossa história. A movimentação econômica advinda da atividade cultural e artística é uma das nossas principais metas, e passa pela nossa determinação de, por exemplo, profissionalizar os atores do setor e assim fomentar projetos, gerar emprego e renda.
DM – Em relação ao déficit habitacional, saneamento básico e mobilidade urbana?
CABEDAL – O déficit habitacional tem sido minimizado com investimentos públicos e a execução de empresas privadas. É uma política definida, prioritariamente, pelo governo federal. Vamos avaliar e agir rápido para reduzir ainda mais a atual demanda. Porém, em relação à regularização fundiária, iremos dar prosseguimento ao trabalho da atual gestão, onde pessoas de áreas periféricas estão recebendo o tão aguardado título de propriedade.
O Saneamento Básico é uma questão quase doméstica, ainda que exista uma política nacional vigente. Não vamos privatizar o SANEP, que será comandado por um servidor do quadro de carreira. Também será o ambiente para, por exemplo, avançarmos na ampliação da rede de esgotos e coleta seletiva do lixo. Tentaremos realizar a troca de tubulações da rede de abastecimento de água antigas que ainda são de ferro, a fim de evitar a perda/fuga no atendimento à população, e dar maior agilidade à conclusão da obra da ETA São Gonçalo, para evitar que novos períodos de racionamento tenham que ocorrer.
A mobilidade urbana é um dos desafios modernos e precisamos estudar muito ainda sobre o que deve ser feito para que os investimentos sejam compatíveis com a necessidade de desenvolvimento do município. Vamos trabalhar para fazer de forma racional a ampliação da atual rede de ciclovias e ciclofaixas para nossos ciclistas, tanto na parte central como também para o interior do município. Iremos também melhorar a nossa infraestrutura para atender aos cidadãos portadores com todas as formas de deficiência, conforme determina a legislação que garante o acesso universal.
DM – Avaliação dos dois anos do governo Bolsonaro.
CABEDAL – O MDB em Pelotas não tem qualquer tipo de alinhamento com o governo Bolsonaro. Também entendemos que avaliar o seu desempenho, em poucas linhas, é inadequado, uma vez que o sabatinado neste espaço é o candidato e não o partido. Acredito também que ocorrem acertos e erros, porém ainda é muito prematuro realizar qualquer tipo de análise.