ENCONTRO DE CORDAS : Acordes sincronizados para uma orquestra profissional
Durante quase dez dias, Pelotas sediou o 3º Encontro de Cordas Flausino Valle
Por Carlos Cogoy
O violinista e compositor mineiro Flausino Valle (1894/1954), chegou a ser chamado de “Paganini brasileiro”. E a comparação com o genial italiano, foi do maestro Heitor Villa-Lobos (1887/1959). Como forma de homenagear e celebrar o legado do talento mineiro, universidades têm realizado o Encontro de Cordas Flausino Valle. Em 2017, ocorreu na Universidade Federal do Acre (UFAC). Ano passado, foi na Universidade Federal do Ceará (UFC). Neste ano, foi a vez da UFPel, que sediou a terceira edição entre os dias 22 e 31 de julho. De acordo com o professor Tiabo Ribas (UFPel), houve a participação dos visitantes: Camerata UFC; Camerata Tapera das Artes; OSPA Jovem. Dos grupos locais: Orquestra Areal; Orquestra Estudantil Municipal; Orquestra UFPel; Projeto CordaSul Ensino Coletivo de Cordas da UFPel. Após semana com oficinas, no domingo houve concerto com os participantes na Catedral. Em destaque, nesta semana do encerramento, a presença do prof. Leonardo Feichas (UFAC), que tocou no violino de Flausino Valle. Para Tiago Ribas, a UFPel estreita a integração ao circuito do ensino de cordas do País, bem como estimula perspectivas locais. Entre elas, uma retomada da orquestra sinfônica.
ORQUESTRA – Ele explica: “Pelotas contou com uma orquestra sinfônica regular, entre 1947 e 1964, cujos músicos eram assalariados. A iniciativa foi extinta devido ao corte nas verbas. Mas durante o tempo em que durou, foi um eixo na música de concerto na cidade. A única vez em que se viu concretizado o projeto de uma orquestra efetivamente profissional – com músicos assalariados, e não apenas cachê – e atividades regulares, ou seja, ensaios semanais e concertos frequentes. Atualmente, temos tudo para reerguer a música de concerto autônoma em Pelotas. Há pessoas com vontade de aprender e muitos projetos já em andamento na comunidade e adjacências. Há um curso de música, com intensa atividade extensionista, e um público ávido, o que pode ser notado nas edições dos festivais do SESC. E destaco também o projeto de ensino coletivo na UFPel. Precisamos apenas de mais professores especializados em cada área das cordas friccionadas. Existe a possibilidade de colaboração com universidades federais próximas, em especial para professores de contrabaixo e violoncelo da UFSM. No entanto a dificuldade é trazê-los, sem mencionar que sua atuação seria esporádica. A ação mais acertada seria a ampliação do quadro de cordas no curso de música da UFPel, com professores em cada naipe da orquestra, no entanto esbarramos na falta de vagas para o curso”.
UFPEL – Desde 2011 está organizada a Orquestra UFPel. De acordo com Ribas, a “família das cordas é a espinha dorsal de uma orquestra sinfônica”. Porém, falta orientação especializada nas áreas de violoncelo e contrabaixo. Já no segundo semestre do ano passado, sob a coordenação de Ribas, teve início o projeto CordaSul. As aulas são gratuitas, e não há necessidade de proficiência do instrumento, mas é preciso possuí-lo. Trata-se de iniciação em instrumentos como violino, viola, violoncelo e contrabaixo. Numa parceria com o SEST/Senat e Embaixador, o CordaSul dispõe de espaços para os ensaios. Informações: [email protected]