FEIRA DO LIVRO : Estudos sobre Esparta
Nesta terça às 19h, pesquisas que contrariam os estereótipos sobre Esparta
Por Carlos Cogoy
Ainda predomina uma visão muito estereotipada sobre a cidade, que segue a inspirar simpatias e antipatias. É um estereótipo, de belicista, agrária, retrógrada e provinciana, construído em oposição a Atenas, que seria o oposto, democrática, comercial, progressista e cosmopolita. Esses estereótipos, enraizados na própria Antiguidade, foram discursos com fins políticos e militares, que foram reproduzidos ao longo dos tempos, até chegarmos na historiografia moderna. Mas o avanço dos estudos mostra uma Esparta real, muito mais diversificada que o estereótipo da Esparta militarista pode fazer pensar. Houve uma Esparta culturalmente dinâmica e articulada com o Mediterrâneo, lugar de circulação não só de mercadorias, mas de intelectuais, de artistas, de músicos. Buscamos trazer ao leitor, com a contribuição de pesquisas recentes, esta visão mais contemporânea, tentando ir além do mito da cidade belicista, e olhar para sua historicidade. Esparta não foi nem mais nem menos bélica do que Atenas, visto que a guerra era de modo geral um componente central da vida na Grécia Antiga. Informações dos professores e pesquisadores Fábio Vergara Cerqueira (UFPel), e Maria Aparecida de Oliveira Silva (Grupo Heródoto/Unifesp), organizadores da coletânea “Estudos sobre Esparta” (editora da UFPel), que será lançada hoje às 19h na 47ª Feira do Livro e Pelotas.
ENFOQUES – O livro divide-se em três partes, abrangendo os quatro grandes períodos da Antiguidade grega, percorrendo mais de mil anos de história: Parte I – Período Arcaico; Parte II – Período Clássico e Parte III – Período Helenístico e Romano. No volume, apresentação de Anderson Zalewski Vargas. Entre os autores, José Francisco de Moura e as “Considerações acerca do aumento do controle da vida social na Esparta do século VI a.C.”, Adriana Freire Nogueira (Universidade do Algarve/Portugal), é autora de “Esparta, o logos enganador”, Rafael Brunhara (UFRGS), aborda a poesia de Tirteu, e a organizadora Maria Aparecida de Oliveira Silva, enfoca “Malícia de Heródoto, segundo Plutarco”. Já a professora Maria Beatriz Borba Florenzano (USP), publica “Esparta: Arqueologia e História de uma pólis excepcional?”. O professor Fábio Lessa (UFRJ), participa com “Mulheres nas práticas esportivas: o caso de Esparta”. O professor titular do departamento de história da UFPel, Fábio Vergara Cerqueira, menciona: “Meu artigo trata de um par de irmãos gêmeos, Jacinto e Polibeia, heróis, ou divindades, espartanos, que receberam importante culto, ligado a ritual de passagem de adolescência e assimilação na sociedade de adultos.
Uma das principais festividades espartanas era organizada em sua homenagem, as ‘Jacíntias’, que proponho estudar neste texto. Entre vários aspectos que analiso, destacaria aqui dois: o componente homoerótico presente no mito de iniciação de Jacinto pelo deus Apolo, pois havia uma relação de amante/amado entre o deus e o herói, que se configurava ao mesmo tempo numa relação mestre/discípulo -; a importância da participação feminina na festa, reforçada pelas evidências arqueológicas encontradas na colônia espartana de Tarento, onde os indícios apontam que o culto a Polibeia era tão importante quanto o culto a Jacinto”. A obra também terá versão eletrônica gratuita, disponível em http://guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/prefix/4795/1/Estudos-sobre-esparta%20.pdf
COLETÂNEA “Estudos sobre Esparta”, conforme o prof. Fábio Cerqueira oferece textos acessíveis, com “material atualizado para informar adequadamente nossos estudantes e pesquisadores”.