FURG recebe primeiro Laboratório de Ensino Flutuante do Brasil
O “Ciências do Mar I” já está a caminho de Rio Grande e é um dos quatro navios que vão auxiliar na capacitação embarcada de estudantes nas quatro regiões do Brasil
A Universidade Federal do Rio Grande (FURG) recebe nos próximos dias o primeiro, de quatro navios que vão servir de Laboratório de Ensino Flutuante, aumentando a experiência embarcada de estudantes e a execução de estudos e pesquisas ligadas às Ciências do Mar, nas quatro regiões do Brasil. A FURG coordenou e fiscaliza, por meio de comissão formada por professores e técnicos da própria instituição, o processo de construção das embarcações padronizadas, que vão atender às universidades que possuem cursos na área. O “Ciências do Mar I” ficará sob gerência da FURG e os demais navios, ainda em processo de construção, estarão sob administração da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Universidade Federal Fluminense (UFF).
As embarcações foram projetadas e construídas no estaleiro Inace, em Fortaleza/CE. Foram receber oficialmente o primeiro navio, no último dia 14, o pró-reitor de Planejamento e Administração da FURG, Mozart Tavares Martins Filho, e o professor Luiz Carlos Krug, coordenador do Comitê Executivo para a Formação de Recursos Humanos em Ciências do Mar (PPG-Mar), colegiado em que surgiu a proposta de dotar o Brasil de meios flutuantes para dar suporte ao ensino de Ciências do Mar. A embarcação iniciou viagem no dia seguinte, permanecendo em Recife por alguns dias, devendo chegar ao Porto Velho de Rio Grande no início da próxima semana. A escolha da FURG para coordenar todo o processo de elaboração do projeto e construção das novas embarcações deve-se ao pioneirismo da universidade na área e a experiência obtida com a atuação do “Atlântico Sul”. O “Ciências do Mar I” passará a ser utilizado para ensino e pesquisa ligados à vida marinha, não só pela FURG, mas por todas as universidades da Região Sul (RS, SC e PR).
A construção destas embarcações é resultado de estudo desenvolvido no âmbito da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm) em 2013, por meio do Grupo Experiência Embarcada, do PPG-Mar, constituído por representantes da UFRPE, UFF e da FURG. O estudo identificou a carência de meios flutuantes para capacitar os estudantes dos diversos cursos em Ciências do Mar na operação de equipamentos, coleta e processamento de amostras no mar, sendo apresentado ao MEC pela reitora da FURG, Cleuza Maria Sobral Dias e pelo grupo do PPG-Mar. O MEC reconheceu a relevância da experiência embarcada para qualificar o processo de formação e fomentou a compra dos navios. A flotilha de embarcações padronizadas ficará sob coordenação e gestão das instituições líderes em cada região (FURG, UFMA, UFF e UFPE), dando apoio às operações de mar e elaborando a agenda de cruzeiros. Além de atividades de ensino, as embarcações também irão operar em atividades de pesquisa.
CONHEÇA O “CIÊNCIAS DO MAR I”
Conforme o estaleiro Inace, o “Ciências do Mar I” passou com sucesso pela fase de testes. Com 32m de comprimento total e 7,85m de boca, a embarcação é equipada com dois motores de 450 BHP de potência, cada um, de fabricação nacional. Atinge uma velocidade máxima de 11,4 nós, podendo manter uma velocidade de cruzeiro de 10 nós, com grande economia de combustível.
A embarcação dispõe de dois laboratórios e toda uma gama de instrumentos científicos, com receptores instalados em carenagens no fundo do casco, para investigar as camadas submersas do oceano e o leito marinho. É equipada com cinco guinchos e um guindaste, de capacidades diferentes, destinados a lançar e recolher coletores de amostras e efetuar operações de pesca.
O navio tem camarotes com capacidade total para o pernoite de 18 alunos e professores, além de acomodações para oito tripulantes. Possui amplo refeitório e uma sala de estar que podem ser utilizados para ministrar aulas e palestras. O passadiço (ponte de comando) é espaçoso, com visão a toda volta. A embarcação dispõe também de um segundo comando independente, voltado para o convés à ré, de onde pode ser totalmente comandada durante as operações que envolvam a utilização dos guinchos, ou na atracação. Este último recurso confere grande segurança para as operações.
PARCERIA
Conforme o pró-reitor de Planejamento e Administração da FURG, nos últimos três anos houve ampla colaboração entre os técnicos e professores da FURG e o estaleiro responsável pelo projeto e construção das embarcações. Mozart Martins diz que foram realizadas reuniões e visitas técnicas, que permitiram diversas melhorias visando aumentar o conforto a bordo para os futuros usuários (tripulação, professores, técnicos e estudantes). O estaleiro explica que ao longo da discussão do projeto foram efetuadas mudanças no casco para atenuar a ação das ondas, como o aumento do comprimento original de 30m para 32m, o aprofundamento da quilha em 50cm e o emprego de um bulbo na proa.
A troca de experiências e uso da tecnologia também resultaram em baixos níveis de vibração e ruído, visando reduzir interferências nos equipamentos de pesquisa. Outras modificações foram introduzidas, segundo o estaleiro Inace, inspiradas no “Atlântico Sul”. O estaleiro lembra que o atual navio de pesquisas da FURG está em operação há quase 40 anos e que “se apresenta como modelo de operação e administração por uma universidade federal”.