Eletrosul inaugura maior parque eólico do Rio Grande do Sul
O Rio Grande do Sul, que já é um dos estados do País com maior capacidade instalada de geração de energia eólica – segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), são 1.082 megawatts (MW) em operação – teve um incremento de mais de 30% em sua potência instalada com o início da operação do Parque Eólico Geribatu, inaugurado pela Eletrosul ontem (28).
O parque em Santa Vitória do Palmar, no extremo Sul gaúcho, agregou 258 MW ao Sistema Interligado Nacional (SIN), reforçando a contribuição do Estado para a expansão da eólica na matriz elétrica brasileira. Os empreendimentos entregues – parque eólico e sistemas de transmissão associados – somam R$ 2,1 bilhões em investimentos.
Por se tratarem de importantes obras de geração e transmissão de energia elétrica previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2), a presidenta Dilma Rousseff participou da solenidade de inauguração.
Mais que o aspecto de reforço energético para a própria região e para o País, os empreendimentos eólicos têm contribuído com o desenvolvimento econômico dos municípios do extremo Sul gaúcho. Além de Geribatu, outros dois parques – Chuí e Hermenegildo – estão em implantação nos municípios de Santa Vitória do Palmar e Chuí. Juntos, formarão o Complexo Eólico Campos Neutrais, o maior da América Latina, com 583 MW de capacidade instalada, gerando, ao todo, aproximadamente 4,8 mil empregos diretos e indiretos, o que tem refletido não só na contratação de mão de obra local, como no aquecimento do comércio e do setor imobiliário das cidades.
Os governos municipais veem com otimismo a expansão da geração eólica na região. Em Santa Vitória do Palmar, por exemplo, a estimativa é de um aumento de aproximadamente 30% na arrecadação com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), com o início da operação do Parque Geribatu, o que possibilitará mais investimentos em setores básicos como saúde e educação. De acordo com o Secretário Municipal da Fazenda, Kleberson Maximila Silva, serão aproximadamente R$ 5 milhões a mais por ano no orçamento da prefeitura, que é de cerca de R$ 75 milhões. “Isso, sem contar os reflexos na arrecadação com o ISS (Imposto Sobre Serviços) das novas empresas que estão se instalando aqui, por conta do crescimento do município”, acrescentou.
Os proprietários das áreas onde estão os parques eólicos, a maioria pequenos produtores rurais, também terão um reforço no orçamento com a remuneração pelo uso da terra por parte do empreendedor, proporcional à receita líquida resultante da geração. Além disso, toda a região é beneficiada com melhoria de estradas e outras compensações previstas nos programas socioambientais dos empreendimentos.
ESTÍMULO AO TURISMO
Um dos segmentos que já tem observado mudanças no cenário econômico da região é o do turismo. As imensas turbinas eólicas – são quase 170 já instaladas (129 em Geribatu e 39 em Chuí) – têm atraído turistas de várias partes do País e, também, dos vizinhos Argentina e Uruguai. O Centro de Visitantes do Complexo Eólico Campos Neutrais registrou a passagem de mais de 8,3 mil pessoas, nos últimos 12 meses.
Alguns empresários estão atentos a essa movimentação, assegurou o coordenador de Tributação e Cadastro da Prefeitura de Chuí, Mário Augusto Cardoso. O número de pedidos de alvarás de funcionamento, segundo ele, triplicou de dezembro para cá. “A temporada de verão, certamente, teve influência nesse acréscimo, mas parte dessa demanda é decorrente das perspectivas de desenvolvimento da região”, afirmou, citando o exemplo de uma pousada e de um posto de combustíveis, que estão se instalando no município.
MAIOR PARQUE EÓLICO
O Parque Eólico Geribatu, com capacidade para atender ao consumo de aproximadamente 1,5 milhão de habitantes, é o maior dos três parques que compõem o Complexo Eólico Campos Neutrais (583 MW) e, também, o maior em operação no Rio Grande do Sul. Reúne 129 aerogeradores (2 MW de potência cada), distribuídos em dez usinas, que ocupam uma área de 47,5 quilômetros quadrados. A FIP Rio Bravo Energia I é parceira no empreendimento.
