Diário da Manhã

Auxiliar técnico e preparador físico do Tricolor, ele ainda é o elo com as categorias mais jovens, esperança para o futuro

Por: Henrique König

O Grêmio Atlético Farroupilha precisa se apegar nas coisas positivas para visualizar um horizonte ainda próspero. Talvez o verso do hino que “teu futuro é promissor” esteja em acordo com a proposta do Tricolor investir forte nas categorias de base. Com o calendário suspenso, é tempo de rever o planejamento, mas alguns caminhos parecem acertados no Nicolau Fico. Sobre a situação do grupo principal, que aguarda a Terceira Divisão Gaúcha, e sobre o projeto arrojado na base, a conversa é com Luciano Proença. Experiente no mundo do futebol, ele coordenava a base do Fantasma na sua volta ao clube, em 2017. Nas últimas duas temporadas, virou um elo entre as categorias e os profissionais no Fragata.

Luciano Proença

Proença começou no futebol em 2003 e esteve com o Farroupilha no biênio mais importante do século, 2005 e 2006, na primeira divisão do Campeonato Gaúcho, atuando na preparação física. Ainda em 2006 fez parte da comissão técnica do Xavante na Série C do Campeonato Brasileiro, período de viagens longas em um campeonato interminável em que o Brasil por vezes batia na trave, na busca para o acesso para Série B. Luciano acumula passagens por Balneário Camboriú, Glória de Vacaria e Esportivo. Deu um tempo nos gramados e se dedicou a ser personal trainer, fazendo novo uso de sua diplomação em Educação Física.

Em 2017, a volta para casa na Avenida Duque de Caxias, morada do Farroupilha. De prontidão, visualizou que a saída para os momentos difíceis vividos pelo clube é pela base. Da coordenação geral do projeto, hoje a parte de bastidor dele envolve esse link entre base e profissionais. O Farroupilha trabalha com as categorias sub-

15 e sub-17 e estava tratando da parceria com o Grêmio Porto-Alegrense, com visitas a Porto Alegre e Eldorado do Sul na busca da captação: de atletas e da filosofia que tem sido vencedora no clube da capital.

Luciano não poupa elogios ao Tricolor da região metropolitana quanto às categorias de base. São muitos os jogadores que saem do CT Hélio Dourado para desfilar futebol na Arena e em outros estádios. A adaptação dos jovens à forma de jogar com Renato Portaluppi tem rendido títulos anualmente aos profissionais e dinheiro em caixa para o superávit na gestão com Romildo Bolzan.

Assim é que o Farroupilha espera sair da agravada crise financeira. Formar atletas é um sonho no Nicolau Fico, para bancar as dívidas trabalhistas e avançar nos palcos do futebol gaúcho. “Em meio ao cenário local, estadual e nacional, vemos a base com um bom início. São quatro ou cinco finais de competições nesses anos, estamos fechando essa parceria com o Grêmio. De 8 a 10 jogadores da base vão compor o elenco profissional na Terceirona”, avalia Luciano Proença.

Pré-temporada e período da quarentena

“Estamos em contato constante com os atletas por whatsapp e o que a tecnologia nos fornece. Passamos atividades em vídeos e fotos para serem executadas pelos atletas. A maioria já estava treinando conosco entre 30 e 40 dias, de modo que passaram a conhecer como desenvolvemos os trabalhos”, comentou o preparador e auxiliar técnico.

A expectativa para começar a Terceira Divisão Gaúcha em abril era positiva. Luciano garante que a pré-temporada estava nos conformes, conseguindo antecipar atividades e com a realização de jogos-treino. “90% do grupo está bem encaminhado. São jogadores locais, de Pelotas e cidades da região”, reforça o discurso do responsável pelo futebol, João Degrandis.

A busca para fechar o grupo de trabalho seria com contratações pontuais, avaliadas pelo técnico Eugênio Lopes em parceria com a comissão e a direção. Luciano elogia o início da gestão de Félix Penedo como presidente, com o auxílio do ex-presidente Napoleão como presidente do conselho deliberativo. “Eles dão total autonomia para a captação de recursos para a base.”

Parcerias e procura por novos torcedores

Concurso democrático para eleição dos novos uniformes, que foram escolhidos pelo público e serão confeccionados, parcerias com a Universidade Federal de Pelotas e com o Grêmio FBPA, a Poética Esportiva de Carlos Vacaria e Gabriel Xavier com poesia e imagens que tornam o futebol mais artístico, tudo isso o Fantasma tem procurado fazer para novos aficionados se unirem ao clube.

Luciano revela um projeto ainda longe no horizonte, mas que daqui a pouco, para depois da quarentena, pode estar próximo. A ideia é organizar memoriais sobre a conquista gaúcha de 1935 e demais troféus do clube, mostrando fotos históricas e uniformes da camisa mais colorida entre as agremiações da cidade. A partir disso, organizar visitas de escolas para envolver os estudantes com o Fantasma. A exposição também visa chegar ao Centro no saguão da Prefeitura.

Uma proposta seria integrar novos cursos da UFPel ao Farroupilha, não somente os voltados às dinâmicas esportivas diretamente, mas também História e Museologia a serviço do Tricolor. Os corredores e saguões da Universidade Federal também podem se enfeitar com a rica história do Campeão por 100 anos.

É arejando novas ideias e com a força do torcedor e dos simpatizantes que o Farroupilha quer se manter ativo e assombrando. “Não fosse um clube de Pelotas, que assim como Caxias é um polo do futebol no estado, talvez não estivesse de portas abertas”, preocupa-se Luciano. Fica novamente o convite para a comunidade fragatense e pelotense abraçar o Fantasma, o mais querido da cidade.