FOTOGRAFIA : O desafio da luminosidade retina adentro
Mostra fotográfica “O demônio da luz”, com imagens de Moizés Vasconcellos, abre quarta às 19h no Espaço Arte Chico Madrid
Por Carlos Cogoy
Catorze fotografias sendo que algumas foram publicadas no livro “O demônio da luz”. Imagens de autoria do repórter-fotográfico Moizés Vasconcellos, que estarão na mostra que abrirá amanhã às 19h no Espaço Arte Chico Madrid da Sociedade Sigmund Freud. A organização está a cargo de Eduardo Devens, coordenador do departamento cultural da Sigmund Freud. No evento também acontecerá palestra. Às 20h, professora Carla Rodrigues Gastaud (UFPel), abordará “As cartas da Baronesa: o cotidiano por escrito”. O espaço arte está localizado à rua Princesa Isabel 280, conjunto 302 – esquina rua Gonçalves Chaves.
LUZ – Livro “O Demônio da Luz” foi viabilizado através de financiamento coletivo, e lançado ano passado. Conforme Moizés: “Quanto ao título, meu nome é Moizes ‘Daymon’ Vasconcellos ‘Luz’. Assim, embora pareça pretensioso, o título é apenas um trocadilho com meu nome de nascimento. A importância da luz é fundamental para o fotógrafo, é nossa matéria-prima básica. A luz é uma dádiva da natureza, temos que nos adaptar, entendê-la para apreciá-la em imagens, e não alterá-la. Acho estranho quando observo uma imagem maquiada, diferente do que estamos costumados a ver”. O livro, diz Moizés, foi sugerido por Nauro Jr e Gabriela Mazza. No volume, compilação de imagens, documentando vinte anos de fotojornalismo. A criação foi da equipe Nativus Designer, com edição da Satolep Press. O livro pode ser adquirido na Livraria Monquelat, Vanguarda, Diabluras Gastronômicas, Bem Brasil e Mercado Central.
EXPERIÊNCIA – Moizés menciona acerca da trajetória profissional: “Entre Zero Hora e Diário Popular, foram vinte anos de trabalho. Quanto ao aprendizado no fotojornalismo, a foto é um documento visual do fato, uma testemunha, portanto, inalterável. Foto boa é foto cedo! E não há foto que valha uma vida! Quanto à relevância, fotografamos o início, o meio e o fim da vida humana, uma boa foto tem que ser tecnicamente boa, com informação e de preferência esteticamente bela. Um fotojornalista tem que ter caráter, respeito com a dignidade humana e profissionalismo. A técnica é aprendida ao longo dos anos, a experiência vem do cotidiano nas redações e na rua. Fotografamos com a nossa cultura, com os livros que lemos, com as músicas que ouvimos e com as pessoas que conhecemos”.
TRAJETÓRIA – Desde 2010, Moizés ministra curso básico de fotografia. Ele observa que as câmeras estão mais complexas, o que aumenta a necessidade de orientação prática e teórica. Em mostras coletivas, participou de exposições ao lado dos colegas Nauro Jr, Carlos Queiroz, Paulo Rossi, Jô Folha, Marco Maciel e, como exalta, o “saudoso e genial Vilmar Tavares”. Há onze anos, Moizés recebeu prêmio na área de Direitos Humanos. “Sobreviver no jornalismo nesses tempos superficiais, já que virou modinha de alguns, bem nascidos, não é mais a mesma coisa de quando começamos. Isso já é um baita prêmio”, frisa. As fotos da mostra “O demônio da luz”, poderão ser comercializadas.
Moizés metalúrgico, professor e ator
Trabalhador na área metalúrgica, comerciário e professor. Algumas das atividades de Moizés Vasconcellos, que nasceu em Caçapava, mas é de família bajeense. Aos dezenove anos, com a mãe e irmãos, moradia em Pelotas. A família residia na Guabiroba, Moizés trabalhava durante o dia e estudava à noite. Foi assim que cursou a licenciatura em história. Durante período, lecionou no ensino médio. Posteriormente, especializou-se em memória e fotografia.
FOTOGRAFIA – “Venho de uma família de proletários, assim, qualquer atividade está para mim relacionada ao trabalho. Sempre achei a fotografia muito interessante, e quis torná-la uma atividade profissional prazerosa. Aos 28 anos comprei uma câmera Zenit 122, analógica. Com ela, aquela história, botei na mochila e com uma bicicleta fui à luta. Percorria os bairros da cidade como fotógrafo itinerante. Na época não havia curso de fotografia em Pelotas, usei apenas o manual da câmera e a bula da caixinha dos filmes”, recorda. Um ano depois, amizade com Nauro Jr, e mais conhecimentos técnicos. Após dois anos como freelancer em ZH, ingressou no DP.
ATOR – Garçom no tradicional bar Pássaro Azul à avenida Bento Gonçalves. Não foi ofício, mas interpretação. Moizés atuou no curta “Blue Bird”, criação do coletivo Fio da Navalha Arte e Comunicação, com direção de Fabiano Gonçalves e Carla Ávila.