Diário da Manhã

quarta, 08 de maio de 2024

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HÁ 10 ANOS : Momento memorável no Fragata

15 agosto
13:19 2014

Farroupilha venceu Bra-Far no Nicolau Fico e garantiu retorno à primeira divisão, depois de 24 anos na fila do acesso

No dia 15 de agosto de 2004, os torcedores de Brasil e Farroupilha festejaram juntos, num clima de alegria e confraternização, o acesso dos dois clubes à primeira divisão. Depois disso, os xavantes caíram e voltaram outra vez à elite do futebol gaúcho. Já os tricolores só desceram. Mas a lembrança daquela tarde de domingo há exatamente 10 anos permanece viva na memória dos torcedores do clube fragatense.

O então presidente do Farroupilha, Ewaldo Poeta, define: “Foi um momento memorável”. Quatro dias antes, o Brasil tinha garantido o acesso e conquistado o título da Segunda Divisão. Entrou em campo já em clima de festa. O Farroupilha precisava vencer para assegurar presença no Gauchão, depois de 24 anos fora da primeira divisão. O clube havia sido rebaixado em 1980. O time treinado por Bebeto Rosa dependia só de suas forças – independente do resultado da outra partida do quadrangular final entre Sapiranga e Brasil de Farroupilha.

Mas não foi fácil. O Farroupilha teve que vencer o Brasil por 2 a 1 no Nicolau Fico. E aí a festa. Guilherme da Silva Dias, o popular Trem – torcedor símbolo do Farroupilha – empunhou sua bandeira e se misturou aos torcedores do Brasil. A carreata se estendeu pela Avenida Duque de Caxias. Pelo menos nos dois anos seguintes, o Fantasma esteve entre os grandes do futebol gaúcho. Uma fase que ainda serve de inspiração para os tricolores, que se encontram atualmente na terceira divisão.

Leandro Guerreiro é levado nos ombros pelos torcedores do Farroupilha na comemoração do acesso Foto: Vilmar Tavares /Arquivo/DM

Leandro Guerreiro é levado nos ombros pelos torcedores do Farroupilha na comemoração do acesso
Foto: Vilmar Tavares /Arquivo/DM

“Refugo” vira tema motivacional

O grupo do Farroupilha era composto basicamente por jogadores com passagem ou revelados por Brasil e Pelotas (alguns deles chegaram a jogar antes nos dois times da Dupla Bra-Pel). Por isso, um comentarista de rádio da cidade rotulou de refugo no começo do ano o elenco do Tricolor. Esse é um exemplo do descrédito que a equipe de Bebeto Rosa teve que enfrentar para chegar ao acesso.

“Poucos acreditavam. Acho que só nós mesmos é que acreditávamos que seria possível subir. Essa questão do refugo eu usei muito para motivar os meus jogadores”, recorda o treinador. Bebeto Rosa cita também a fórmula de disputa da fase final da Segunda Divisão de 2004, que ocorreu num quadrangular. “Num tiro curto, quando se deram conta, o Farroupilha está com chance de subir”.

Bebeto lembra que as dificuldades foram grandes ao longo do campeonato, que começou no dia 6 de março e foi até 15 de agosto. “Mas os jogadores me ajudaram muito” salienta. “O Passarinho (Carlos Garcia) apareceu lá para dar uma ajuda muito importante na parte motivacional. O Manga foi destaque da equipe”, diz Bebeto Rosa, que dois anos antes havia promovido o Farroupilha da terceira para a segunda divisão.

Uma longa caminhada

A Segundona de 2004 foi longa. Na primeira fase, as 27 equipes foram divididas em três chaves de nove. O Farroupilha foi o segundo colocado do Grupo 1, com 33 pontos em 16 jogos (10 vitórias, três empates e três derrotas), ficando atrás apenas do Brasil.

Na segunda etapa da competição, o Tricolor ficou em primeiro lugar do Grupo 4. Somou 20 pontos em 10 jogos – três a mais do que o Brasil, o segundo colocado. A campanha do Farroupilha teve seis vitórias, dois empates e duas derrotas.

Bebeto Rosa era o treinador

Bebeto Rosa era o treinador

O Farroupilha foi de novo líder de seu grupo nos quadrangulares semifinais. Fez nove pontos em seis jogos: duas vitórias, três empates e uma derrota. Por fim, o quadrangular decisivo. O Tricolor ficou em segundo lugar, com nove pontos em seis jogos – dois a menos do que o Brasil. Superou o Sapiranga no número de vitórias: três a duas. Teve ainda três derrotas nesta fase da competição.

