Hélio Vieira relembra tempos hercúleos como zagueiro xavante
Análises sobre o Brasil dos anos 1980, elogios aos companheiros e ao clássico Bra-Pel marcam resenha com o atual treinador do Aimoré
Por: Henrique König
Treinador reconhecido no interior gaúcho, o pelotense Hélio Vieira foi ao baú das memórias em entrevista à Rádio Conexão Xavante, no programa Agito Geral, exibido às segundas-feiras, ao vivo, às 22h. Com o comando de César Porto, produção e participação de Vinicius Maciel, o defensor bem recordado pela torcida rubro-negra contou histórias e analisou o que de melhor havia no Grêmio Esportivo Brasil que chegou ao terceiro posto do país em 1985.
“Em 1985 tínhamos uma equipe de personalidade. Jogava de igual para igual contra qualquer adversário, tamanho era o grau de maturidade que atingimos.” Hélio cita os enfrentamentos contra o Flamengo, super time com pelo menos seis jogadores de seleção brasileira, além do goleiro Fillol, campeão mundial com a Argentina em 1978. Mas aquele Mengão cedeu ao Bento Freitas e o Brasil somou duas vitórias contra o Rubro-Negro da Gávea na década de 80, a mais marcante no placar de 2×0, em 1985, jogo que aniversaria no próximo dia 18 de julho.
Ele elogiou o parceiro mais marcante na zaga, o Silva, e respondeu ao questionamento se o técnico Luiz Felipe Scolari queria defensores com semblante brabo e barba comprida: “A dupla com o Silva marcou tanto que até hoje às vezes me chamam de Hélio Silva” – brincou. “Tu vês, nem eu, nem o Silva tínhamos cara de mau. O folclore fazia parte.”
Relembrou também a companhia de Osvaldo Rolim. “Foi um dos maiores goleiros da história do Brasil. Um parceiro de estrada. Jogamos juntos no Xavante, em Santa Bárbara, no Guarany de Cruz Alta e no Juventude.” Hélio contou sobre o histórico pênalti defendido em Bra-Pel, que Osvaldo o avisou que defenderia e para ele ficar ligado no rebote. Dito e feito: Osvaldo pegou e, na sobra da área, o zagueiro mandou para escanteio. Após esse grande susto, o Brasil ganhou o clássico no final, por 1×0.
“O Bra-Pel tem uma química diferente. São as torcidas mais participativas do interior gaúcho. É outro sabor. Tem todo um ritual no dia, antes dos jogos, o que torna o Bra-Pel um clássico ímpar” – comenta com a experiência de quem defendeu diversas camisas na carreira, de atleta e como técnico.
“O Brasil me proporcionou realizar os sonhos de ser jogador e treinador. A torcida é diferenciada, ela cobra, mas também incentiva e estimula muito. Impossível que quem vista a camisa não se contagie.”
Presente desde o início da década de 80, ele viu o time crescer, com a manutenção de atletas, durante os vitoriosos anos. “Em 1983 nos aprimoramos para 1984. E 1985 foi o auge. Tínhamos jogadores acima da média. O Doraci, o Canhotinho… eram inteligentes para entender o jogo e arrumar soluções nas partidas.”
Como exemplo da inteligência tática dentro de campo nos times de Felipão e Valmir Louruz, o Brasil teve vários atletas do esquadrão que viraram treinadores na posteridade. Entre eles, Hélio, Silva, Bastos, Canhotinho e Bira. Hélio Vieira recorda em especial do defensor Amauri Knevitz, técnico campeão paranaense com o Rio Branco, em 2007.
Aos 56 anos, Hélio Vieira se prepara para o retorno do Campeonato Gaúcho. Ele é o técnico do Aimoré. Na sua estreia pela equipe, venceu o Grêmio. Para os xavantes, relembrou também que fez um dos gols sobre o Tricolor de Porto Alegre, em goleada no Bento Freitas, por 4×0, no Gauchão de 1983. Histórias de quem não descarta voltar a defender o Brasil em um futuro ainda distante.