GINÁSTICA NAS FINANÇAS : Orçamento reduzido aperta Pelotas
Clube antecipou receita do segundo semestre para quitar dívidas remanescentes da campanha no Campeonato Gaúcho
Quando retornou à diretoria do Pelotas, depois de 11 anos de ausência, Flávio Gastaud declarou que o clube havia retrocedido nesse período. Na semana passada, o técnico Julinho Camargo revelou também sua preocupação com a escassez de dinheiro e o atraso na gestão administrativa na Boca do Lobo. E assim está o Áureo-Cerúleo: rebaixado à segunda divisão gaúcha e lutando com dificuldades para reencontrar seu caminho.
Gastaud concorda com o que foi dito pelo treinador. “Ouvi a entrevista do Julinho (concedida na sexta-feira) e concordo. Ele foi muito lúcido. É uma constatação feita por ele”, salientou o vice-presidente do Pelotas. A principal preocupação é de ordem financeira. “Chega ser constrangedora a dificuldade para atender algumas necessidades do dia a dia. São pequenas coisas, mas que somadas dão um valor alto, que o Pelotas não tem. É preciso fazer alguma coisa, talvez os sócios chegarem mais”, completa o dirigente.
DÍVIDAS – O orçamento reduzido para o segundo semestre ficou ainda mais apertado em função da antecipação de receita para pagar as dívidas remanescentes da campanha no Gauchão. O Pelotas chegou ao final do Campeonato Gaúcho com dívida em torno de R$ 540 mil. Segundo Gastaud foram pagos cerca de R$ 200 mil à vista para quitar débito com a maioria dos jogadores. Só não houve acerto com Michel (lateral-direito) e Gilmar (atacante), que já ingressaram na Justiça do Trabalho com ação contra o clube. Os que permaneceram na Boca do Lobo – Pedrão, Roger Kath, Jefferson, Bruno Salvador, Edson Borges – tiveram a dívida parcelada e incorporada ao salário que irão receber até o fim do ano.
A antecipação de receita reduziu a capacidade de investimento do Pelotas para o Campeonato Brasileiro da Série D, diminuindo a competitividade do clube no mercado para contratação de jogadores. A folha salarial para o segundo semestre está em torno de R$ 110 mil. “Estamos buscando alguma solução com o Conselho (Deliberativo) para que possamos ter uma saída para pelo menos repor esses R$ 200 mil, que foram antecipados da receita”, frisa Gastaud.
O cenário não deverá ser muito diferente na Divisão de Acesso de 2015. A projeção é de um orçamento em torno de R$ 500 mil para disputar a competição. Isso vai dar um gasto mensal semelhante ao que ocorre agora na Série D. E com um agravante: a competição estadual não possui a mesma vitrine da nacional. E provavelmente não terá Julinho Camargo, que seu prestígio conseguiu convencer jogadores a vir jogar no Pelotas, mesmo que o salário esteja abaixo do valor de mercado.