Escolas em obras não têm condições de receber alunos
Depois de visitar três escolas municipais de educação infantil, o vereador Ricardo Santos (PDT), presidente da Comissão de Educação da Câmara, encaminha relatório ao Ministério Público, na próxima semana, em conjunto com o Conselho Tutelar e o Conselho Municipal de Educação, com imagens e fotos para mostrar que não existem condições de as crianças iniciarem as aulas enquanto as reformas não forem concluídas.
Além disso, em nenhuma haverá ampliação de vagas como a Prefeitura tem anunciado, disse o vereador.
Na blitz realizada ontem, acompanharam o vereador as conselheiras de Educação Rosângela Quevedo, professora de educação infantil e representante do Sindicato dos municipários e Taiane Corrêa, professora de educação infantil e assessora pedagógica do Conselho. Estavam presentes também os conselheiros tutelares José Francisco da Luz e Matheus Silva. Ricardo Santos pretende chamar a secretária municipal de Educação, Lucia dos Santos, para esclarecer o atraso nas obras e o início do ano letivo sem a possibilidade de os alunos da educação infantil poderem frequentar as aulas nos prédios inacabados.
“Todas as três escolas já estão com rachaduras nas paredes e outros problemas estruturais, comprovados pelos representantes do Conselho Tutelar e do Conselho Municipal de Educação”, afirmou o vereador. Na Escola Municipal Ruth Blank, localizada na Praça Dom Antônio Záttera, numa das salas de aula prometida para ser entregue em duas semanas, as rachaduras estão em duas paredes. No banheiro, os azulejos estão soltos e a parede já cedeu. No lado externo do prédio a rachadura tem mais de três centímetros.
A diretora da Escola, professora Márcia Madruga, disse que a Secretaria avisou que os problemas só serão resolvidos quando toda a obra estiver concluída. Enquanto isso, as aulas iniciam no dia 1º de março, em duas salas de aula – uma é a que está com rachaduras e mais o banheiro que apresenta problemas..
Durante a visita, Ricardo Santos constatou que em uma única sala estão funcionando a direção da escola, espaço para as seis professoras se acomodarem e cozinha. O projeto de reforma não contempla refeitório para as crianças. “Elas vão comer dentro da sala de aula”, explicou a diretora. Não é só isso. Para ganhar grades de proteção no entorno da escola, a Smed retirou do projeto a praça de brinquedos para os alunos. A futura sala da direção estará localizada no canto oposto à entrada da escola, o que dificultará a observação de entrada e saída dos alunos. Total da obra: R$ 540 mil.
VALORES ABSURDOS – Assim se manifestou o vereador Ricardo Santos ao verificar os valores de cada uma das obras nas escolas infantis visitadas. A Escola Érico Veríssimo, localizada no Navegantes é apenas um canteiro de obras. Nada ali indica que em 1º de março terá condições para receber crianças na faixa etária de quatro, cinco anos. A obra, orçada em R$ 979 mil, apresenta problemas que até mesmo quem não é da área de construção civil percebe. As portas de três banheiros não têm a medida padrão para uma pessoa adulta. Medem 58 centímetros de largura. Para as integrantes do Conselho Municipal de Educação, esse é um problema grave.
“Uma criança nessa faixa etária não vai ao banheiro sozinha, precisa de um adulto com ela. Não cabem duas pessoas num banheiro desse tamanho”, afirmou a professora Rosângela Quevedo. “Uma criança em cadeira de rodas nunca poderá usar um lugar assim”.
Mas a Escola Monteiro Lobato, no Simões Lopes, é a que acumula mais dificuldades. Atendendo berçário, maternal e pré, a Smed decidiu que a partir de 1º de março as aulas serão divididas em dois prédios. As crianças do berçário e do pré ficarão em duas salas no prédio que está em obras – cuja conclusão é prevista somente para julho – localizado no interior do bairro, e as demais permanecem no prédio atual, onde antes funcionava a Unidade Básica de Saúde, na Avenida Visconde da Graça.
O local é passagem de tráfego intenso de veículos, inclusive de ônibus e caminhões que entram e saem de Pelotas, conforme constatou o conselheiro tutelar Matheus Silva. Por esse motivo, o vereador Ricardo Santos vai encaminhar pedido para que a Secretaria Municipal de Trânsito disponibilize um agente para os horários de entrada e saída de alunos.
O prédio novo também apresenta rachaduras nas paredes, verificou o parlamentar, que pretende pedir uma análise do Ministério Público sobre as condições em que os bebês ficarão em meio à obra. “Em nossa visita enfrentamos muita poeira levantada pelo material de construção, é um ambiente completamente insalubre para crianças”, afirmou Ricardo Santos.