Esforço conjunto consegue moradia para família venezuelana indígena em Pelotas
Ação da Prefeitura, Cáritas Arquidiocesanas e comunidade garante residência durante seis meses para os seis adultos e duas crianças do grupo.
A família indígena oriunda da Venezuela, que esteve acampada na Praça Coronel Pedro Osório na semana passada, agora tem uma casa para morar. O imóvel foi conseguido, para um período de seis meses, através de um esforço conjunto que envolveu a Prefeitura de Pelotas, a Cáritas Arquidiocesana e comunidades religiosas em geral. A mudança ocorreu nesta sexta-feira (23) e, assim que chegou na casa, o grupo formado por seis adultos e duas crianças da etnia Warao recebeu doações de geladeira, panelas, botijão de gás, móveis, entre outras.
“Mais uma vez percebemos a força da mobilização social e da integração na busca pela solução para um desafio. Foi pelo trabalho de muitas mãos que se conseguiu construir essa alternativa para essa família”, disse Aline Crochemore, da coordenação do Pacto Pelotas pela Paz.
A Cáritas Arquidiocesana garantiu o primeiro mês de aluguel e os seguintes devem ser custeados por doações de comunidade religiosas e voluntários. “O processo tomou uma velocidade espontânea e as coisas foram se resolvendo. Essa é a segunda atuação da Cáritas em conjunto com a Prefeitura em benefício de indígenas, a primeira foi o assentamento de 16 famílias Kaingang na colônia Santa Eulália. Para nós é motivo de alegria”, contou Reinaldo Tillmann, da Cáritas Arquidiocesana.
O diretor do Theatro Sete de Abril, Giorgio Ronna, acompanhou o processo com a família Warao desde o princípio. Na semana passada, o grupo recebeu alimentos e roupas e foi encaminhado aos serviços disponibilizados pela Prefeitura, tais como Atenção Básica de Saúde, Restaurante Popular e Casa de Passagem, mas os indígenas não se adaptaram. Ronna buscou, então, conhecer mais acerca da cultura e dos costumes desta etnia e, na última segunda-feira (19), participou, junto ao secretário José Olavo Passos e integrantes da Secretaria de Assistência Social (SAS), de uma reunião virtual com representantes do ACNUR (Agência da ONU para Refugiados), que deu um aconselhamento específico para esse grupo.
“Foi muito importante conhecermos as peculiaridades da etnia Warao para saber como agir com eles”, comentou Ronna. Em breve, o ACNUR ministrará uma capacitação à equipe da SAS.
Outra preocupação da Prefeitura é desenvolver ações que valorizem o artesanato produzido pelos diversos grupos indígenas, como forma de estimular sua autossustentabilidade.
Com a expectativa de chegada de mais venezuelanos no município, a Prefeitura está criando um Comitê para estruturar e organizar os serviços oferecidos pela Rede de Acolhimento a Migrantes e Refugiados, de modo que haja plena comunicação entre as partes. O Comitê conta com representantes das secretarias de Cultura, Saúde, Assistência Social, Segurança Pública (Pacto Pelotas pela Paz) e Educação e Desporto.
Entenda o que são os Warao
Povo indígena que vive no delta do rio Orinoco (Venezuela). Existem mais de 49 mil pessoas que se identificam com esse grupo étnico, segundo o Censo venezuelano de 2011. Originário da língua Warao, a palavra significa “povo da água” ou “povo da canoa”.