GREVE : Transporte alternativo começa sexta
Paralisação entra no nono dia e população espera veículos alternativos para suprir carência na mobilidade
As divergências entre trabalhadores e empresários do transporte coletivo urbano de Pelotas saem um pouco do campo das discussões do reajuste salarial e entram no judicial. O assunto agora gira em torno de ações, prazos e interpretações à determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Numa delas, o Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Pelotas entende que o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Pelotas (STTRP) não está cumprindo a Liminar do TRT ao determinar que 60% da frota esteja na rua nos horários de pico e 30% nos demais horários, haja vista que os trabalhadores da manutenção não estão trabalhando e isso poderá inviabilizar as empresas de continuar a atender a população.
“Sem mecânicos e pessoal da manutenção os ônibus estão ficando sem condições de trafegar”, aponta Aires Martins, advogado do Sindicato das Empresas. Ele sustenta que os trabalhadores da manutenção fazem parte do grupo de apoio para que haja o transporte.
O presidente do STTRP, Eder Blank, discorda. Ele garante que há mecânicos e pessoal de apoio nas empresas, o que é suficiente para garantir o serviço, bem como não há piquetes em frente a nenhuma empresa impedindo qualquer trabalhador de entrar e trabalhar.
“O Sindicato está cumprindo as determinações constantes na Liminar do Tribunal, portanto estamos tranqüilos”, diz, garantindo que isso será justificado ao Tribunal e com isso será afastado o risco de a greve ser declarada ilegal. “Não temos piquetes e nem controle a quem quer entrar ou sair das empresas, apenas estamos conferindo o cumprimento à Liminar, na saída do número de ônibus que ela determina que esteja, na rua”, continua Blank.
O prazo para o Sindicato justificar ao TRT se encerra hoje. Até segunda-feira, os trabalhadores terão de contestar ação dos empresários, que tentam caracterizar a greve como ilegal. E nesta quinta-feira a greve entra no seu nono dia.
Por outro lado, Aires Martins aponta que caso seja declarada ilegal, a greve vai trazer muitos prejuízos à categoria, como descontos nos dias parados, dentre outros. E afirma que não haverá nova proposta aos trabalhadores.
ALTERNATIVO
Sobre a proposta de transporte alternativo, lançada pela prefeitura, Martins fala que ele trará mais um transtorno aos usuários. “A gratuidade a idosos e estudantes não haverá, assim como quem usa vale-transporte não poderá fazê-lo, mas é obrigação da prefeitura oferecer transporte à população”, observa.
Na avaliação de Martins, a greve iniciada na quarta-feira da semana passada é um movimento intransigente dos trabalhadores, com muitos danos à população. “Infelizmente é essa a realidade, pois eles (trabalhadores) têm uma proposta nossa, de reajuste salarial igual a inflação, assim como de reajuste no vale-alimentação, feita pelo TRT, e não aceitam”, conclui.
OS TRABALHADORES têm outras visões e interpretações. “A proposta dos empresários é ridícula comparada a outras categorias, até mesmo dos trabalhadores rodoviários de Rio Grande, aos quais foi oferecido 7%, isso sem contar o reajuste de 16% proposto pelo governo do Estado ao salário mínimo regional”, observa Blank.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores diz estar tranquilo quanto à legalidade da greve e avalia positivamente a mobilização. Sobre a proposta da prefeitura, de transporte coletivo, o sindicalista elogiou a medida.
“A prefeitura está fazendo a parte dela, assim como nós estamos fazendo a nossa não só ao reivindicar, mas também ao cumprir a Liminar do Tribunal”, conclui.
TEMPO
A PARALISAÇÃO no transporte coletivo urbano de Pelotas foi iniciada nas primeiras horas do dia 26 de novembro após rejeição, pelos trabalhadores, em assembleia da contraproposta dos empresários do transporte rodoviário de Pelotas. Enquanto os trabalhadores reivindicam reajuste salarial de 12%; vale-alimentação de R$ 450,00, para todos os trabalhadores do setor, mais plano de saúde e 13º vale-alimentação, os empresários ofereciam 6,5% de reajuste nos salários, que agora passaram a ser 6,35%.
DESDE A SEXTA-FEIRA da semana passada, atendendo Liminar do TRT aos empresários, os trabalhadores voltaram ao trabalho de forma parcial, com 60% da frota nas ruas nos horários de pico e 30% nos demais horários.
Os usuários torcem e esperam pelo reforço a ser disponibilizado assim que a prefeitura cadastrar os veículos de fretamento, tipo vans ou micro-ônibus para auxiliar à frota de ônibus disponível. A tarifa dos veículos alternativos será R$ 3,50. Até ontem, segundo informações do Departamento de Trânsito da Secretaria de Gestão da Cidade e Mobilidade, era muito grande a procura por proprietários de veículos que buscavam se cadastrar para prestar o serviço. O prazo será encerrado hoje e já na sexta-feira a população terá mais alternativas para o seu deslocamento.