Diário da Manhã

terça, 23 de abril de 2024

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ELEIÇÃO 2020 : PSOL e PCB na coligação “Povo no Poder”

16 outubro
09:34 2020

Chapa inédita na história das disputas à Prefeitura de Pelotas, com candidatos negros concorrendo a prefeito e vice

Por Carlos Cogoy

Uma campanha histórica à Prefeitura, com dois negros concorrendo a prefeito e vice. Na coligação “Povo no Poder”, que reúne o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), e o Partido Comunista Brasileiro (PCB), o candidato a prefeito é o professor Júlio Domingues. Como vice na candidatura do número 50, a docente na área de educação especial, musicista e carnavalesca Daniela Brizolara.

DM entrevista PSOL e PCB logo (1)TRAJETÓRIA – Morador na vila Clara Nunes no bairro Areal, Júlio Domingues é professor de sociologia. Egresso da UFPel, trabalhou como pesquisador em ciências humanas, e tem se dedicado ao estudo de políticas públicas. Como docente, leciona e coordena a unidade local da Rede Emancipa Movimento Social de Educação Popular. Em 2012, concorreu como vice na chapa que apresentou Jurandir Silva, como candidato a prefeito. Eles receberam 25.272 votos, consolidando o PSOL em Pelotas. Já em 2014, 2016 e 2018, Júlio esteve à frente da coordenação das campanhas eleitorais. Na trajetória política, também foi assessor parlamentar na Assembleia Legislativa, e chefe de gabinete da vereadora Fernanda Miranda.

VICE – Daniela Brizolara é moradora do bairro Nossa Senhora de Fátima, e tornou-se técnica em agropecuária. Na UFPel, formou-se em artes, habilitação música. Atua na área da educação especial, e também como instrumentista e intérprete. Na escola Academia do Samba, foi coordenadora de projetos, e vice-presidente. O trabalho artístico e as atividades junto a projetos sociais, foram reconhecidos e, em duas ocasiões, foi eleita para o Conselho Municipal de Cultura (CONCULT). No conselho foi vice-presidente, e também assumiu a presidência. Em 2016, Daniela concorreu a um mandato na Câmara Municipal. Conforme ressalta, foi a quarta candidatura mais votada do PSOL em Pelotas.

Professor Julio Domingues

Professor Julio Domingues

DM – Diante das dificuldades econômicas nas esferas municipal, estadual e federal, o que estimulou a participar da disputa pela Prefeitura?

JÚLIO E DANIELA – A motivação é justamente para enfrentar as dificuldades com uma perspectiva de transformação, com um outro modo de fazer política, olhando para as pessoas que moram nas vilas e bairros da cidade, acabando de vez com a lógica atual de abandono.

DM – A opção partidária, quais princípios da sigla que levaram à identificação e filiação? A coligação tem quais compromissos?

JÚLIO E DANIELA – A nossa coligação entre Psol/PCB, tem compromisso com a transformação, queremos uma sociedade mais justa e igualitária, lutamos no combate aos preconceitos, e que a política e os espaços de poder deixem de ser locais a serviço dos mais ricos.

DM – Qual a avaliação da atual gestão no executivo pelotense? Como a sua candidatura contrasta com o mandato 2017/2020?

JÚLIO E DANIELA – Graças a gestão atual, quem mora nas vilas e bairros tem de conviver com ruas esburacadas, barro, poças ou poeira e escuridão. O governo tem uma relação equivocada com o funcionalismo, apresentando medidas que retiram direitos. Além disso, não há disposição para o diálogo. Também há o loteamento dos cargos da Prefeitura para contemplar os vários partidos que apoiam a gestão, gastos excessivos em propagandas. Discordamos destas práticas.

DM – A saúde pública tem sido um dos temas mais questionados pela população, e neste ano de pandemia, tornou-se ainda mais crucial. Qual o projeto de saúde pública da candidatura? Como ampliar o acesso ao atendimento qualificado?

JÚLIO E DANIELA – A tragédia sanitária que estamos enfrentando trouxe demonstrações da necessidade de fortalecimento do SUS. Historicamente subfinanciada pelos governos federais, e mal gerenciada por gestores estaduais e municipais, a saúde pública agoniza. Sentimos cotidianamente esta agonia, nos baixos salários de profissionais da saúde, na dificuldade de atendimento nos serviços públicos de saúde, apesar do esforço heroico de trabalhadoras e trabalhadores. A solução é a destinação de mais recursos para a saúde básica, e gestão adequada dos recursos existentes. Nosso programa defende o fortalecimento da Atenção Primária em Saúde (APS), pois trata-se do primeiro acesso para o Sistema Único de Saúde, sendo responsável pela identificação das necessidades de suas populações bem como acompanhamento longitudinal de todos os ciclos vitais.

