Faz lembrar os anos 80…
Brasil atual repete virtudes da equipe que se tornou terceira força nacional.
Só os torcedores com mais de 30 anos é tiveram o privilégio de acompanhar uma fase tão espetacular como a atual do Brasil. O distante ano de 1985 era visto como referência de sucesso de uma equipe vencedora e quase que imbatível jogando no Bento Freitas. Vinte e nove anos depois, o Xavante recupera essas virtudes e vai fazendo história com o comando de Rogério Zimmermann. Mais um passo (vitória, empate ou derrota por diferença mínina) garante o Brasil numa inédita final de competição nacional. Se passar pelo Londrina, pega Tombense ou Confiança na decisão.
A equipe da década de 90 produziu seus ídolos: Lívio, Zezinho, Andrezinho, Silva e Hélio Vieira, entre outros. A atual vai também eternizando jogadores na história do clube. Alguns deles antes criticados. É o caso de Washington, que, aos 27 anos, alcança o ápice de sua trajetória no Brasil. O volante marca, sai para o jogo e ainda tem fôlego suficiente para fazer jogadas de ataque. Na vitória de 3 a 1 diante do Londrina, sábado, no Bento Freitas, ele foi novamente um dos destaques do time.
Rafael Forster é o líder de assistência para gol na equipe rubro-negra. Mas tem sido também o artilheiro de momentos decisivos. Foi dele o gol, cobrando pênalti, na vitória de 1 a 0 diante do São Paulo na final da Divisão de Acesso de 2013. O lateral acertou também a última cobrança de pênalti na decisão de vaga na semifinal da Série D, contra o Brasiliense. E marcou dois de falta diante do Londrina.
O fator Bento Freitas está novamente consagrado em números. Nos últimos três jogos em casa (todos por confrontos eliminatórios), o Xavante marcou nove gols e sofreu apenas dois. Uma prova da força ofensiva da equipe de Zimmermann.
Bate Pronto por Caldenei Gomes
Grande vantagem
Num confronto equilibrado de mata-mata, qualquer vantagem garantida no primeiro jogo é vantagem. Só que a conquistada pelo Brasil diante do Londrina é uma grande vantagem. O gol de pênalti feito por Chicão, já no final da partida, jogou um enorme peso nas costas dos paranaenses. O Londrina só elimina o Brasil se ganhar por 2 a 0 ou mais. Se tomar um gol, terá que marcar quatro.
A vantagem não se sustenta apenas no escore, mas na produção do Brasil ao longo deste Brasileiro da Série D e, notadamente, nos confrontos eliminatórios. A atuação de sábado foi novamente impecável. Desde os dois golaços de Rafael Forster, cobrando falta; passando pela neutralização do forte adversário no segundo tempo, até a entrada iluminada de Márcio Jonatan, que cavou (no bom sentido) o pênalti do terceiro gol.
A vitória contra o até então invicto Londrina é mais uma página nesta história bonita, emocionante e inesquecível que o Brasil vem construído nas duas últimas temporadas.
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Soberba
Nas entrelinhas da entrevista de Cláudio Tencati se notou um pouco de soberba quanto à capacidade do Londrina para desmanchar a vantagem do Brasil no Estádio do Café. Ele disse que o terceiro gol deixou mais difícil a tarefa do campeão paranaense, mas lembrou que uma situação semelhante foi superada nas semifinais do estadual contra o Atlético/PR: derrota 3 a 1 no jogo de ida e vitória 4 a 1 na volta.
Tecanti revelou que a dificuldade é até marcar o primeiro gol. Depois, o segundo ocorre no embalo. Ele esqueceu-se de cogitar a hipótese de seu time tomar um gol – pois aí terá que ganhar por 4 a 1 ou 3 a 1 (neste último caso, levando a decisão para os pênaltis). Por mais que o Londrina tenha qualidade, não é fácil fazer dois gols de diferença no time de Rogério Zimmermann.
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Incomum
Desde que retornou ao Bento Freitas, o Brasil perdeu apenas cinco vezes por mais de dois gols de diferença. Houve os 3 a 0 diante do Passo Fundo – logo na segunda partida do treinador no comando de uma equipe “herdada” de seus antecessores. Uma vez de 2 a 0 contra o Metropolitano pela Série D. Depois ocorreu derrota de 2 a 0 no jogo com o Atlético/PR, em Curitiba, pela Copa do Brasil.
Os 4 a 1 diante da Riopardense na Divisão de Acesso de 2013 entra na estatística, mas não pode ser levada em consideração. O Brasil já estava classificado para as quartas de final do segundo turno e jogou com os reservas. Tem ainda os 3 a 0 no Bra-Pel da Sul/Fronteira do ano passado. É claro que há o risco de perder por dois gols de diferença no sábado. Mas isso não é comum na trajetória recente do Xavante.
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Foto: Álisson Assumpção/DM