Festival Internacional Sesc de Música chega à comunidade
Pensando em potencializar a democratização do acesso à música – um dos aspectos que identificam o Festival Internacional Sesc de Música, cuja programação é totalmente gratuita –, o evento preparou uma agenda especial direcionada à comunidade na sua décima edição, em Pelotas.
Além dos espetáculos e recitais sediados no Centro Histórico, como no Theatro Guarany e Bibliotheca Pública Pelotense, atividades descentralizadas levam o melhor da música instrumental aos bairros, hospitais, igrejas e associações.
“A ação cultural tem que acontecer nos mais diferentes espaços; ela não é exclusiva de um teatro, de um palco ou de uma casa de espetáculos. A cultura também pode se dar no auditório de uma escola e no pátio de uma associação comunitária, por exemplo. A música se presta pra isso”, destacou o gerente de Cultura do Sesc/RS, Silvio Bento.
Na quarta-feira, foi a vez do Instituto São Benedito ser palco para o Festival, acompanhado por dezenas de pessoas que foram envolvidas pelo ritmo e melodia do Regional de Choro Latino. O intercâmbio cultural, proposto pelo Festival Internacional, foi levado à risca pelo grupo, composto por sete músicos do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraíba e, ainda, do Uruguai e da Argentina.
Como resultado, a sinfonia que preencheu o salão principal do prédio histórico, fruto da harmonia originada pela mistura dos sons do bandolim, violão, pandeiro, saxofone e violino – este último tocado pela artista argentina, Lucia Arras. O professor Elias Barbosa anunciou o repertório, responsável por encantar os presentes, desde os mais novos aos mais velhos. É o caso da pequena Lívia, 6 anos, que chegou a levantar da cadeira para seguir o embalo do choro.
A mãe da menina, que é autista, Rosângela Dalpaz, conta que a sua relação com a música é a mais positiva possível. “Acalma muito a Lívia, e a deixa muito feliz”, disse. Desde os 4 anos, ela tem aulas com instrumentos, entre eles, o piano. Questionada sobre o seu preferido, a menina é enfática ao dizer que todos chamam sua atenção.
Quem também aproveitou a atividade no Instituto foi a turista espanhola, Benedicta Olivares, de 44 anos, que coincidiu seu período de visita à cidade com a realização do Festival Internacional. “A música é muito animada; faz a gente querer dançar”, comentou, referindo-se ao típico choro brasileiro. Bene, como prefere ser chamada, tem marcado presença em diversas atrações do evento. Acompanhou, já no primeiro dia, a apresentação da Orquestra de Câmara do SESC Roraima, na tarde de segunda-feira, na Bibliotheca, e disse ter ficado especialmente tocada pela performance do tenor Juan Alexis ao cantar “Granada”, uma canção de sua terra. Bene também acompanhou a apresentação do Grupo de Cordas na Beneficência Portuguesa, na terça-feira, e elogiou a programação direcionada aos hospitais: “É algo que nunca vi acontecer no meu país”.
FESTIVAL PRESENTE
O gerente de cultura do Sesc também ressaltou a importância de possibilitar o acesso à música a quem não consegue ir até o Centro da cidade, por motivos diversos. “A arte vai ao encontro destas pessoas”, reforçou. Bento também salientou o aspecto pedagógico inerente ao Festival, que possibilita a integração de nacionalidades e regiões diferentes conduzida pela música.
Apresentaram-se, nesta quarta, os músicos Marlon Yuri, do Rio de Janeiro; Marcelo Pinto, Caroline Guarniere e Elias Barbosa, do Rio Grande do Sul; Cledinaldo Alves, da Paraíba; Lucia Arras, da Argentina; e Andre, do Uruguai. O Instituto São Benedito atua nas áreas de assistência social e educação e atende 100 meninas da cidade, com aulas de reforço escolar, ballet e jazz.