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terça, 12 de novembro de 2024

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HANDEBOL : Entre caminhos asfaltados e muita estrada para abrir

02 junho
09:14 2020

Atleta e coordenador no Clube Brilhante, Leonardo Gastal fornece um panorama do Handebol na cidade

Por: Henrique König

Nem tudo está perdido. O Handebol encontra pessoas dispostas a lutar e honrar a modalidade, estendendo o vínculo do jogo para as mais diversas áreas, que podem influenciar no crescimento do esporte e ao mesmo tempo se servirem da formação e das lições que só o coletivismo proporciona. Esta é a conversa com o atleta Leonardo Gastal (28), coordenador do Handebol no Clube Brilhante. Ele aborda um panorama sobre o começo da modalidade para os jovens, o atual momento do esporte pelotense e as perspectivas para o futuro.

O Começo

“Sempre fui apaixonado por esportes. Cresci jogando bola, andando de skate, de bicicleta e experimentando todas as modalidades das quais tive acesso. Estudei no Colégio São José, onde o Handebol, à época, assim como Basquete e Vôlei, só era oferecido a partir dos 9 anos, na quarta série. Curiosamente o único que eu não conhecia era o Handebol, que se tornou meu preferido, junto ao Futebol/Futsal. Com o professor Wilmar Esperança, na escola, e com o professor Ubirajara Vinholes, do Colégio Pelotense, nas seleções da cidade, as competições mais marcantes foram os Jogos Bom de Bola e os Jogos Intermunicipais do RS (JIRGS sub-13 e sub-15), com o vice-campeonato em todas” – resume Leonardo.

Quando terminou a escola, houve seu afastamento da modalidade, um problema que os adultos de hoje querem corrigir para os jovens de amanhã. Ele passou cinco anos com pouco contato com o Handebol, até haver uma iniciativa local chamada HBC, que buscava retornar o ritmo de competição. Nesse período,

agradece à professora Rose Silva pela reaproximação através de contatos com a UFPel. Após alguns torneios, o compromisso maior viria na vinculação com o Clube Brilhante.

Handebol do Brilhante no título gaúcho de 2018; ao lado da treinadora Maria Rita, Leonardo é o primeiro atleta da esquerda para direita

Handebol do Brilhante no título gaúcho de 2018; ao lado da treinadora Maria Rita, Leonardo é o primeiro atleta da esquerda para direita

No Esmeraldino

Após a disputa do Estadual Gaúcho de 2015, com o treinador Rudi Braga, a ideia foi abrir um projeto sério no Brilhante. Os trâmites foram aprovados e a retomada do Handebol tem mirado o sucesso no CB. “A expectativa para realizar nos próximos cinco anos é termos todas as categorias com treinos e disputas. Começamos com o Adulto Masculino, até para servir de espelho para os mais jovens almejarem. Temos hoje o time Juvenil, o Infantil e o Cadete. No Feminino, temos Infantil e Cadete e estamos tentando retomar o Juvenil”, afirma o coordenador.

“Sou diretor por conveniência, mas o que queremos é lincar, inserir as pessoas no projeto, acho que este é meu grande mérito, é o grande trabalho a realizarmos. Temos hoje o professor Roger Martins, a Débora, o Diogo, o Felipe, o Ricardo, a Maria Rita, treinadora do masculino. Contamos também com formandos, como Marlon, Maurício e Lara. São pessoas que toparam o projeto. Nós saímos de uma categoria inicial em 2016 para quase 100 sócios vinculados hoje”, comemora, mas sabe que há muita estrada pela frente.

“Conseguimos objetivos a curto prazo, atualmente somos bicampeões estaduais no Masculino Adulto. Mas buscamos a longo prazo, com o compromisso e a ideia de partilhar o Handebol com as escolas e incentivar a formação de professores. Daqui a pouco conseguimos uma verba para levar pessoas a cursos formadores, seja em São Paulo, em Florianópolis…”, avalia sobre essas importantes experiências para os profissionais.

As dificuldades do Esporte no Brasil

“Salvo raríssimas e louvadas exceções, não há o fomento do esporte no Brasil. A gente vê os atletas reclamando de salários, de patrocínios, o que torna difícil fazer o esporte no país, de uma forma geral”, constata Leonardo Gastal. Ele vê o futebol muito acima das demais modalidades, tanto nos incentivos, quanto nas transmissões de conteúdo.

Faz ainda um adendo. Na sua ótica, o esporte tem decaído no interesse das escolas, seja por questões comerciais, financeiras, ou por outros motivos. Traça um paralelo de como a tecnologia atrai mais a atenção dos jovens e a própria educação física cai para um segundo plano.

Relembra em breve narrativa sobre a participação do Brilhante em parceria com a UFPel em 2017, quando venceram os Jogos Universitários Gaúchos de Handebol e foram a Goiânia, representar o Rio Grande do Sul. Afirma que o fato foi pouco mencionado na época, mas foi uma bela campanha, caindo só nas semifinais. Os Jogos Nacionais, segundo ele, reúnem diversas modalidades, com vários atletas olímpicos com passagem pelos torneios, como o nadador César Cielo ou o judoca João Derly. Atletas das seleções brasileiras de Handebol também costumam ter contato com os Jogos.

Presente e Futuro

“Um objetivo futuro é levar o Handebol para quem não tenha acesso, em contatos com a rede municipal de ensino, em projetos como o Vem Ser Pelotas, que se importa com os estudantes e busca talentos no esporte. O Handebol é um dos mais praticados nas escolas, mas é de uma maneira lúdica, não tão estruturada”, comenta Leonardo.

No Brilhante: “Queremos as categorias de base dos 10 anos ao time adulto. Formar não só atletas, mas pessoas, cidadãos com metas de bolsas em escolas, com intuito de chegarem à universidade. A ideia é nos aproximarmos cada vez da UFPel. Queremos estreitar, fechar essa parceria entre clube e universidade. Falamos de crianças nas escolas, mas podemos também oferecer o complemento da formação profissional de diversas áreas, como fisioterapia, nutrição e psicologia, por exemplo”, concluiu.

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