“Com a entrega desse parque, a Eletrosul, junto de parceiros estratégicos, passa a responder por quase 40% da atual capacidade de geração eólica do Rio Grande do Sul”, destacou o presidente da estatal, Eurides Mescolotto, lembrando que outros 144 MW do Complexo Eólico Cerro Chato, em Sant’Ana do Livramento, na fronteira Oeste, também já estão em operação. “A cada megawatt entregue, firmamos ainda mais nossa posição como maior player do mercado eólico do Sul”, acrescentou.
Geribatu, junto dos outros dois parques – Chuí (144 MW) e Hermenegildo (181 MW), nos quais estão sendo investidos R$ 1,7 bilhão – forma o maior complexo eólico da América Latina, projetando o setor elétrico gaúcho no mercado internacional de energia.
“O Rio Grande do Sul já tem mais de 1 gigawatt (GW) de capacidade instalada de energia eólica em operação, o que equivale a quase 13% de seu parque gerador. Com o desempenho crescente no aproveitamento da fonte, certamente, o Estado teve contribuição efetiva na colocação do Brasil entre as dez maiores potências eólicas do mundo”, destacou o diretor de Engenharia e Operação da Eletrosul, Ronaldo dos Santos Custódio, referindo-se ao levantamento de 2014, do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês). Especialista em energia eólica, o executivo coordenou a atualização do Atlas Eólico do Rio Grande do Sul, lançado no final do ano passado, que apontou potencial de 102,3 GW à altura de 100 metros e de 245,3 GW a 150 metros.
SISTEMA DE TRANSMISSÃO
Para escoar a energia dos parques eólicos e integrar a zona Sul do Estado ao Sistema Interligado Nacional (SIN), favorecendo o desenvolvimento do potencial econômico da região, foi implantado um novo sistema de transmissão, que compreende quase 470 quilômetros de linhas de extra-alta tensão (525 kV), três novas subestações (Santa Vitória do Palmar, Marmeleiro e Povo Novo) e a ampliação da Subestação Nova Santa Rita, em um investimento aproximado de R$ 900 milhões. Esse empreendimento foi viabilizado pela parceria entre Eletrosul e Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica (CEEE-GT), sócias na Transmissora Sul Litorânea de Energia (TSLE).
O trecho Sul desse sistema, com cerca de 200 quilômetros, está escoando a produção do Parque Eólico Geribatu, por meio da conexão na SE Povo Novo com o sistema de alta tensão composto por quase 290 quilômetros de linhas (230 kV) e uma nova subestação, Camaquã 3, pertencente à Transmissora Sul Brasileira de Energia (TSBE) – empresa constituída pela Eletrosul e Copel.
O trecho Norte do sistema da TSLE, com 268 quilômetros de linhas em 525 kV, interligando a SE Povo Novo com a SE Nova Santa Rita, que opera em teste, reforça a conexão ao SIN e garante maior confiabilidade no escoamento da geração eólica do extremo Sul e sua disponibilidade na Região Metropolitana de Porto Alegre.
NOVOS EMPREENDIMENTOS
Considerando o crescimento do Rio Grande do Sul e o potencial de geração eólica ainda a ser aproveitado, o Ministério de Minas e Energia (MME) previu novos reforços no sistema de transmissão gaúcho. Foram leiloados, em novembro do ano passado, mais 2,1 mil quilômetros de linhas em extra-alta (525 kV) e alta tensão (230 kV) e oito novas subestações – empreendimentos arrematados pela Eletrosul, que somam R$ 3,27 bilhões em investimentos. Parte das linhas compõe o segundo circuito do sistema de transmissão da TSLE entre Santa Vitória do Palmar e Nova Santa Rita. Outra parte, reforça o sistema da região de Sant’Ana do Livramento, onde a Eletrosul está executando obras de ampliação do Complexo Eólico Cerro Chato, com a implantação de mais 72 MW. Ao todo, o complexo terá 216 MW.