ELEIÇÃO 2020 : “VivaCidade” é a campanha do PDT à Prefeitura
Educador e ativista social Dan Barbier concorre a prefeito pelo PDT, e a jornalista Mabel Teixeira como vice
Por Carlos Cogoy
Filho de professora e pequeno agricultor, o então adolescente Dan Barbier participou do grêmio estudantil do CAVG e grupos da Igreja Católica. Dedicado ao voluntariado e ações sociais, em áreas como educação pública, agricultura familiar, saúde e vulnerabilidade social, Dan Barbier fundou e ajudou a desenvolver o cursinho da Cohab Tablada, Sopão da Trindade para moradores de rua, Sonhar Acordado para crianças carentes, o Sonhando Juntos para crianças com câncer, Doutores da Alegria para enfermos, KM do Brinquedo para arrecadar doações, e Art! Missão. Doutorando em história, durante dez anos atuou na Bibliotheca Pública Pelotense, onde realizou e colaborou com iniciativas como América & Pampa, Sarau Poético e Musical, Hora do Faz de Conta, Amigos da Lolô. “Também organizamos o Museu Histórico da BPP, um dos vinte mais antigos do Brasil, e fundamos a Associação Amigos do Theatro Sete de Abril, acolhemos o Conservatório de Música, a Feira da Cara Preta, e hasteamos pela primeira vez a bandeira símbolo das lutas da diversidade”, diz.
Dan Barbier também presidiu o Conselho Municipal de Cultura (CONCULT), e o Fórum dos Conselhos Municipais, chegando a vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas (IHGPel).
VICE – Mabel Teixeira é jornalista e professora universitária. Filada ao PDT desde 2018, tem atuado pelo fortalecimento partidário, buscando formas de organização da militância, e disseminação do Projeto Nacional de Desenvolvimento de Ciro Gomes. Na trajetória, participou de movimentos estudantis, e voluntariado nos campos do jornalismo comunitário, educação e cultura. Dan e Mabel concorrem com o número 12.
DM – Num contexto de dificuldades econômicas, o que motivou a concorrer à Prefeitura?
DAN E MABEL – Pelotas está afundada num círculo vicioso de más gestões públicas há 16 anos. Estamos entre as cidades gaúchas que menos investem em educação e saúde. Não existe transparência e a segurança pública é uma peça de marketing. Ultrapassamos a triste marca de mais de 10 mil trabalhadores que perderam a carteira assinada só neste ano, empresas demitem e fecham as portas todos os dias, além de sermos a cidade na Zona Sul com o pior desempenho no combate ao novo coronavírus. Quem conhece a realidade dos bairros e vilas da cidade, sente na pele o abandono. Andar de ônibus se transformou num desafio diário. Serviços públicos e infraestrutura sumiram faz tempo. A cidade que aparece nas propagandas de TV e redes sociais em nada se parece com a Pelotas real. Para reverter esse cenário trágico e colocar Pelotas no rumo certo, precisamos de gestores que reúnam experiência, inteligência e empatia. Essa foi a escolha do PDT para termos uma Pelotas mais humana, cuidativa e responsável. Precisamos corrigir as profundas desigualdades sociais e só quem tem uma trajetória de vida compromissada com os mais vulneráveis pode realizar isso.
4. O porquê da opção partidária, quais princípios da sigla que levaram à identificação e filiação?
DAN E MABEL – O trabalhismo foi o primeiro movimento político na história brasileira a implementar as mudanças necessárias para transformar o Brasil num país de todos. O legado de Getúlio, Jango, Brizola e Ciro Gomes, demonstra que para haver soberania nacional e pleno desenvolvimento, é preciso corrigir desigualdades. Somente os governos que implementaram profundas reformas de base, é que conseguiram colocar nosso país entre as nações mais respeitadas do mundo. É a coragem de realizar o conjunto de ações estruturantes em prol do povo mais sofrido, que consegue corrigir desigualdades e trazer dignidade para a vida das pessoas. Essa é a ideia expressa no Projeto Nacional de Desenvolvimento de Ciro Gomes e do PDT que trazemos para Pelotas nessa eleição. Queremos um governo que priorize os mais fracos e que traga um novo sentido para a vida das pessoas.
