Gaúcha supera câncer ósseo e, após amputação, entra para o esporte com uso de prótese na perna
Osteossarcoma. O nome, que por si só já assusta, designa um tipo de câncer agressivo que atinge os ossos principalmente nas crianças e adolescentes, mas que também pode afetar adultos. E em cerca de 30% dos casos, a doença evolui de tal forma que é necessária a amputação de membros e a utilização de próteses para reabilitação dos pacientes, conforme dados divulgados pela Revista Rede Câncer, publicação do Instituto Nacional do Câncer (INCA). O desenvolvimento de próteses com tecnologia cada vez mais avançada permite que os pacientes que passaram pelo procedimento retomem as atividades diárias com mais segurança.
Este foi o caso da fisioterapeuta Stefanie Malinski, de 26 anos, que mora em Porto Alegre (RS). Em 2011 ela iniciou o tratamento de quimioterapia contra o câncer que atingiu o joelho e a tíbia esquerda (osso que faz parte da canela). Os médicos, a princípio, realizaram uma cirurgia que resultou na implantação de uma prótese interna na paciente, em uma tentativa de evitar a amputação. Porém, a limitação nos movimentos e as constantes dores em Stefanie tornaram a decisão pela retirada do membro mais próxima.
“Foram seis anos difíceis de limitação. Quando o médico me recomendou a amputação eu concordei rapidamente e minha família me apoiou. Eu entendi que seria melhor para mim considerando que as tecnologias disponíveis são avançadas e poderiam me ajudar na mobilidade”, explica a fisioterapeuta. Em abril de 2017 ela realizou a retirada do membro e dois meses depois fez sua primeira protetização (processo de implantação da prótese) na clínica da Ottobock de Porto Alegre, empresa alemã referência na produção desses equipamentos.
Novo joelho, mais independência
Em junho de 2022, a fisioterapeuta, que já utilizava próteses havia cinco anos, foi convidada pela empresa para a protetização de um novo joelho: o Dynion, lançado oficialmente durante a ABOTEC, evento da Associação Brasileira de Ortopedia Técnica, realizado este ano em Foz do Iguaçu. Apesar da diferença natural que acontece na troca de uma prótese por outra, Stefanie realizou testes e se adaptou bem ao novo equipamento. “Sinto mais segurança ao caminhar, descer rampas e escadas, mesmo que a prótese antiga tenha sido bastante importante para minha rotina. A tecnologia que uso agora é bastante avançada e permite que eu realize as atividades sem preocupação com a distribuição do peso corporal sobre a prótese. Isso me dá mais independência na hora da caminhada, por exemplo”, explica.
O joelho mecânico que a fisioterapeuta utiliza possui um mecanismo hidráulico de rotação integrado. Graças a essa tecnologia, os usuários podem lidar com velocidades diferentes na hora de andar e com diversos tipos de solo. O equipamento ainda possui um modo ciclismo, que permite à pessoa andar de bicicleta. O joelho ainda conta com uma trava manual, que fornece suporte para que o usuário possa permanecer em áreas úmidas ou ficar de pé por um período prolongado. O equipamento também é resistente à água, o que permite sua utilização no chuveiro, na água do mar ou em piscinas, por exemplo.
Das clínicas para as piscinas
O novo joelho utilizado por Stefanie também auxilia em uma atividade que ela começou a praticar alguns anos após a cirurgia: a natação. Ela iniciou no esporte em 2019 e desde então tem aumentado seus treinos e suas participações em competições, até mesmo em nível nacional. Em 2021, por exemplo, ela participou do Campeonato Brasileiro de Natação e, em novembro de 2022, esteve em uma competição local em Fortaleza (CE).
“É uma atividade para a qual tenho me preparado bastante e as próteses me auxiliam nos treinos. Vejo que paratletas estão cada vez mais preparados com o uso dessas tecnologias e isso me deixa animada para participar também”, comenta. Sobre possíveis presenças em eventos internacionais, ela é cautelosa, mas não descarta a possibilidade. “Pensar em competições fora do Brasil é claro que eu penso. Mas sei que existe um caminho longo pela frente, e estou confiante com a minha evolução”, explica.
Experiência de quem usa e estuda
Stefanie já fazia a faculdade de Fisioterapia antes de precisar da amputação, mas o uso da prótese fez com que ela se interessasse mais pelas tecnologias e pela troca de experiências com pessoas que precisam utilizar algum equipamento. Ainda que, na rotina diária de trabalho, ela não atue diretamente com pessoas que utilizem próteses, sempre que precisa realizar algum ajuste na clínica da Ottobock em Porto Alegre ou quando é convidada para algum evento da empresa, a gaúcha faz questão de compartilhar o que conhece com outros pacientes.
“Acho significativo e diferenciado para quem não conhece a teoria ouvir o que os estudos dizem sobre o uso de próteses a partir de alguém que atua na área, como é o caso da fisioterapia. Participar de congressos em que o assunto é abordado também é bastante importante”, comenta.
Sobre a Ottobock
Fundada em 1919, em Berlin, na Alemanha, a Ottobock é referência mundial na reabilitação de pessoas amputadas ou com mobilidade reduzida por sua dedicação em desenvolver tecnologia e inovação a fim de retomar a qualidade de vida dos usuários. Dentro de um vasto portifólio de produtos, a instituição investe em próteses (equipamentos utilizados por pessoas que passaram por uma amputação); órteses (quando pacientes possuem mobilidade reduzida devido a traumas e doenças ou quando estão em processo de reabilitação); e mobility (cadeiras de rodas para locomoção, com tecnologia adequada a cada necessidade). A Ottobock chegou ao Brasil em 1975 e atua no mercado da América Latina também em outros países como México, Colômbia, Equador, Peru, Uruguai, Argentina, Chile e Cuba, além de territórios da América Central. Atualmente, no Brasil, são oito clínicas, presentes em São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Recife e Salvador.