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terça, 16 de abril de 2024

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FUTEBOL E HISTÓRIA : Africanos foram boicotados de criar Copa das Nações na década de 50

19 janeiro
08:46 2022

Por: Henrique König

O Mundial de Clubes da Fifa é uma criação recente, formada para o século 21. Antes, as disputas entre clubes eram entre Europa e América do Sul, continentes que até hoje são os únicos a vencer os mundiais. Em Copas do Mundo, também houve disputas que não envolveram representantes de outros continentes, como Ásia e África. Em alta na atual temporada, a Copa das Nações Africanas (CAN), maior torneio de seleções do continente negro, já foi boicotada pelo poder europeu em outra oportunidade.

A disputa da primeira CAN seria em 1957. Um ano antes, em 1956, a Fifa considerou o continente despreparado. Na década de 50, o mundo se recuperava dos efeitos desastrosos da Segunda Guerra Mundial, que matou mais de 10 vezes o número da Covid-19 até aqui. Enquanto países da Europa se reintegravam com esforços da UEFA, na África alguns impérios de comando europeu permaneciam. Uma competição de países africanos daria força política ao continente colonizado.

Maior vencedor com sete títulos, Egito bateu Sudão e Etiópia para ser campeão africano na primeira edição, em 1957

Com a formação da ONU, em 1945, um dos compromissos entre os países-membro era o de aceitar a autodeterminação dos povos. A África tinha alguns países independentes, como Egito, África do Sul e Libéria. O Egito era o estandarte do continente, pois, através do presidente Nasser, mostrou força para negar o domínio britânico e se opor a Estados Unidos e soviéticos. Surgia no mundo um continente disposto a superar as barreiras da Guerra Fria (entre EUA e URSS). A Copa das Nações Africanas encorajaria as lutas nacionalistas pelo anticolonialismo europeu. O povo africano queria a independência.

O cartola egípcio Abdelaziz Salem presidiu um Congresso da Fifa em 1956 e propôs a criação de uma confederação africana (nos moldes da UEFA) e seu respectivo torneio. A Fifa vetou. A revolta dos africanos foi liderada pelo Egito, país que já havia disputado Olimpíada e Copa do Mundo de Futebol. Os africanos ameaçavam abandonar a alçada da Fifa, fazendo com que a entidade máxima permita a criação do torneio. No Sudão, em 1957, joga-se a primeira Copa Africana de Nações.

O país-sede foi o Sudão, justamente o último país a conquistar a independência naquela ocasião. Apesar do apelo como pontapé inicial, foram apenas três os participantes. A África do Sul seria a quarta equipe a disputar, mas, como ainda estava no regime criminoso do apartheid (separação entre negros e brancos), não entrou em consenso em formar uma seleção local. Entre os três participantes, o idealizador Egito foi o campeão.

Histórias africanas para muito antes do maior craque africano da atualidade, o egípcio Mohamed Salah. O atacante do Liverpool foi eleito pela Fifa o terceiro melhor jogador do mundo em 2021.

Fonte de informações: Copa Além da Copa

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