A campanha geral teve 21 vitórias, oito empates e nove derrotas.

Acesso consagra planejamento

Com a experiência de ter se dedicado por 50 anos ao Farroupilha, o ex-presidente (atualmente preside o Conselho Deliberativo) Ewaldo Poeta aponta o acesso de 2004 como um dos momentos mais importantes da história do clube fragatense. “Vivemos naquele dia 15 de agosto de 2004 um momento de grande emoção, depois de um longo tempo, o Farroupilha conseguiu alcançar o topo do futebol gaúcho. Foi uma tarde memorável”, recorda o dirigente.

Poeta destaca a festa que uniu tricolores e xavantes. “Houve um congraçamento das duas torcidas, desfilando num caminhão do Corpo de Bombeiros, gentilmente cedido pelo Comando do Batalhão, seguindo pela Avenida Duque de Caxias em direção ao centro da nossa cidade”, ressalta.

Para o dirigente, o sucesso do Farroupilha em 2004 teve origem anos anteriores, com a implantação de um trabalho planejado no futebol do clube. “Houve um planejamento desde 2000, galgando passo a passo nossa caminhada até chegar à ascensão”, enfatiza. Poeta destaca ainda a união estabelecida no vestiário do Tricolor. “Tinha um congraçamento de todos para o sucesso do Farroupilha”.

Como foi

O Farroupilha contou com dois erros da defesa do Brasil para chegar a vitória histórica. O primeiro gol saiu de um lance inusitado: Paulinho recuou a bola para Michel Alves, que – ao tentar chutar a “pelota” para fora da área – deu uma furada espetacular. Manga se aproveitou e, aos 22 minutos do primeiro tempo, fez 1 a 0.

O Brasil empatou no começo do segundo tempo. Numa cobrança de escanteio, Careca cabeceou e fez 1 a 1. O resultado colocaria o Sapiranga, que estava vencendo o Brasil de Farroupilha por 2 a 1, na primeira divisão. Mas, em seguida, aos nove minutos, Gil cobrou uma falta e Paulinho marcou contra, com saída equivocada de Michel Alves.

Farroupilha: Alex Figueiredo; Cleiton, Cirilo, Renato Martins e Michel Gomes; Evanor, Paulo César, Manga e Kiko (Miro); Gil (Caetano) e Leandro Guerreiro (Cristiano). Técnico: Bebeto Rosa.

Brasil: Michel Alves; Júlio, Aládio, Joel e Ismael; Paulinho (Tiago Rodrigues), Careca, Marcos Tora (Régis) e Alexandro Bochecha (Joílson); Milar e Silvano. Técnico: Rogério Zimmermann.

RESULTADOS

Primeira fase

  • 20 de Setembro 1×2 Farroupilha
  • Farroupilha 3×1 São Paulo
  • Rio Grande 1×1 Farroupilha
  • Farroupilha 0x0 Guarany/BA
  • Farroupilha 1×1 Brasil
  • Uruguaiana 2×4 Farroupilha
  • Rio-Grandense 0x3 Farroupilha
  • Farroupilha 3×1 Bagé
  • Farroupilha 5×1 20 de Setembro
  • São Paulo 3×1 Farroupilha
  • Farroupilha 2×1 Rio Grande
  • Guarany/BA 4×1 Farroupilha
  • Brasil 3×1 Farroupilha
  • Farroupilha 5×2 Uruguaiana
  • Farroupilha 3×0 Rio-Grandense
  • Bagé 1×2 Farroupilha

Segunda fase

  • Guarany/BA 1×1 Farroupilha
  • Farroupilha 3×0 São Paulo
  • Farroupilha 4×1 20 de Setembro
  • Bagé 3×2 Farroupilha
  • Farroupilha 0x0 Brasil
  • Brasil 2×1 Farroupilha
  • Farroupilha 1×0 Bagé
  • 20 de Setembro 0x2 Farroupilha
  • São Paulo 0x1 Farroupilha
  • Farroupilha 1×0 Guarany/BA

Semifinal

  • São Luiz 0x0 Farroupilha
  • Farroupilha 1×1 Inter/SM
  • Brasil/FAR 2×1 Farroupilha
  • Farroupilha 2×1 Brasil/FAR
  • Inter/SM 0x0 Farroupilha
  • Farroupilha 3×0 São Luiz

Final

  • Brasil 3×0 Farroupilha
  • Farroupilha 4×0 Brasil/FAR
  • Farroupilha 3×1 Sapiranga
  • Sapiranga 1×0 Farroupilha
  • Brasil/FAR 2×1 Farroupilha
  • Farroupilha 2×1 Brasil

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