FOTOGRAFIA : Olhares compartilhando novos significados
Por Carlos Cogoy
Eles tem entre sessenta e 87 anos. Entre as atividades que desempenharam, enfermagem e prestação de serviços na área técnica. Integrantes do grupo “Maturidade Ativa” – iniciativa do SESC com diferentes opções a idosos -, estão expondo fotografias na Sala Frederico Trebbi – hall da Prefeitura. Desde março eles participaram da série de oficinas, ministrada pela artista visual, produtora cultural e fotógrafa Camila Hein. Dezesseis concluíram a formação e catorze estão participando da coletiva. No começo do mês, abertura contou com as presenças do secretário municipal Giorgio Ronna (Secult), e Luis Fernando Parada – gerente do SESC em Pelotas.
AUTORES das imagens que estão na exposição “Ressignificandolhar”: Dalva Margarida Rozales de Rozales; Dorina Garcia; Hetie Tavares Dias; Hilda Favero Marcant; Ioli Sbeghen Hoff; Leide Isabel Lopes Kabke; Marlene Costa, Norma Maria Ribeiro Klumb; René Conceição Duarte; Sonia Maria Belém Feijó; Maria de Fátima Tavares Kutter; Nirlete da Rosa Muniz e Vanda Maria Pinto Basílio. A perspectiva para 2015, conforme Camila, é de turmas para iniciante e também avançado.
APRENDIZADO – Camila informa sobre a metodologia desenvolvida: “Iniciei o trabalho com o conhecimento deles sobre o equipamento fotográfico. Muitos não tinham o hábito de fotografar com câmera digital e acabaram comprando pra usar no curso. Percebi no início, que eles tinham muita dificuldade com a parte da tecnologia e acabavam esquecendo. Daí resolvi mudar o foco e passei a trabalhar mais a ideia de como olhamos as coisas, deste olhar atento que a fotografia proporciona. E trabalhei coisas como composição, enquadramento, tipos de fotografia, texturas, reflexos, mas sempre buscando mais os detalhes, aquilo que não estamos habituados a ver. Com o tempo, tornou-se mais fácil o conhecimento acerca do equipamento que dispõem. Eles trabalharam com máquinas compactas simples, sendo que alguns adquiriram especificamente para o curso. O mais interessante é que, a partir disso, eles também foram mudando o olhar sobre a fotografia e o cotidiano”.
INTERAÇÃO – Para estimular e informar o grupo, Camila abordou sobre a sua própria trajetória, bem como a apresentação de outros artistas, fotógrafos, e compartilhou “revistas, catálogos e livros. Além disso, visitamos algumas exposições na cidade e fizemos várias saídas de campo para fotografar visitando locais como praças, Laranjal, igrejas e Bibliotheca Pública”.
EXPERIÊNCIA do trabalho, para Camila, com a maturidade ativa: “Gosto de trabalhar com diversos grupos. A maturidade para mim é muito interessante pois gosto muito do conhecimento que eles trazem de suas vivências sobre coisas simples. E são coisas que antes eram importantes como fazer pão, saber costurar, saber produzir o próprio alimento, plantar. Eles dizem inclusive que eu sou uma pessoa velha – pois me interesso muito pelos conhecimentos das pessoas experientes -, mas, na verdade penso que o mundo é cheio de conhecimento e podemos aprender muito com as pessoas e suas vivências. Me chama atenção que hoje muitos idosos pensam que seus conhecimentos não servem pra nada, que só a tecnologia é importante. Mas tento mostrar a eles o quanto é importante o conhecimento de mundo que tem. Uma enxada é tecnologia, foi inventada pelo homem, e a usamos quando sabemos como fazê-lo. Com o computador também é assim. A questão é dedicar um tempo ao aprendizado dessas novas ferramentas”.