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domingo, 17 de novembro de 2024

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GOLAÇOS DENTRO E FORA DE CAMPO : Edilson relembra vitória em Bra-Pel e conta sobre projeto social no Paraná

17 julho
09:55 2020

Meio-campista defendeu o Pelotas em 1998 e 1999 e agradece ao clube e à cidade por fazerem parte de sua história

Por: Henrique König

Foi em 15 de março de 1998 o último Bra-Pel do século 20 em validade pelo Campeonato Gaúcho. O palco era a Boca do Lobo e um paranaense estava disposto a entrar para a história da maior rivalidade do interior gaúcho. O Diário da Manhã conversou com Edilson, meio-campista do lado azul e ouro, autor do único gol da partida: um chute de fora da área aos 8’ do primeiro tempo. O goleiro Sandro fechou a meta e o Lobão venceu o clássico por 1×0, em derby marcado por muita confusão.

Meio-campista defendeu o Pelotas em 1998 e 1999 e agradece ao clube e à cidade por fazerem parte de sua história

Meio-campista defendeu o Pelotas em 1998 e 1999 e agradece ao clube e à cidade por fazerem parte de sua história

Edilson da Silva é uma pessoa humilde, bem humorada e bem quista pelos amigos. Fez a sua carreira praticamente no futebol paranaense, começando em casa, no Londrina. Passou por Grêmio Maringá, Umuarama e Paranavaí. Fora do estado, carreira no Mato Grosso do Sul pelo Naviraiense e com encerramento no Operário-MS. Em São Paulo, jogou no Ituano e no Rio Preto. No Rio Grande do Sul, só no Pelotas, entre 1998 e 1999. Foi no ano em que conheceu os pagos gaúchos que deixou sua marca, o gol da, até aqui, última vitória do Pelotas em Bra-Pel pelo Gauchão.

“Na época eu jogava a Série B pelo Londrina. Se não me engano foi em um mata-mata contra o Náutico que a direção do Pelotas, tempo do presidente Flávio Gastaud, se interessou por mim e entrou em contato com meu empresário. Vim para o Pelotas em 1998. Não conhecia o clássico Bra-Pel, mas logo descobri que era uma rivalidade muito grande. Eu tinha um agasalho vermelho e branco e não demorou para barrarem a roupa no clube. Não podia usar vermelho”, ri Edilson.

O paranaense começou a entender o clássico na semana do enfrentamento. O Bra-Pel era o assunto nas concentrações, nas palestras, nos treinamentos, na imprensa

e nas ruas. Pelotas e Brasil vinham mal na classificação do Estadual. Em 5 jogos disputados, o Lobo somava 4 pontos e o Xavante tinha 5. Quem perdesse estava a perigo para o rebaixamento.

“Eu já tinha feito aquela jogada minutos antes com o Carlinhos. Depois foi uma trama com o Marco Aurélio e novamente o Carlinhos: no que ele ajeitou eu mandei a bomba. Tive a felicidade de fazer uma paulada de fora da área” para o gol da vitória do Lobão.

Com o final do jogo, a confusão começou no campo e tomou as arquibancadas. Um recordo para Edilson é que do lado rival, no Xavante, estava o atacante Alex Rodrigo, jogador que passou por várias equipes no exterior e inclusive se naturalizou boliviano para defender a seleção andina. Edilson virou amigo de Alex Rodrigo, pois aturaram juntos no Rio Preto em 2000. “No Bra-Pel foram para cima dele, quase o matamos. Não sei se ele havia falado alguma bobagem ou o que houve”, sorri pelas reviravoltas.

Com aquela vitória do Pelotas em 1998, o Brasil ainda acabou rebaixado no ano. “Então, creio que foi um presente duplo para os áureo-cerúleos.”

“Participo do grupo com os ex-jogadores do Pelotas. Com a aproximação do Bra-Pel, eles começaram a recordar. Tenho só lembranças boas, o clube e a cidade eram maravilhosos. Fiz grandes amigos, o Eduardo, o Roger, o Ademir Alcântara, que só fiquei sabendo do tamanho da história dele no clube depois. O ambiente era muito bom, o clube nos dava apartamento, gostávamos de morar na Boca do Lobo. Havia o pessoal da cozinha, da portaria… É um prazer fazer parte desse grupo. É o que não tem preço no futebol. Os amigos ficam”, agradeceu.

Edilson, acostumado a vestir azul e amarelo, com projeto social em Londrina Foto: Divulgação / Inter Lago Norte

Edilson, acostumado a vestir azul e amarelo, com projeto social em Londrina
Foto: Divulgação / Inter Lago Norte

Inter Lago Norte

Edilson da Silva encerrou a carreira como jogador em 2006. Hoje, aos 52 anos, os últimos três foram dedicados a um projeto social muito importante em Londrina. Através de um convite, formou o Inter Lago Norte, que comanda com outros dois parceiros.

“É um projeto de futebol para retirar os jovens dos perigos das ruas. A gente sempre reclama dos adolescentes, mas o que fazemos por eles? Através do esporte, tentamos fazer com que não usem drogas, que saiam das ruas. Os mais pobres muitas vezes só enxergam as figuras de traficantes e acabam se tornando como eles.”

O Inter Lago Norte é um projeto de prevenção e de ressocialização. Em parceria com a Vara da Criança e do Adolescente em Londrina, menores infratores podem fazer parte das escolinhas, assim como os demais, em vulnerabilidade social.

“É uma associação sem fins lucrativos. Trabalhamos com futebol feminino também. Tentamos mudar histórias de vida. Hoje sou apaixonado pelo projeto. O que mexe com as crianças mexe conosco”, finaliza com o recado da importância em olhar e ajudar ao próximo.

“Por fim, só tenho a agradecer ao Pelotas. Muito grato pela história e pelos amigos. Vai passar mil anos e ainda vão lembrar dos que fizeram gols decisivos em Bra-Pel. Em outubro, se passar a pandemia, há um encontro no aniversário do clube. Espero voltar a Pelotas quando puder”, contou Edilson.

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