HIP HOP : Adeus ao filósofo insano, lírico, letal
Por Carlos Cogoy
Ele foi “Bloodfill”. O “Fill” decorre do nome, Filipe Fontoura, mas “blood” informava sobre o “sangue” nas batalhas. Afinal, o bajeense despontou seu talento através das rimas improvisadas, participando de batalhas do Freestyle. Como “Bloodfill”, designação que evidenciava a contundência necessária para desancar o antagonista. Numa nova fase artística, no entanto, alteração para Fill. E a sugestão foi do rapper pelotense Zudzilla – atualmente radicado em São Paulo. O Fill, conforme Zudzilla, era a sigla para “Filósofo Insano Lírico Letal”. Na fase recente, discos como “3 pintas em minha mente” e “Deuses, Aliens e Dilemas”, que podem ser ouvidos no Youtube. Uma forma de preservar a memória de um rapper talentoso, pois ontem pela manhã ele faleceu aos 28 anos. E o adeus ao Filipe Fontoura, cujo velório está ocorrendo na Funerária Andaluz – esquina das ruas Marechal Deodoro e Gen. Argolo -, será às 9h desta sexta, quando acontecerá o sepultamento no cemitério São Francisco de Paula.
TRAJETÓRIA – Fill despertou para o Hip Hop aos dez anos de idade. Um colega ouvia Racionais e Naldinho, e as batidas e rimas despertaram sua curiosidade. Ao sair do colégio particular para a escola pública, novos parceiros e mais informações sobre o Hip Hop. O menino que escrevia poemas, encontrou nas “bases sonoras” um novo componente criativo. Desde então, passou a percorrer ruas de sua interioridade numa “batalha sem fim”. Em muitos dos versos, ele expressou que, além das contradições sociais, o Hip Hop também possibilita a narrativa de conflitos emocionais. A ambiguidade interna que nos habita, veio à tona através de letras como “O Dragão e o Cavaleiro”, “Vale das Sombras”, “Obsessão”.
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