DM – Como avaliam a atual gestão no executivo pelotense?
DAN E MABEL – Esse é o governo que tem coragem para taxar os mais pobres e dar dinheiro para os mais ricos. A “política de cara nova” criou a taxa do lixo, aumentou o IPTU e cobra uma das passagens de ônibus mais caras do interior do Estado. Agora busca um terceiro mandato para criar a taxa da iluminação e para privatizar a água! É também o governo que mais maltrata os servidores públicos, com péssimos salários e condições de trabalho. Os trabalhadores da educação e da saúde, por exemplo, sofrem nas mãos da atual gestão. Quando o assunto é bairros e vilas da cidade, o governo só aparece para arrecadar o dinheiro de quem menos tem. Pavimentação, iluminação, saneamento, transporte e segurança praticamente não existem faz tempo. Nossos jovens precisam ir para outras cidades para procurar trabalho e realização profissional. O mesmo acontece com os nossos trabalhadores da cultura, que foram abandonados pela atual gestão. Em Pelotas, sobram problemas!
DM – Qual o projeto à saúde pública, como ampliar o acesso ao atendimento qualificado?
DAN E MABEL – Pelotas está entre as cidades do Rio Grande do Sul que menos investe em saúde, e a que apresentou até agora a pior gestão no combate ao novo coronavírus. Precisamos valorizar os profissionais de saúde, com foco na garantia do direito constitucional à saúde, com atenção integral, desde a atenção primária até à alta complexidade. Para isso, pretendemos caminhar na direção da implantação de, no mínimo, uma Unidade Básica de Saúde no horário noturno, em feriados e finais de semana em cada distrito sanitário e zona rural, fortalecendo ações de prevenção e atenção à saúde domiciliar (médico de família). Na nossa gestão, a saúde irá até a casa das pessoas. Além disso, pretende-se analisar a viabilidade de implantação de uma Central de Teleagendamento, canal de comunicação direta com a população, para atender demandas por informação, realizar triagem, fazer encaminhamentos e atendimento inicial aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Iremos planejar o aumento de leitos públicos e restabelecer a capacidade laborativa das pessoas que estão à espera de cirurgias eletivas, em diferentes especialidades médicas, entre outras ações. Também teremos o desafio de imunizar, com maior rapidez e organização, a população de Pelotas, assim que a vacina da Covid-19 estiver disponível. Para isso, implementaremos o programa Pelotas Vacina.
DM – Propostas para a educação no município, a chapa compromete-se com o pagamento do piso salarial dos professores?
DAN E MABEL – Precisamos transformar a prioridade retórica em prioridade orçamentária. Por isso, garantiremos os recursos necessários para a valorização dos trabalhadores da educação, e para a implementação das escolas em tempo integral, emancipatórias e democráticas, desde a educação infantil até a educação básica, no próprio bairro. Defendemos o legado de luta pela educação que vem de Darcy Ribeiro e Leonel Brizola, não vemos o investimento maciço em educação básica somente como um projeto de diminuição das desigualdades ou qualificação do trabalhador, mas, sobretudo, como possibilidade de emancipação humana.
DM – Como alavancar a economia pós-pandemia, diminuindo o desemprego e a pobreza?
DAN E MABEL – Nossa gestão terá como foco a promoção de desenvolvimento econômico de Pelotas e região, fortalecendo a estrutura do governo, articulando e mobilizando a energia e a criatividade de trabalhadores e empreendedores locais. Para isso, uma das ações será atuar na implementação, junto aos municípios vizinhos, da Região Metropolitana da Zona Sul, propiciando soluções capazes de atender os interesses sociais e econômicos de forma integrada e colaborativa. Iremos atuar na prospecção e identificação da capacidade local e regional de potencialidades humanas, conhecimento e tecnologia para fomentar atividades de empreendedores locais, visando a criação de empregos e a geração de renda. Para isso, uma das iniciativas será analisar a viabilidade de se constituir um Programa de Incentivo à Geração de Trabalho e Renda de Pelotas (ProPel), tendo como um dos seus objetivos favorecer a criação e o crescimento de micro e pequenas empresas, reduzindo a burocracia, e ampliando as linhas de fomento com o Programa Retoma Pelotas.
