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segunda, 18 de novembro de 2024

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ESTÁTUA VIVA : Casal show será tema de livro e documentário

25 novembro
08:38 2019

Valorizados em cidades da região, artistas de rua consideram Pelotas como desafio

Por Carlos Cogoy

O homem que conta tempo, e a boneca que conta história, título do livro cujo lançamento está previsto para 2020, e abordará a trajetória dos artistas pelotenses Francisco Carlos Godinho Teixeira e Lúcia Elena Dias da Silva. Além da publicação, que está sendo organizada por Lúcia Elena, eles também divulgam a produção de documentário sobre o “Casal Show”. A iniciativa é de estudantes FURG. Tanto na obra, quanto no filme, serão abordados os bons e maus momentos. Conforme o casal que, há sete anos foi convidado para o programa do apresentador Ratinho, o reconhecimento ao trabalho está nos sucessivos convites para eventos em cidades como Piratini, Pedro Osório, Turuçu, Canguçu, Rio Grande, Camaquã, Tavares e Santa Maria. Na cidade natal, no entanto, ainda persistem desafios.

Francisco Carlos completa trinta anos de arte de rua

Francisco Carlos completa trinta anos de arte de rua

VALORIZAÇÃO – No centro da cidade, a maioria do público que se depara com o casal, que traja figurino chamativo e mantém postura estática, compreende que é uma forma de sobrevivência, e a mensagem é positiva, uma descontração a quem transita pelo Calçadão. Mas, de acordo com Francisco e Lúcia, o trabalho tem seus dissabores. Permanecer ao ar livre, já implica na exposição ao frio e chuva. Porém, outros desconfortos poderiam ser evitados. E dependem de educação, pois o casal observa que, seguidamente sofre com preconceito e bullying. Na trajetória – Francisco completará trinta anos na arte de rua no dia 28, e Lúcia já está há dezessete -, também houve ocasiões em que foram furtadas as doações do público. Conforme relatam, alguém se aproxima e pega as moedas. O trabalho também já ocasionou incompreensão e intolerância, e Francisco foi agredido em via pública. Quanto à valorização, o casal compara que recebe convites de Prefeituras da região, para feiras e promoções. Em Pelotas, os artistas gostariam de atuar em atividades do poder público. No começo das apresentações, recorda Francisco, ele dispunha de contratos com lojas, mas atualmente têm ocorrido algumas restrições. E o casal menciona que encontra resistência para eventos como a Fenadoce, e espaços como o shopping e Parque Uma.

HISTÓRIA – Francisco Carlos até os seis anos vivia com a família no Areal. Devido aos maus tratos, fugiu de casa e foi viver na rua. Dormia num papelão ao lado da então farmácia Khautz, e ganhava trocados limpando túmulos, fazendo capina, e engraxando sapatos na antiga Rodoviária à rua Marechal Deodoro. Aos catorze anos foi localizado pela Brigada, e teve de retornar à família, onde permaneceu até os 22 anos, quando casou e foi sobreviver como pedreiro e pintor. Aos 27 mudou de ofício, e passou a confeccionar marionetes e bonecas artesanais. No centro da cidade, foi desafiado por uma senhora, que indagou se ele não dançaria com a boneca. Francisco gostou da ideia, e surgiu a performance “A dama e o vagabundo”. Já Lúcia Elena foi bailarina clássica, e teve aulas com Dicléa Souza. Como produtora de eventos, atuou na organização da 2ª Fenadoce. Ela e Francisco conheceram-se e, há dezessete anos, Lúcia integrou-se à arte de rua. Como Casal Show, eles dançam com bonecos. E como estátuas vivas, dispõem de quinze personagens. Alguns: Anjos do Amor; O conde e a fada do dente; Semeadores do Amor; Anjos de Prata. No Calçadão, ao transeunte que colabora, o casal oferece sementes de girassol. CONTATOS: (53) 9 9933.3363; 9 9966.5692.

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