Diário da Manhã

Em um mês, a bola rola no Campeonato Gaúcho. São 12 times disputando uma competição curta, que será realizada de janeiro a abril. Os dois grandes (Grêmio e Internacional) tentam retomar o domínio doméstico. Os do interior sonham em repetir a façanha do Novo Hamburgo, que assombrou o Rio Grande do Sul em 2017 ao se tornar campeão. Os menos preparados têm que se preocupar com o rebaixamento: os dois últimos caem para a segunda divisão.

Nesta edição do Gauchão se observa treinadores identificados com o clube no comando das equipes ou profissionais que continuam no posto ou ainda aqueles que estão de volta ao local onde tiveram bons resultados num passado recente. No Grêmio, Renato Gaúcho não renovou ainda o contrato, mas a tendência é seguir na Arena. É um mito do Tricolor. Ainda mais depois do tricampeonato da América.

O treinador campeão de 2017 segue no Novo Hamburgo. Beto Campos teve passagem relâmpago por Náutico e Criciúma, mas retornou ao Estádio do Vale para defender o título gaúcho. A Dupla Ca-Ju promoveu a volta de técnicos que são respeitados por trabalhos bem-sucedidos anteriormente: Luís Carlos Winck no Caxias e Antônio Carlos Zago no Juventude.

Ben-Hur Pereira é identificado com o Cruzeiro, Fabiano Daitx está há quase dois anos no Avenida e Paulo Henrique Marques segue no São Luiz. Têm ainda as apostas: Rafael Jaques no São José e Odair no Inter.

Cruzeiro

Ben-Hur Pereira, 53 anos, se sente em casa no Cruzeiro. Ele era o treinador da equipe no acesso em 2010. Depois disso, retornou ao clube em três oportunidades: 2013, 2016 e 2017. Sua última volta ao time – agora de Cachoeirinha, mas que joga em Gravataí – ocorreu em meio ao Gauchão do ano passado, quando havia o risco de rebaixamento. Deu resultado e voltou ao clube para mais um estadual.

Avenida

Fabiano Daitx, 43 anos, é daqueles treinadores estigmatizados como especialista de segunda divisão. E foi exatamente isso que ele comprovou na temporada passada ao levar o Avenida ao Gauchão, com o segundo lugar da Divisão de Acesso. É um treinador em situação incomum no futebol do interior gaúcho. Daitx comanda o time de Santa Cruz do Sul desde abril de 2016. A missão é cortar a sina do Periquito de sobe e desce no futebol gaúcho.

Juventude

Antonio Carlos Zago, 48 anos, tem história no Alfredo Jaconi. Foi ele quem colocou o Juventude na Série B do Brasileiro em 2017 – mesmo ano em que levou a equipe caxiense às quartas de final da Copa do Brasil. Saiu do clube para treinar o Internacional e, depois, promoveu mais uma equipe (Fortaleza) à segunda divisão nacional. Antes do fim da temporada retornou ao time caxiense, substituindo Gilmar Dal Pozzo.

É um dos treinadores ascendentes do futebol brasileiro, embora não tenha tido sucesso no Inter – inclusive, perdendo o título do Gauchão para o Novo Hamburgo. Zago é a esperança do Juventude de fazer boa campanha no estadual de 2018, retomando a condição de terceira força futebolística do Rio Grande do Sul.

São José

A conquista do título da Copa Paulo Sant’Ana não deixou dúvida para a diretoria do São José: é o momento de apostar no futuro do jovem treinador Rafael Jaques, 42 anos. O clube da Zona Norte de Porto Alegre repete a metodologia de valorizar os treinadores das categorias de base. Foi o que aconteceu em 2015, quando promoveu China Balbino – responsável pelo comando do time nas duas últimas edições do Gauchão.

Ex-atacante do Grêmio, São Paulo, Betis e Rayo Valecano, o agora treinador Jaques terá a primeira oportunidade de comandar uma equipe em campeonato estadual, mas se mostrou é capaz ao ganhar a Copinha de 2017.

Novo Hamburgo

Os olhos dos gaúchos vão estar focados em Beto Campos, 53 anos, no Campeonato Gaúcho de 2018. Será ele capaz de reformular o elenco do do Novo Hamburgo e fazer uma grande campanha – desempenho digno de um campeão estadual? Ninguém espera o bicampeonato. Afinal, o “milagre” não se repete a toda hora.

Beto Campos já entrou para a história do futebol gaúcho ao ser campeão estadual por uma equipe do interior. Algo raro, improvável no Rio Grande do Sul. Nos últimos 60 anos só Lori Sandri (Juventude, em 1998) e Tite (Caxias, em 2000) tinham conseguido obter essa façanha. Com a faixa de campeão, Beto treinou o Náutico e o Criciúma no Brasileiro da Série B, mas retornou ao Novo Hamburgo para defender o título.

 

São LuizPaulo Henrique Marques, 51 anos, rodou por muitas equipes inexpressivas do interior gaúcho até receber uma chance de verdade. No começo do ano passado, o treinador começou a temporada no São Luiz e comandou a equipe de Ijuí no acesso à primeira divisão, coroando a campanha com o título da Segundona.

