Grupo de idosos visita Granja Municipal
Mais de 20 idosos do Lar Espírita Assistencial Irmão Fabiano de Cristo visitaram o Parque da Granja Municipal na tarde da sexta-feira. Durante os momentos de lazer e confraternização previstos pela atividade, lembranças vieram à tona.
Entre trilhas, a música da tecladista Joaquina Porto, e o lanche, suas experiências e histórias de vida foram compartilhadas com quem estava disposto a ouvir.
O Lar, de acordo com a Política Nacional de Assistência Social, é um Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, e atende idosos em situação de vulnerabilidade social. Eles têm encontros diários no espaço, onde recebem alimentação e assistência em diversas áreas. O passeio foi organizado pela assistente social do Lar, Andréa Heidrich, que conheceu a Granja e viu a oportunidade de uma atividade diferente e prazerosa para o grupo. Para ela seria um momento de contato com a natureza, de resgate da história, da memória e autoestima, e de estimular a integração entre eles. Ao fim do passeio Andréa estava ainda mais positiva. “A participação deles, a integração e a felicidade foram além do esperado”, revelou.
Responsável pelo espaço, Jacira Porto conta que a Granja foi criada na década de 1980 para receber crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, que no turno inverso da escola, aprendiam técnicas de produção e, com os servidores da prefeitura, forneciam alimentos – como hortaliças e carne de frango – para as creches municipais, já que na época não havia subsídio do Governo Federal para a merenda escolar. Os governantes seguintes mantiveram o projeto, incluindo a produção de rosas em estufas. Mas com o tempo foi sendo esquecida. Há cerca de três anos uma nova proposta começou a transformar a Granja em Parque, com a ideia de plantar árvores frutíferas – como uvas, romãs, laranjas, pêssegos, figos e amoras – e receber a comunidade, para que conheçam (ou reconheçam) a natureza. As crianças saberão de onde vêm os alimentos, como eles são plantados, cuidados e colhidos, que eles não nascem nos supermercados; já os idosos poderão ter acesso a um espaço especial, onde reviverão o que conheceram na infância e que não faz mais parte da realidade de muitos deles – “ver a natureza, ouvir os passarinhos”, diz Jacira.
A visitante Maria da Silva dos Santos, de 67 anos, não teve dúvidas quando pediram sua opinião sobre o lugar: “é ótimo, maravilhoso mesmo, lembra os tempos que eu era guria nova”. Maria conta que cresceu às margens do Arroio Pelotas, e que aquele passeio lhe trouxe muitas recordações. “A gente passou muito trabalho, tomava água de cacimba, meu avô plantava no meio das árvores, nossas casas eram de bambu e barro, com palha em cima, não tinha telha, tipo isso aqui, mas era uma vida tranquila, lutava pra ter as coisas boas da natureza de Deus”, conta. A sua família plantava praticamente tudo que consumia, comprava apenas arroz e açúcar. “Isso aqui me lembra muito a casa que eu vivia, é uma benção de Deus, a gente sente o ar de Deus”, garante.
O parque fica na avenida 25 de Julho, depois da BR-116, no limite entre o urbano e o rural, tem uma área de cerca de 70 hectares, localizada às margens do manancial do Santa Bárbara. Uma nova área verde que a população pode visitar, conhecer sua biodiversidade privilegiada – árvores, plantas e animais como capivaras, raposas e pássaros. Por enquanto está aberta a visitações de segunda-feira a sexta-feira, dias em que os três servidores podem recepcionar os interessados.
Jacira diz que pretende fortalecer o Parque e torná-lo mais atrativo. O projeto prevê, inclusive, um veículo que leve pessoas com mobilidade reduzida pelas trilhas, para que todos possam usufruir delas e buscar a energia da terra.
O Parque da Granja é administrado pela Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e o passeio contou com o apoio da Secretaria de Justiça Social e Segurança (SJSS), que viabilizou o transporte dos idosos.