DM – Propostas para a educação no município, que tem uma rede com dezenas de escolas, e implica compromissos desde a distribuição de vagas, merenda e transporte, até grade curricular. A chapa compromete-se com o pagamento do piso salarial dos professores?

JÚLIO E DANIELA – O compromisso da coligação Povo no Poder, que tem PSOL/PCB, é com a viabilização do pagamento do piso salarial aos professores por meio da construção conjunta do Plano de Carreira. Defendemos a ampliação do número de vagas para ensino integral, sobretudo na educação infantil, promovendo melhorias nas escolas dos bairros e zona rural, e valorização da Lei 11.645/08, via formações continuadas, em combate ao racismo, promovendo o contato com a história e cultura africana e indígena.

DM – Na Prefeitura o que será feito para diminuir o desemprego, e consequentemente reduzir a pobreza e violência? Quais os compromissos e desafios, em relação à economia do município pós-pandemia? Energia renovável, áreas verdes, e o contexto da precarização do mundo do trabalho…

JÚLIO E DANIELA – Hoje, em meio à crise, as pessoas estão iniciando atividades comerciais e a Prefeitura tem de apoiá-las. O nosso programa apresenta a inovação e a criatividade para a geração de empregos, com incentivo às iniciativas de auto-organização para as pessoas das vilas e bairros, incentivo à diversificação da atividade econômica, adoção da política de crédito para microempreendedores, além do fomento do turismo rural, urbano e a valorização do potencial cultural local.

DM – Em Pelotas, 70% dos servidores recebem complementação salarial para chegar ao salário mínimo, e o Sindicato dos Municipários tem projeto de Plano de Carreira, que ainda não foi implementado. Qual a política para os servidores municipais, a relação com o SIMP, e a postura diante de uma reforma administrativa, em âmbito federal, que pretende desmantelar a função pública?

JÚLIO E DANIELA – A relação da atual gestão municipal com os funcionários é equivocada e não há um plano de valorização salarial. Quanto ao projeto de reforma administrativa proposto pelo governo federal, somos contra. O governo usa como estratégia de publicidade a mesma mentira aplicada para a aprovação da reforma da Previdência: diz estar atacando privilégios, mas na verdade apresenta uma reforma que vai retirar direitos das pessoas de menor remuneração. Se aprovada irá retirar direitos dos servidores que atuam em áreas como saúde e educação, além disso, o fim da estabilidade será uma brecha para corrupção, assédio moral e perseguições.

DM – E sobre temas como a segurança pública, meio ambiente, patrimônio histórico e a valorização da economia da cultura?

JÚLIO E DANIELA – As praças públicas têm potencial para serem espaços de socialização de diferentes comunidades. Em variados pontos da cidade, podem ser espaços de encontro, lazer ou prática de atividades físicas. A “manutenção’’ de praças em Pelotas é marcada pelo erro político: foco nas praças centrais, abandono das praças das vilas e bairros. Defendemos a valorização das áreas verdes das vilas e bairros.

Daniela Brizolara

Daniela Brizolara

DM – Em relação ao déficit habitacional, saneamento básico e mobilidade urbana?

JÚLIO E DANIELA – Os trabalhadores do Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (SANEP), elaboraram um estudo e projeto que prevê a universalização do sistema de esgoto sanitário do município, e este deve ser atualizado para ser implementado. Saneamento é um direito de cada cidadão e cidadã. Defendemos a política municipal de moradia com regularização fundiária, aluguel social e maior acesso ao banco de materiais.

DM – Avaliação dos dois anos do governo Bolsonaro.

JÚLIO E DANIELA – A reforma da Previdência, retirada de direitos trabalhistas, diminuição de recursos para saúde, descaso com o meio ambiente, não há política para geração de emprego, são todas medidas que acarretam uma piora na condição de vida do povo. Além disso, não há uma gestão plena para lidar com a crise do COVID-19, não foi adotada a política de testagem em massa, muitas pessoas ficaram desassistidas de uma renda que pudesse cumprir o isolamento social e, pior ainda, nós tivemos a todo momento uma tentativa de minimizar a gravidade da pandemia do COVID-19.

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