Fim do veraneio marca retorno dos pinípedes na costa do Rio Grande do Sul
O Projeto Pinípedes do Sul, patrocinado pela Petrobras, monitora mensalmente os pinípedes no litoral do Rio Grande do Sul (RS). Com esse trabalho, foi possível constatar que todos os anos repete-se a mesma rotina: os animais passam o período de dezembro a fevereiro nas colônias reprodutivas do Uruguai e retornam ao Brasil em março.
Esse deslocamento é um padrão observado há anos por pesquisadores do Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA). Este ano, mais uma vez observou-se o mesmo comportamento, com o registro de 76 leões-marinhos que ocuparam o Refúgio de Vida Silvestre do Molhe Leste (em São José do Norte) em março, para alimentação e descanso.
Em fevereiro foram realizadas duas saídas de monitoramento: uma no início do mês, com o registro de 17 leões-marinhos, e outra na segunda quinzena, com o registro de 43 leões-marinhos. Os dados apontam para o número crescente dos pinípedes na costa gaúcha. Estes animais são abundantes no litoral do estado durante o inverno e a primavera, principalmente nos Refúgios de Vida Silvestre (REVIS) do Molhe Leste e da Ilha dos Lobos (Torres).
Esse período de maior ocorrência acontece com o retorno dos pinípedes das colônias reprodutivas da costa do Uruguai, como o Parque Nacional de Cabo Polonio e a Ilha dos Lobos (Punta del Este). É nesta ilha que se encontra praticamente 50% da população de lobos-marinhos, que se distribui do Peru, no Oceano Pacífico, até o sul do Brasil, no Oceano Atlântico. A população mundial de lobos marinhos é de 400 mil espécimes, enquanto a de leões marinhos conta com 275 mil indivíduos. O Uruguai e a Argentina concentram as colônias reprodutivas desses animais, com 6 e 70 colônias, respectivamente.
A população de leões e lobos marinhos no Uruguai e no Rio Grande do Sul foi apresentada pelo colaborador do Projeto Pinípedes do Sul, Kleber Grübel da Silva, em sua tese de doutorado na Universidade Federal do Rio Grande (FURG). O trabalho resultou nos totais de 18 mil leões-marinhos e 300 mil lobos marinhos no Uruguai, enquanto no estado do RS temos a estimativa de 455 leões marinhos e 277 lobos marinhos.
Reprodução dos pinípedes
Estes animais de corpo fusiforme, coberto por pelos e com cauda reduzida realizam a cópula em terra e geram um filhote por ano em regiões frias. Nessas regiões, graças às suas densas camadas de gordura, os pinípedes conseguem manter sua temperatura entre 36 e 37 graus, o que é ideal para sua sobrevivência.
Primeiros registros e pesquisas
Com diversos fatos históricos marcando a ocorrência dos pinípedes, a comunidade científica gaúcha despertou seu interesse pela pauta e começou em 1977 a desenvolver pesquisas a respeito da ecologia e a dinâmica da ocorrência do grupo. Os primeiros autores a publicar sobre o assunto foram os pesquisadores Hugo Castello e Cristina Pinedo.
As sete espécies de pinípedes que ocorrem no RS
Nas áreas onde ocorrem os pinípedes no Rio Grande do Sul, Refúgios de Vida Silvestre do Molhe Leste e da Ilha dos Lobos e praias, existe o registro de sete espécies de pinípedes, pertencentes a duas famílias: focídeos (focas e elefante-marinho) e otariídeos (lobos e leões marinhos).
As espécies mais frequentemente observadas aqui no estado são o leão-marinho-sul (Otaria flavescens) e o lobo-marinho-do-sul (Arctocephalus australis). Já o elefante-marinho-do-sul (Mirounga leonina), a foca-caranguejeira (Lobodon carcinophaga), a foca-leopardo (Hydrurga leptonyx), o lobo-marinho-antártico (Arctocephalus gazella) e o lobo-marinho-subantártico (Arctocephalus tropicalis) são de ocorrência ocasional.
Sobre o Projeto:
O Projeto Pinípedes do Sul, que tem o patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, tem o objetivo de reduzir as ameaças à conservação das espécies de Pinípedes, que constitui o grupo de mamíferos marinhos que inclui as focas, leões e lobos-marinhos. O projeto, que também atua na conservação das tartarugas marinhas no sul do Brasil, visa aumentar o nível de proteção de duas Unidades de Conservação onde há grande concentração desses animais (Refúgio de Vida Silvestre do Molhe Leste, em São José do Norte e Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos, em Torres) e desenvolver atividades de educação ambiental junto às comunidades pesqueiras.