DM – Em Pelotas, 70% dos servidores recebem complementação salarial para chegar ao salário mínimo, e o Sindicato dos Municipários tem projeto de Plano de Carreira, que ainda não foi implementado. Qual a política para os servidores municipais, a relação com o SIMP, e a postura diante de uma reforma administrativa, em âmbito federal, que pretende desmantelar a função pública?
DAN E MABEL – Iremos revisar e atualizar o plano de carreira municipal e caminhar na direção do cumprimento da lei nº 11.738 de 16/07/2008, que regulamenta o piso salarial. Para isso, iremos não apenas retomar o diálogo com os municipários, que foram abandonados pelos últimos governos, como os traremos para as tomadas de decisões por meio de uma governança colaborativa. Para nós, governo que dá certo é governo que ouve e governa junto.
DM – E temas como a segurança pública, meio ambiente, patrimônio histórico e a valorização da economia da cultura?
DAN E MABEL – O Pacto Pela Paz se transformou numa peça publicitária, cujos resultados são maquiados e não refletem a realidade de insegurança de Pelotas. Precisamos caminhar para uma segurança cidadã, realista, efetiva e eficaz. Valorizar nossa Guarda Municipal e descentralizar suas ações especialmente para a zona rural, bairros e praias. Precisamos investir em equipamentos, inteligência e estratégia e estabelecer políticas públicas para corrigir os problemas que dão origem à criminalidade.
Pelotas é referência por seu patrimônio ambiental e cultural. Nossos banhados, mata atlântica, cachoeiras e praias criam um cenário único. Os saberes e fazeres tradicionais, passados de geração em geração, dão vida à diversidade do nosso patrimônio. Meio ambiente e patrimônios precisam deixar de ser encarados como um problema e serem vistos como uma potencialidade pelo poder público, especialmente com vistas ao turismo ecológico e cultural.
A cultura traz sentido e razão para nossa vida e por isso, junto com a educação, é o pilar de um povo. As políticas públicas de cultura em Pelotas precisam ser revigoradas e nosso gestão terá como foco a cultura viva! Precisamos valorizar os nossos fazedores da cultura e descentralizar de uma vez por todas os mecanismos de gestão da Secretaria de Cultura de Pelotas, que ainda não superou a cultura das charqueadas e do baronato.
DM – Em relação ao déficit habitacional, saneamento básico e mobilidade urbana?
DAN E BARBIER – Em meio a crise pandêmica, 63 famílias foram despejadas de suas casas na Nova Coruja. Enquanto isso, não faltam prédios e casas abandonados em nosso município. A falta de uso do banco municipal de materiais de construção, e a falta de incentivos aos projetos de habitação popular serão corrigidos em nosso governo. Da mesma forma que o saneamento básico, especialmente em regiões de vulnerabilidade social. Precisamos aperfeiçoar nosso sistema de distribuição e controle de águas e esgoto, bem como ampliar o tratamento nas Estações de Tratamento do SANEP.
Os problemas de mobilidade começam quando as pessoas possuem dificuldades de sair de suas casas, especialmente nos períodos de chuva. Precisamos rever as questões de transporte coletivo para transformá-lo num transporte barato, ágil, seguro e confortável. Precisamos mais do que ciclovias, precisamos de ciclo-rotas conectadas. Precisamos também corrigir os gargalos do trânsito na cidade. A cidade cresceu sem planejamento e gestão de cidade. Iremos implementar as melhorias necessárias a partir das técnicas que deram certo nas cidades inteligentes, um dos eixos que irão guiar nossa gestão.
DM – Avaliação dos dois anos do governo Bolsonaro.
DAN E MABEL – O governo Bolsonaro é uma tragédia para o povo brasileiro e precisa ser derrotado para que as crises que se sobrepõem não sejam aprofundadas. Precisamos retomar a soberania nacional, o desenvolvimento e corrigir as desigualdades sociais que foram aprofundadas de 2016 pra cá. Nosso povo está desempregado e passa fome, essa é a tragédia brasileira criada por Temer e Bolsonaro.