Com prestígio em alta, Marques ganhou tempo para preparar o elenco visando o Campeonato Gaúcho (o contrato foi assinado em junho passado). A meta dele no São Luiz é manter o clube na primeira divisão e, se possível, repetir o desempenho de outras equipes que foram bem na temporada subsequente ao acesso de divisão.

Caxias

Luís Carlos Winck, 54 anos, chegou ao Caxias em 2016, depois de ter feito bons trabalhos no Passo Fundo, Lajeadense e Pelotas. No Gauchão do ano seguinte, o treinador confirmou sua competência, levando o time grená às semifinais do Gauchão. Só perdeu a vaga na final ao ser derrotado nos pênaltis pelo Internacional. Depois, Winck passou pelo Criciúma no Brasileiro da Série B.

De volta ao Caxias, Winck tem a pretensão de repetir a boa campanha e seguir na lista de espera por uma vaga num grande clube do país. Seu nome já foi citado, por exemplo, para ser contratado pelo Inter nas frequentes mudanças de técnico no Beira-Rio.

Brasil

Depois de começar cinco temporadas com o comando de Rogério Zimmermann, o Brasil experimenta uma situação incomum na preparação para o Campeonato Gaúcho. Sem a liderança do treinador anterior, a diretoria reformula o elenco seguindo a ideia de Clemer., 49 anos. O ex-goleiro está no Xavante deste julho passado e fez um bom trabalho de recuperação da equipe no Brasileiro da Série B.

Há dois anos, Clemer treinou o Glória no Gauchão, mas ficou poucas rodadas em Vacaria. Agora, a missão é maior – proporcional ao investimento do clube. A meta do Brasil é pelo menos conquistar o título do interior no Gauchão 2018.

Grêmio

Na volta do Grêmio de Abu Dhabi, depois de ter disputado o Mundial de Clubes, a diretoria do clube vai definir a permanência do técnico Renato Portaluppi, 55 anos. É claro que a continuidade é o desejo de todos os gremistas, nas resta saber o quanto ele irá pedir de salário, pois está supervalorizado com o titulo de campeão da Libertadores. Renato está no Grêmio desde meados de 2016, quando retornou à Arena para ganhar dois títulos: Copa do Brasil do ano passado e o recente tri da América.

Internacional

Nas duas últimas temporadas, o Internacional teve sete treinadores. Odair Hellmann, 40 anos, é o oitavo. E uma aposta. A diretoria colorada segue à moda do momento de promover assistentes técnicos ao comando do time principal. O caso mais destacado é o de Fábio Carille no Corinthians. Odair já comandou a equipe colorada nas últimas rodadas do Brasileiro da Série B. A resposta do time convenceu os dirigentes de que o técnico está pronto para dirigir D’Alessandro e Cia.

São Paulo

Claiton dos Santos, 39 anos, é um técnico principiante. Mas começou bem a carreira, fazendo um trabalho de destaque no Aimoré na última Divisão de Acesso. Depois teve uma passagem pelo Cruzeiro na Copa Paulo Sant’Ana e foi contratado pelo São Paulo. Vai debutar no Gauchão, dirigindo a tradicional equipe de Rio Grande.

O São Paulo entra sempre no Gauchao com o risco de rebaixamento, mas consegue se escapar, enquanto concorrentes mais estruturados amargaram ou amargam presença na segunda divisão. Repetir essa história é a missão de Claiton.

Veranópolis

Julinho Camargo, 46 anos, está de volta ao Veranópolis. Depois de ter treinado o Boa Esporte nas últimas temporadas (saiu do clube mineiro logo no começo do Brasileiro da Série B), o treinador irá trabalhar num local onde se deu bem num passado recente. Está na lembrança dos torcedores do VEC a boa campanha nos estaduais de 2014 e 2015, com Julinho à beira do campo.

pontado como um estudioso do futebol, Julinho Camargo está precisando emplacar boas campanhas para retomar a condição de técnico promissor – status do tempo em que trabalhava nas categorias de base da Dupla Gre-Nal.

Como foi em 2017

O primeiro técnico a ser demitido no Gauchão de 2017 foi Carlos Moraes, do Ypiranga. Ele resistiu apenas três rodadas – derrotas para Grêmio, Passo Fundo e Juventude.

Veja os treinadores que trabalharam no Gauchão passado: Novo Hamburgo (Beto Campos), Internacional (Antonio Carlos Zago), Caxias (Luís Carlos Winck), Grêmio (Renato Portaluppi), Cruzeiro (Ben-Hur Pereira), Veranópolis (Tiago Nunes), Juventude (Paulo César Parente, depois Gilmar Dal Pozzo), São José (China Balbino), São Paulo (Gilson Maciel, depois Márcio Nunes), Brasil (Rogério Zimmermann), Ypiranga (Carlos Moraes, depois Guilherme Macuglia) e Passo Fundo (Paulo Porto, depois Leocir Dall’Astra).