Diário da Manhã

A Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D) realizou ontem um mutirão de fiscalização em cerca de duzentas unidades consumidoras em Pelotas.

A ação incluiu unidades consumidoras das ruas Marechal Deodoro e XV de Novembro, no centro, e envolveu 70 técnicos da Companhia que atuam em processos de combate às perdas comerciais. Este tipo de operação vem sendo realizado de forma mais intensa pela empresa nos últimos 60 dias em diversas localidades da área de concessão e tem o objetivo de combater o furto qualificado de energia elétrica e melhorar os serviços aos clientes regulares.

A ação de ontem resultou na prisão em flagrantes dos responsáveis por quatro estabelecimentos comerciais (uma fruteira, um mercado e uma ferragem na rua Marechal Deodoro e uma loja de roupas na rua 15 de Novembro). Agora, a empresa fará um levantamento de toda carga utilizada e dos valores consumidos e não faturados para cobrança através de processo administrativo.

O delegado da DRCP (Delegacia de Repressão aos Crimes contra o Patrimônio das Concessionárias e os Serviços Públicos Delegados), Luciano Peringer, que acompanhou o trabalho juntamente com o delegado Rafael Lopes, da Defrec (Delegacia de Furtos, Roubos e Entorpecentes), destaca que o furto qualificado de energia pode resultar em até oito anos de prisão. Segundo ele, esta prática ilícita traz também problemas à concessionária e a economia, como concorrência desleal e sonegação fiscal, valores que poderiam ser direcionados para a melhoria de diversos serviços à população.

“GATOS” foram registrados em estabelecimentos comerciais na área central da cidade

O gerente Regional da CEEE-D em Pelotas, Alexandre Madruga Ávila, observa que o combate aos desvios de energia estão nas prioridades da gestão porque afetam a qualidade da energia elétrica aos clientes regulares e resultam em prejuízos financeiros à empresa na ordem de R$ 200 milhões ao ano.

Ávila lembra que em agosto deste ano, a CEEE-D iniciou a campanha publicitária “Fez Gato. Pagou o Pato” com o propósito de alertar à população sobre os riscos do furto de energia. Através de diversas mídias, o trabalho que se estende até dezembro foi planejado para alcançar 80% do mercado da concessionária, composto por 1,6 milhão de consumidores em 72 municípios gaúchos.

O hotsite www.fezgatopagouopato.com.br centraliza todas as informações, além de disponibilizar dicas de como é possível fazer a regularização e também denunciar crimes de roubo de energia de forma anônima. Nesse período, quase seis mil denúncias já foram feitas através do canal. Os dados são recebidos e avaliados pelas equipes técnicas interna e externamente.

PREJUÍZOS COLETIVOS

O gerente da CEEE-D de Pelotas alerta para outras consequências da fraude de energia, como riscos de incêndios, choques elétricos e até mortes, fatores, segundo ele, suficientes para justificar a priorização desse programa pela Empresa. Ele exemplifica que a quantidade de energia recuperada através da solução dos casos de furto pela empresa nos últimos dois meses corresponde ao fornecimento de energia utilizado para atendimento do Hospital Moinhos de Vento, um dos maiores da Capital, por três meses.

AÇÃO conjunta entre CEEE e Polícia Civil combateu o furto qualificado

Ávila acrescenta que o segmento que apresenta maior quantidade de irregularidades, baseado nos dados da área de fiscalização, é a classe residencial. Em contrapartida, o segmento que apresenta maior valor financeiro de recuperação é a classe comercial, com 33% de tudo que é fiscalizado pela Companhia. Especificamente na Regional Sul, a média anual de fiscalizações é de quase seis mil unidades consumidoras, sendo quem em metade há algum tipo de irregularidade, que é desfeita pelos técnicos e, na sequência, cobrada pela Companhia.

“A partir dos novos investimentos e que incluem tecnologia, equipes e veículos, esse projeto será reforçado em toda Região Sul”, diz Ávila, informando que a Regional de Pelotas arrecadou, em 2016, um montante de R$ 3,5 milhões, resultados das autuações feitas sobre consumos não faturados.