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domingo, 24 de novembro de 2024

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ESPIRITISMO : Tolerância religiosa através da compaixão

31 agosto
09:24 2015

Hoje às 20h, “Psicofobia” será a segunda palestra do projeto “Luz para Todos”. Abertura sábado enfocou preconceito religioso

Por Carlos Cogoy

Preconceitos estão sendo debatidos no Centro Espírita Jesus – Praça José Bonifácio 52. Trata-se da sétima edição do projeto “Luz para Todos”, que anualmente proporciona reflexão sobre questões cotidianas. Nesta segunda às 20h acontecerá a palestra “Psicofobia”, que será proferida pelo psiquiatra Sérgio Lopes (Associação Médico Espírita/AME Pelotas). A abertura do seminário ocorreu no sábado com Gladis Pedersen de Oliveira (Federação Espírita/RS), abordando sobre a intolerância religiosa. O seminário terá atividades até dia 5 de setembro. A entrada é franca, mas organizadores sugerem a doação de quilo de alimento não perecível. Apoiadores: Federação Espírita do Rio Grande do Sul (FERGS); Liga Espírita Pelotense (LEP); programa Terceiro Milênio; Associação Médico Espírita (AME/Pel.); 1ª Promotoria Criminal de Pelotas; DIÁRIO DA MANHÃ; rádio Concórdia; TVC; Comunidade Terapêutica Renascer; Comunidade Terapêutica Santa Fé. Na internet: centroespiritajesus.org

Gladis Pedersen de Oliveira enfatizou o respeito e solidariedade

Gladis Pedersen de Oliveira enfatizou o respeito e solidariedade

PRECONCEITO – A regra de ouro consiste em sermos amigos do mundo e considerarmos toda a família humana como uma só. Quem faz distinção entre os fiéis de sua própria religião e os de outra, deseduca os membros de sua religião e abre caminho para o abandono, a irreligião. O recado de Mahatma Gandhi (1869/1948), foi lembrado por Gladis Oliveira na sua explanação sobre “Preconceitos religiosos, aceitar o outro como ele é”. A palestrante enfatizou a necessidade de qualidades que, desde a infância, devem ser estimuladas pela educação: bondade; benevolência; indulgência; interesse pelo outro; compaixão. Trata-se de contraponto a situações ainda recorrentes. A intolerância religiosa tanto está na causa de conflitos bélicos entre os povos, quanto acontece em nossa rua e bairro. Ela mencionou alguns episódios. Há seis anos numa cidade do interior gaúcho, disse Gladis, onde estava sendo organizado centro religioso, grupo transitava nas proximidades e gritava: “Bruxos, bruxos”. Em Porto Alegre, num congresso espírita no Plaza São Rafael, que reunia autoridades e lideranças comunitárias, a abertura com o médium Divaldo Pereira Franco teve de ser interrompida. A recomendação foi de policiais militares, pois havia alerta sobre uma bomba no hotel. Embora Divaldo alegasse que o espírito “Joanna de Ângelis” avisasse que não havia bomba, houve o cancelamento da cerimônia. Somente no dia seguinte, durante o almoço, Divaldo pôde concluir o pronunciamento. No entanto, enquanto ele expressava a mensagem de paz, numa emissora de rádio um líder “religioso” dizia: “Fechamos a boca do demônio”. Gladis também mencionou o apedrejamento de menina no Rio de Janeiro. O fato recente ocorreu após ela deixar um templo de religião afro.

RELIGIÃO – Didaticamente, Gladis explanou sobre a definição de preconceito: “Opinião antecipada sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos”. E ressaltou acerca do conceito de religião: “A ideia é religar, conectar-se com Deus”. Essa devoção, conforme afirmou, deveria servir à paz, justiça, ecologia e alteridade – relação com o outro. “O outro é meu irmão, e Deus é o pai. É uma ideia extraordinária, e implica na consciência de que somos filhos de Deus. E se Deus é o criador de tudo, então precisamos de humildade perante a vida. Assim, aceitar o outro como ele é, pois tem o direito de pensar diferente, manifestando-se com sua opinião. Nenhum irmão é semelhante. Não existe ninguém igual, desde o timbre de voz até a capacidade de raciocínio. E nós, espíritas, temos de oferecer o exemplo. Então sem entrar em litígio, mas nos aceitando como espíritos criados para a perfeição, cuja evolução depende do intelecto, conhecimento e cultura. Cabe exercitar o respeito ao estágio que o outro está, mostrando-nos solidários. E o outro pode expressar-se, mas não deve impor sua crença. Com ternura e gentileza, entre os povos e as pessoas é que criamos a paz”, disse Gladis.

Noite de abertura da sétima edição do projeto “Luz para todos”

Vocal Emoção, Gladis Oliveira, Antônio Dutra e Ely Bittencourt

 

INTOLERÂNCIA – A palestrante divulgou mensagem de Joanna de Ângelis através de Divaldo: “A intolerância é algoz de quem a cultiva, e o fanatismo que se lhe une é o filho espúrio e perigoso que se movimenta favorecendo a ignorância e o predomínio da força. Enquanto a intolerância e o fanatismo geram guerras, a gentileza e a liberdade produzem paz, facultando a alegria”. E acrescentou: “A intolerância é mazela da alma que torna irritadiça a pessoa que a sofre, impulsionando-a à tomada de atitudes duras e insensíveis quanto aos resultados. O fanático apresenta o comportamento que se lhe parece real e superior, se torna indiferente aos efeitos que advenham para aqueles que se movimentam em área diversa da sua. Autofascinados, querem salvar os demais, impondo as suas ideias, e, quando não aceitas, não se compadecem dos males que infligem, disfarçados em mecanismos salvadores”.

DIÁLOGO entre religiões é a base do Conselho do Ensino Religioso (CONER/RS). São catorze denominações que se reúnem para dialogar sobre a religião na educação escolar. Atualmente a presidência está a cargo dos espíritas. E Gladis contou sobre a reação de freira que integra o grupo. Como os recursos são escassos, num encontro na capital gaúcha, o grupo espírita conseguiu o local e alimentação aos participantes. Ao final do encontro, a religiosa católica agradeceu e, emocionada, disse que até então sempre que, iria passar em frente a um centro espírita, tratava de atravessar a rua.

ROSA Luxemburgo (1871/1919), ativista e pensadora marxista, foi citada por Gladis: “Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”.

Noite de abertura da sétima edição do projeto “Luz para todos”

Noite de abertura da sétima edição do projeto “Luz para todos”

 

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