FEIRA DO LIVRO : DNA da corrupção e perversidade
Sexta às 19h na 45ª Feira do Livro de Pelotas, professor e escritor Oscar Brisolara estará autografando novo romance histórico. “O Beijo de Messalina” narra sobre a controvertida personagem da história romana. Muito além de aspectos biográficos, a obra também abrange reflexões sobre as estratégias na disputa pelo poder político, e a igreja caindo em tentação
Oscar Brisolara autografará “O Beijo de Messalina”
O fato histórico é da ordem do irrepetível. O fato perde-se e restam as narrativas, mais ou menos fiéis. Há os controvertidos. Estes têm motivado a criação literária do professor e escritor Oscar Luiz Brisolara – ex-docente na UCPel e FURG -, que na sexta estará autografando o terceiro romance. Na Feira do Livro de Pelotas, lançará “O Beijo de Messalina”. Patrono da Feira do Livro da FURG em 2016, publicou o romance histórico ano passado. Ele explica: “Não se trata de um tema histórico romanceado. Acontece que, sobre os temas históricos, há os livros considerados de história. Porém, sobre a história não há uma narrativa uniforme e consagrada. E algumas personagens da história, cuja narrativa é tida como histórica, são pura ficção. Criaram-se heróis que foram cafajestes. Mesmo muitos dos nomes da história consagrada possuem narrativas alternativas que alteram fundamentalmente seus perfis”.
MESSALINA era sobrinha-neta do imperador Augusto, fundador do Império Romano. Aos quinze anos, casou-se com o tio-avô Cláudio que, após a morte do imperador Calígula, assumiu o trono. Como imperatriz, no entanto, deparou-se com a ambição da prima Agripina, mãe de Nero. O autor acrescenta: “Como Messalina havia traído o marido, que sabia e não reagia devido à paixão que o unia à jovem imperatriz, Agripina passou a assediá-lo. Diga-se que também ela era jovem e formosa. Tanto insistiu que Cláudio abandonou a esposa, e se casou com ela. Messalina, porém, já tinha dois filhos com Cláudio. Resumindo: Messalina e os filhos, pela ação perversa do Agripina, foram, a primeira condenada à morte, e os filhos assassinados. Para tal, a perversa nova imperatriz, divulgou os mais terríveis atos da prima. Ora, a imagem de Messalina, deve-se muito mais à propaganda maldosa de sua prima do que a seus atos”.
DNA da corrupção e perversidade, emerge na investigação histórica do escritor pelotense. Ele menciona: “O objetivo de meu livro é maior do que os atos de Messalina. Busco mostrar que ela é o fruto de toda a perversidade do Império Romano em todos os sentidos. Ela é muito mais resultado de uma família que acabou com a república, e estabeleceu um sistema de poder dos mais perversos, corruptos e sutis que a história já viu. Digo mais. Demonstro que essa corrupção e perversidade vieram até nós e estão presentes no mundo hoje. Quem a transmitiu ao mundo moderno e ao cristianismo foi o Imperador Constantino, aquele que instituiu o cristianismo como religião oficial do Império Romano. Ele exigiu, para tal, participação na escolha dos papas. Deu um palácio da propriedade de sua esposa Fausta ao papa Melquíades, que vivia num esconderijo nos subterrâneos de Roma, e construiu a primeira grande basílica de Roma para o papa pregar e reger a Igreja, a Basílica de São João de Latrão. Melquíades faleceu menos de um ano após esse acordo. Constantino escolheu, então, o papa Silvestre I. Desde esse momento, os papas ficaram reis. Constantino, temendo ser assassinado, como havia acontecido com seus últimos predecessores, mudou a capital do império para o Oriente. Transformou a cidade de Bizâncio em Constantinopla. Mudou-se para lá e deixou os papas governando Roma ao lado de um de seus filhos. O imperador havia prometido ao papa converter o paganismo romano. No entanto, desde esse momento, foi-se paganizando o cristianismo. Os papas miseráveis e fugitivos tornaram-se príncipes e depois reis. Deu no que não poderia deixar de acontecer. Gradativamente, a perversidade do império impregnou a Igreja e o mundo todo. Assim, o beijo de Messalina atingiu a face do papa com efeitos que permanecem até hoje, como mostro em meu livro”.
CONTEMPORÂNEO – O professor Oscar compara: “Essa perversidade chegou a todos os países do mundo, alguns com maior e outros com menor intensidade. O que ocorre no Brasil hoje veio de lá, com certeza, e está na raiz de todos os governos dos últimos milênios”.
Oscar Brisolara prepara novos livros
Ainda neste ano, Oscar Brisolara estará lançando novo livro. O título ele ainda não revela. Mas o trabalho resulta dos estudos acerca da história. No cotidiano, aposentado, cedo segue para o escritório. Lendo e refletindo, vai escrevendo novas obras. Conforme diz: “Estou com diversos livros em andamento”.
OBRA literária de Brisolara já tem os títulos: “Sancta Lucrezia dei Cattanei”, que aborda sobre a igreja no período renascentista; “Dos segredos de Eva Braun”, apresenta reminiscências da infância e adolescência; “Há pó de estrelas pelas estradas…”, coletânea de crônicas e contos. O autor observa: “Minha principal fonte de venda é a internet, porque tenho muitos amigos nas redes sociais. Esses leem meus livros, comentam e divulgam, gerando novos leitores e novas encomendas”.
Por Carlos Cogoy
