Grevistas do Sanep protestam amordaçados junto à prefeitura
Grevistas do Sanep protestam em silêncio
Sem poder fazer barulho com as cornetas, grupo de servidores em greve tapa a boca com fita adesiva em frente à prefeitura.
Silêncio nos arredores da prefeitura. Cessou o barulho das cornetas sopradas pelos servidores grevistas do Sanep. De livre e espontânea vontade? Não. Atendendo pedido da Brigada Militar (BM) sob pena de enquadramento na lei de contravenções penais no artigo que dispõe sobre “perturbação do sossego público”. Assim, no 53º dia da greve, os servidores que não puderam fazer barulho optaram por protestar de uma “forma irônica contra o silêncio do prefeito Eduardo Leite que se nega a conversar com os lideres dos trabalhadores enquanto for mantida a paralisação”.
DEPOIS de se acorrentarem em protesto pelo “silêncio” do prefeito, agora são os grevistas que emudecem
FOTO: Alisson Assumpção/DM
Bocas fechadas com fita adesiva. Assim, um grupo de servidores grevistas permaneceu até o final da tarde de ontem em frente à prefeitura. Se não chamou a atenção dos gestores, pelo menos o fez com alguns populares.
“É uma vergonha para a cidade, um prefeito que se nega a conversar com os seus servidores”, diz a professora aposentada Anete Mendonça.
“Realmente, não temos nada a comemorar pela passagem dos 202 anos da nossa querida Princesa do Sul”, completa o representante comercial Irineu Pacheco.
ENQUANTO o chefe do Poder Executivo Municipal se nega a conversar, o Sindicato dos Servidores Municipais do Saneamento de Pelotas (Simsapel) contra-ataca com ações que visam garantir direitos adquiridos, além de colocar uma “pedrinha” nos sapatos dos gestores.
O Sindicato registrou Boletim de Ocorrências (BO) na Delegacia de Polícia acusando os gestores de apropriação indevida dos “valores do Imposto Sindical”, que no mês de março foi descontado dos servidores e não repassado ao seu destino, ou seja, Ministério do Trabalho, Sindicato e Fundo de Amparo ao Trabalhador.
“A prefeitura também não repassou ao PreviPel os valores descontados dos servidores para custeio das atividades do fundo”, acusa Renato Abreu, presidente do Simsapel.
O sindicalista informa ainda que a mobilização dos servidores em greve continua, à espera que o prefeito repense sua decisão e volte a dialogar com os servidores que nesta sexta-feira entram no 54º dia de greve.
DIFERENÇA – Desde o inicio das negociações, os servidores do Sanep pedem 12,7% de reajuste, nos salários e no vale-alimentação. Num primeiro momento, a direção do Sanep acenou com 5,73%; depois, mudou para 6%. A contraproposta dos gestores não foi aceito pelos servidores, que em assembleia decidiram pela greve. A direção do Simsapel informa que aproximadamente 50% da categoria está em greve.
